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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

O Sahel está mais frágil e a França mais enterrada na areia

https://www.dn.pt/opiniao/novas-incertezas-aqui-ao-lado-no-grande-sahel-13600414.html

O link acima convida o leitor a ler a minha crónica de hoje no Diário de Notícias. 

Cito o último parágrafo desse texto. 

"São várias as questões que se levantam com o desaparecimento de Idriss Déby. O que motivou o Presidente Macron a deixá-lo sem o apoio habitual, quando em 2019 havia enviado caças para travar uma rebelião semelhante? Erro de cálculo? Quem está por detrás desta nova rebelião, conhecida como FACT (Frente para a Mudança e a Concórdia no Chade)? Que impacto terá a nova realidade no conflito na República Centro-Africana? Que esperar do G5 Sahel e da luta contra o terrorismo nesta parte de África? Cada uma destas interrogações esconde muitas incertezas e preocupações. O futuro da pobre população do Chade é delas a maior."

O Chade e a sua vizinhança

Foi anunciada hoje a morte do presidente do Chade, Idriss Déby, que havia sido ferido em combate durante o fim de semana, numa confrontação com uma coluna de rebeldes chadianos. A coluna é composta por um grande número de veículos – não há informação fidedigna sobre o número aproximado –, bem armados e com uma logística razoável. Esta rebelião levanta várias questões. A saída de cena de Déby ainda levanta muitas mais. E não são apenas questões internas. É toda a região do Sahel que poderá ser impactada.

Uma cimeira para fingir que sim

O Primeiro-Ministro fez hoje uma intervenção, por videoconferência, na cimeira dos cinco países do Sahel que procuram, juntos, responder aos problemas do terrorismo e da violência na região. Falou porque Portugal ocupa a presidência rotativa da União Europeia. Foi uma comunicação breve, de pouco mais de sete minutos, diplomaticamente acertada. Foi uma oportunidade de pôr em evidência o interesse que Portugal tem pela região.

O problema é que estas cimeiras públicas não vão direitas aos problemas. Mesmo quando se faz referência às questões de contexto, que estão na base destas crises, a referência é feita de passagem, sem as interrogações que deveriam provocar um debate a sério. Cada discurso é apenas isso, um discurso, e depois cada um vai à sua vida e tudo continua na mesma. Ou seja, no caso do Sahel, muito mal, quer para os que sofrem os ataques quer ainda para os seis milhões de pessoas que foram empurradas para a pobreza e os dois milhões de deslocados, tudo por causa da insegurança, da falta de respeito pelos direitos humanos e pela indiferença que os líderes manifestam em relação aos cidadãos mais fracos.

Sobre o Sahel e a Europa

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/26-dez-2020/opi-victor-angelo-que-tal-um-almoco-no-sahel--13169848.html?target=conteudo_fechado

Este é o link para o meu texto desta semana no Diário de Notícias, publicado na edição de hoje. 

A presença europeia no Sahel, que tem custos muito elevados, precisa de ser avaliada, revista e reorientada. 

Boko Haram ataca o Chade

Esta manhã Boko Haram fez explodir duas bombas na capital do Chade. O número de vítimas – nomeadamente, vários jovens alunos do curso de polícia – é elevado. A cidade está em estado de choque.

Estes atentados não constituem surpresa. O Chade tem desempenhado, desde há alguns meses, um papel de primeiro plano na luta contra o grupo terrorista nigeriano. Por outro lado, a área de acção de Boko Haram situa-se muito perto da fronteira e da capital chadiana. Mais ainda, vários elementos ligados aos terroristas passam regularmente dias e dias em N´Djaména e arredores, a coberto das suas ligações étnicas e culturais com as populações dessa parte do Chade.

A surpresa é ver que a polícia do Chade não havia tomado as precauções necessárias para se precaver. Aqui, como noutros estados africanos, a polícia está longe de ter a formação necessária e o comportamento profissional adequados. No caso do Chade o falhanço é ainda mais gritante por se saber que as forças armadas conseguiram passar por um processo de reforma e de melhoramento profissional, enquanto a polícia ficou para trás. E muito.

É frequente, em muitos países do Continente Africano, ter forças militares e de segurança desorganizadas e mesmo caóticas. Conheço casos de exércitos de 8 ou 9 mil homens em que apenas uns trezentos estarão em condições operacionais. No Chade, o presidente investiu nas tropas. Espero que chegue agora à conclusão que com Boko Haram às portas da cidade a transformação dos serviços de polícia deve merecer uma atenção prioritária.

 

 

Angola e os Estados Unidos

John Kerry esteve hoje em Luanda. Teve um encontro com José Eduardo dos Santos. Foi um encontro cordial, que os interesses em jogo são muitos. Os EUA querem ver Eduardo dos Santos em Washington em Agosto, na cimeira quer Obama organiza e para a qual convidou os chefes de Estado africanos. É uma presença importante, sobretudo porque o presidente angolano é um ausente notório das várias cimeiras que outros convocam.

 

Não esteve, por exemplo, na cimeira da EU com a África, que teve lugar em Bruxelas nos inícios de Abril.

 

Mas visitou a França na semana passada. Uma visita com um enorme significado político. E, por isso, os americanos não querem ficar para trás.

Angola é um grande mercado para as multinacionais americanas. É, igualmente, um actor com peso na África Central. No Congo-Kinshasa e na República Centro-africana. Tem meios militares e logísticos que outros, nessa região, não têm. E pode ser um contrapeso no equilíbrio de forças regional. Em relação ao Chade, por exemplo. Só que o presidente do Chade também esteve há pouco em Luanda, numa jogada de antecipação.

 

No meio de tudo isto, Portugal vai ficando fora de jogo. Quer em termos bilaterais, quer ainda através da CPLP. A política africana de Lisboa é cada vez mais tímida e menos informada. A equipa de amadores que dirige as Necessidades é isso mesmo. Amadores.

República Centro-Africana

O meu texto desta semana na Visão comenta a situação política e humanitária na RCA (República Centro-Africana). Pode ser lido através do seguinte linK:

 

http://tinyurl.com/mlfbo3c

 

Também pode ser lido aqui, numa transcrição do manuscrito:

Andar às aranhas na RCA

Victor Ângelo

 

 

Em 1985, quando fui nomeado pela primeira vez para a República Centro-africana (RCA), andei às aranhas em Maputo, a minha base na altura, à procura de um atlas que me permitisse localizar o país.

 

Dir-se-ia que a comunidade internacional se encontra hoje numa confusão semelhante, perante o desastre político e a violência que estão a destruir a RCA. Trata-se, porém, de uma falta de clareza deliberada. Há, ao nível de quem define a agenda internacional, uma intenção clara de passar ao lado da crise centro-africana. Estamos perante um novo tipo de cinismo nas relações internacionais. Até há pouco, os líderes dos países poderosos começavam a mexer-se quando as imagens das cadeias globais de televisão traziam a desgraça de milhares de pessoas até às salas de jantar dos seus concidadãos. Era o chamado “efeito CNN”. Agora, apesar das cenas de sofrimento e de brutalidade que nos chegam de Bangui graças à BBC, CNN, Al-Jazeera e aos jornais franceses, entrámos num novo patamar de indiferença. Aqueles mesmos líderes deixaram de reagir. O “efeito CNN” perdeu o impacto. O exemplo mais recente foi o dos EUA. A embaixadora norte-americana junto da ONU visitou a RCA em Dezembro. Viu o drama e concluiu que um engajamento militar da ONU teria custos financeiros elevados, numa altura em que já estão em curso várias operações de manutenção de paz. Em vez de recomendar que talvez fosse mais apropriado reduzir os custos das missões de paz na Libéria, na Costa do Marfim e mesmo no Haiti, operações que estão obviamente sobredimensionadas face aos desafios actuais, a embaixadora aconselhou Washington a permanecer afastado da RCA.

A mesma indiferença tem norteado a posição assumida pela UE.

 

Assim, a resposta humanitária tem sido insignificante. De tal maneira que a organização Médecins Sans Frontières se viu obrigada a escrever uma carta aberta, criticando a falta de iniciativa e a timidez das Nações Unidas. Podiam ter igualmente criticado a UE, por motivos similares. Para além da incoerência da accão humanitária, a comunidade internacional não tem querido responder à questão mais imediata do restabelecimento da segurança interna. A França, que sempre manteve uma relação especial com a RCA, tomou a iniciativa de enviar uma força expedicionária de 1600 militares. Esse destacamento revelou-se, desde o início, insuficiente para responder às necessidades de segurança da capital, para já não falar no resto do país, que tem uma área equivalente a sete vezes a superfície de Portugal. O esforço francês deveria ter sido suplementado com uma presença da União Africana de 6000 homens. Por falta de meios, a UA tem apenas 3500 elementos no terreno.

 

Tem-se falado, nos últimos dias, de uma força da UE composta de 300 a 500 soldados. Os ministros europeus dos negócios estrangeiros vão reunir-se a 20 de janeiro para tomar uma decisão sobre o assunto. Mas essa força, se algum dia chegar ao terreno, poderá ter apenas como missão proteger o aeroporto, o que é pouco mais que nada.

 

Quando voltei a ter responsabilidades directas na RCA e na região, o que aconteceu até 2010, o então presidente François Bozizé dizia-me com frequência que não precisava de soldados estrangeiros. Queria, isso sim, que ajudassem o seu país a consolidar as instituições nacionais de segurança. Acrescentava que não é com militares que se mantém a ordem pública, que é neste momento, uma vez mais, o grande problema da RCA. É preciso uma forte componente de polícia e de gendarmaria. As forças vindas de fora só poderiam obter resultados se servissem de apoio de retaguarda às estruturas de segurança interna. Parece-me pertinente relembrar essas palavras nas vésperas da reunião de 20 de janeiro.

Uma boa passagem de ano

 

Copyright V. Ângelo 


Naquele ano - 2009 - começámos o Ano Novo no Deserto de Ennedi, no meio do Sahara, uns duzentos quilómetros ao Sul da Líbia e o repasto foi um carneiro que teve que pagar as favas da nossa visita e foi "executado" ali, à nossa frente.

 

Fingimos, depois, que estávamos a saborear o mechoui, com o pessoal todo à nossa volta, a observar. Logo que dissemos que havíamos terminado (o que mal tínhamos começado) os nossos anfitriões e os soldados da escolta lançaram-se ao bicho. Em pouco tempo, creio que nem os ossos mais tenrinhos escaparam à fome do deserto. 


O champagne, como podem ver, era da marca Seven Up. 


Agora, longe, noutras circunstâncias, a entrar em 2013, desejamos umas boas festas de Ano Novo e um bom ano a todos os que seguem o blog. 

Que venham mais Chineses

Hoje era dia de terminar o texto sobre o Sul Sudão e a "Elipse de Insegurança", que define as zonas de fronteira do Chade ao Congo (RDC), do Sudão ao Uganda. Mais de 19 000 palavras para analisar uma das zonas mais perigosas do globo, mas que é, igualmente, uma zona fascinante, onde tive a oportunidade de trabalhar ao nível do terreno. 

 

A China é, agora, o país que mais investe nessa zona de África. Tudo se passa com o apoio directo das embaixadas chinesas na região. É a diplomacia económica em movimento. Lá, como no caso da EDP, o estado chinês apoia as decisões das grandes empresas, que embora estatais, têm uma grande autonomia de decisão. Lá, como por estas terras, há quem critique. Mas o investimento chinês é um facto e, em muitos casos, é a única opção viável. Há que aproveitá-lo.

 

O resto é connosco. Sem palhaçadas, nomeações ridículas ou conversas com a imprensa que são disparatadas, numa conjuntura de mal-entender e de populismo manhoso, que é o que impera em certos órgãos da comunicação social. 

Darfur

Khalil Ibrahim, fundador e líder do movimento rebelde JEM (Justice and Equality Movement), que lutava, à sua maneira, pelos direitos das populações africanas do Darfur, no Sudão, perdeu ontem a vida. As Forças Armadas Sudanesas dizem que foi num combate, depois de o terem perseguido, num estado vizinho do Darfur, numa zona que é disputada entre o Sudão e o Sul Sudão. Vai ser difícil conhecer as circunstâncias exactas, numa país onde a verdade e a invenção não têm fronteiras bem definidas.

 

Também ainda é cedo para se poder estimar o impacto desta morte no processo de paz do Darfur.

 

Cruzei-me várias vezes, no Leste do Chade com os homens de Khalil. Havia uma espécie de acordo tácito. Quando eu estava numa região do Leste, os guerreiros do JEM evitavam aparecer à minha frente. Uma vez, estava eu numa reunião em Bahai, no Nordeste do Chade, mesmo junto à fronteira com o Darfur, quando surgiram, inopinadamente, dois ou três veículos do JEM. Vinham do campo de refugiados que se encontrava a cerca de 20 quilómetros. Estavam, como de costume, fortemente armados e tinham cara de poucos amigos. Quando viram os meus guardas, fizeram meia-volta e desapareceram no meio do deserto sem fim. 

 

Em N'Djamena, chegámos, por uns tempos, a viver no mesmo hotel. Mas nunca nos cruzámos no lobby. As tangentes nunca se encontram. 

 

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