Ontem, a paisagem dos 70 anos de idade abriu-se à minha frente. À partida, o horizonte oferece os tons próprios desta estação da vida, com cores que são hoje mais vivas do que aquelas encontradas pelas gerações que nos precederam.
Recebi muitas mensagens, por todos os meios, de muitas pessoas amigas e conhecidas. A todos agradeço. Como agradeço muito especialmente ao casal de amigos que se deslocou propositadamente a Bruxelas, para poder passar umas horas comigo. E, claro, à família mais chegada.
Um dos meus “afilhados”, gente mais jovem que trabalhou em determinado momento da minha vida internacional comigo, mandou-me uma mensagem de Bujumbura, a capital do Burundi, o seu país de nacionalidade. Foi uma mensagem diferente, de um Africano jovem, com uma família ainda a crescer. A mensagem desejava-me, com todas as letras, “uma velhice feliz”. É o tradicional respeito pelos velhotes.
Fora isso, a luta continua, como diziam lá para os lados de Luanda.
Ontem, numa discussão à volta da mesa, um amigo, que é professor universitário bastante conhecido e viajado, perguntava-me qual é, na minha opinião, o país mais indisciplinado – em termos de comportamento cívico, claro – no seio da UE. A pergunta veio na sequência de uma série de comparações entre países europeus. E a minha resposta saiu sem hesitações. Bem clara e infelizmente muito óbvia, no quotidiano de todos nós.
O meu escrito de ontem sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) mereceu um comentário muito pertinente do meu Amigo LFBT. Aconselho a ler o que ele anotou. E respondo que a solução para o que funciona mal no que respeita ao nosso SNS não é, como aliás ele bem frisou, a medicina cara e comercial praticada pelos seguros de saúde privados. A solução é um SNS mais eficiente, mais justo, mais equilibrado e mais acessível e atento aos que mais precisam. E mais médicos, de família e especialistas.
Mas, acima de tudo, há um problema de atitude que é preciso resolver. Não apenas a atitude que LFBT encontrou nalguns casos da medicina privada, que passa por tentar levar ao consumo de tratamentos que não se justificam. Falo, também, de uma atitude mais geral, que leva muitas vezes os médicos a não ver a pessoa, no sentido de não lhe dar a consideração, a atenção devida, e a tratar os pacientes por cima da burra.
Tenho ainda presente que os mais pobres hesitam em ir às consultas não apenas por que não querem ser humilhados mas também porque “descobrir” que se está doente acarreta despesas, que mesmo subsidiadas, são incomportáveis para quem não tem recursos.
Este blog não toma posição em matérias de fé, nem mesmo quando sacerdotes ortodoxos gregos se envolvem numa cena de pauladas e vassouradas com os colegas da vizinha igreja arménia, como aconteceu hoje em Belém, na Palestina, às portas da igreja da Natividade. Nem comenta o facto dos padres que andavam a limpar a igreja tenham que atar sacos de plástico à volta dos sapatos, para não molharem os pés.
Em matéria de religião, cada um agarra-se à vassoura que lhe parece mais justa.
Os corredores à volta da Comissão Europeia contêm toda uma variedade de fauna humana. Nomeadamente, uma boa dose de doidos e outros alienados, de gente que já foi alguma coisa, graças aos seus padrinhos políticos, mas que caíram no esquecimento, uma vez terminado o mandato dos padrinhos. Andam agora perdidos, como fantasmas tristes, nos múltiplos think tanks que existem num raio de dois quilómetros, a partir do Berlaymont, o edifício da presidência da Comissão.
Hoje encontrei um, distinto professor universitário de fantasias e outras bolhas de ar quente, que se diz "historiador do futuro". Ou seja, escreve hoje a história dos factos de amanhã. Criou, mesmo, um instituto que faz estudos científicos na área da grande ciência social que é a futurologia.
Pensei logo numa série de fazedores de opinião portugueses, comentaristas políticos, que deveriam ser convidados, sem mais demoras, para membros honorários desse instituto. Oferecem todas as garantias mentais e psicológicas.
Dia de escrita. O rascunho inicial tinha 4850 caracteres. O meu editor só aceita 3500. Isto significa horas a retocar o estilo, a burilar as palavras, a procurar palavras mais curtas, a construir frases mais directas, a eliminar o que primeiro pareceu importante e, depois de várias leituras, se afigura como acessório e dispensável. Enfim, uma labuta.
Escrever é uma tarefa dura.
Pensei, então, no mérito dos tweets. Aí só cabem 140 caracteres. São, quando bem feitos, o cúmulo da frase concentrada. Só músculo, nada de gorduras. Estão a tornar-se, cada vez mais, um meio privilegiado de informação e de comunicação. Cobrem muito terreno. Muita uva e pouca parra, diriam os antigos.
O dinamismo económico do Luxemburgo é impressionante. Crise, nem falar.
E os Portugueses que vivem nesse país contribuem de uma maneira impressionante para o funcionamento da economia.
Há gente de origem portuguesa em vários sectores económicos. Sobretudo, os Portugueses mais novos, de segunda geração.
Por outro lado, noto que os impostos sobre os rendimentos das famílias são bem menos pesados, quando comparados com a carga fiscal que hoje existe em Portugal.
Escrevi, para publicação, um texto sobre o Egipto, num dia em que ainda não se entende bem para que lado vão cair as coisas: reforma ou mais do mesmo?
Ao pesquisar a matéria, vi que alguém disse que as revoluções, nos tempos de agora, surgem quando os advogados estão a tiritar de frio, nos seus escritórios, já não têm dinheiro nem para comer um macdonald, mas continuam com acesso à internet.
As palavras não seriam bem estas. No entanto, a ideia é que, quando os diplomados deixam de ter perspectivas de futuro, e já não acreditam na classe política, começam a fazer a revolução através das redes sociais.
Depois de ler o artigo de Jeffrey Sachs, o professor da Columbia University, que foi meu colega na ONU, sobre a necessidade de novos equilíbrios, fui à janela do meu quarto e a imagem do jardim lembrou-me que estamos a atravessar um período de muito frio.
O texto, com o título de "In Search of Equilibrium", publicado no New York Times de 2 de Dezembro, defende que há cinco grandes equilíbrios que o mundo precisa de restabelecer sem demora:
- Entre os ricos e os pobres;
- Entre as necessidades do presente e do futuro;
- Entre a economia e a ecologia;
- Entre o trabalho e os tempos livres;
- Em matéria de segurança e de defesa.
A vantagem deste texto, como é muitas vezes o caso com Jeffrey Sachs, é que abre a discussão sobre questões importantes.