Terminamos o dia com uma situação muito complicada no Mar Mediterrâneo Oriental. O exercício conjunto, que a Grécia está a levar a cabo, com a participação das forças armadas de Chipre, França e Itália, é uma resposta forte à Turquia, que prolongou a prospeção de gás em águas contestadas pela Grécia. Trata-se, acima de tudo, de uma escalada do conflito que opõe os dois vizinhos, a Grécia e a Turquia.
Os meus comentários desta semana, para os ouvintes da Rádio Macau, incidiram sobre a recente visita de Teresa May à China, sobre a Polónia e os campos da morte nazis, as eleições que irão ter lugar em breve na Itália e ainda sobre a vitória de Anastasiades nas presidenciais de Chipre.
Se houvesse um Prémio Europeu da Estupidez, o ministro das Finanças da Holanda, que é igualmente presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, seria um candidato destacado, com imensas condições para o ganhar.
Membro do Partido Trabalhista (Socialista) da Holanda, ministro há quatro meses, pouco percebe de finanças públicas e nada de assuntos europeus. Mas é um moralista radical à moda holandesa, que foi alimentado nos preconceitos tradicionais, particularmente contra os “latinos da Europa”.
Também não entende que dizer que o programa imposto a Chipre passa a ser o modelo para o futuro é uma afirmação de graves consequências para a confiança dos mercados nos sistemas bancários dos países europeus que atravessam dificuldades financeiras. Disse-o, numa entrevista de hoje à Reuters e ao Financial Times. Depois, e com os mercados a vir por aí abaixo, alguém lhe deve ter puxado as orelhas – terá sido a Tia Ângela? – e o cretino foi obrigado a emitir, através dos serviços de imprensa do Conselho Europeu, um comunicado a dizer que cada país é um caso e que Chipre não abriu nenhum precedente.
Ele também não abriu qualquer precedente, pois imbecis é gente que não falta nos corredores de Bruxelas.
Já tenho profundas saudades de Jean-Claude Juncker, o primeiro-ministro do Luxemburgo que até recentemente dirigia o Eurogrupo, a plataforma dos ministros europeus das finanças. Poder-se-ia, por vezes, discordar das suas posições. Mas era um político de bom senso, europeísta sincero e independente. Tinha, igualmente, muita experiência.
Agora com o holandês Jeroen Dijsselbloem à frente do Eurogrupo, as coisas parecem mal, muito mal encaminhadas. O caso de Chipre é apenas um alerta. O homem, que é ministro das finanças no seu país, parece sofrer de falta de experiência europeia, ter uma visão moralista da correcção dos défices públicos e acreditar nas virtudes dos povos do Norte. É, além disso, um incondicional das posições de Berlim.