Contra o nosso dogmatismo habitual
A maior parte dos que escrevem e partilham opiniões políticas em Portugal são dogmáticos. Têm opiniões de pedra e cal. Cada opinião é apresentada como a última expressão da sabedoria do autor sobre o assunto que o momento o leva a tratar. Não deixam espaço para o debate, nem querem deixar aperceber as outras dimensões que a questão possa levantar. É tudo a preto e branco. A verdade de um lado, o erro do outro. Escreve-se e fala-se de tal maneira que as frases parecem facadas e golpes de espada.
Mesmo quando os autores são apresentados como “académicos”. Não são académicos, são intransigentes e de ideias feitas, que é o contrário do que a universidade deveria ser. Uma boa parte dos nossos “cientistas sociais” é apenas um propagandista da fé, politicamente dogmáticos, em vez de inquisitivos.
Ora, a realidade da nossa vida colectiva é muito mais matizada. E nas questões políticas e sociais não existem respostas simples. Antes pelo contrário.
O dogmatismo é um tique ditatorial. Extremista. Esmagador das opiniões não concordantes. É antidemocrático. E também é uma prova de grande burrice mental. De quem o pratica e, infelizmente, de quem dele se alimenta.