O Agostinho diz que o ministério da defesa do Reino Unido é um circo de comediantes. E o canal televisivo que lhe dá guarita cala-se, aceita sem pestanejar esta afirmação que só pode vir de um destravado mental ou de então de um pobre doente autista. Ou então, é o canal de televisão que anda à deriva, aceitando todas as parvoeiras que passam pelos miolos de um”estratega” que aprendeu estratégia entre o Largo do Carmo e o Chiado e que tem uma memória própria de um autista.
Os nossos diferentes canais de televisão são de tema único. Quando se agarram a uma matéria que possa parecer sensacional ficam como o cão que não larga o osso.
Agora o tema são os incêndios. E os noticiários estão todos em chamas, são labaredas e entrevistas a pobres gentes por todos os lados. O resto do mundo deixou de existir. Nalguns casos, certas televisões destacam mesmo jornalistas muito seniores para o terreno, se este não ficar muito longe da capital, claro.
Detractor é um adjectivo que se usa quando nos queremos referir a quem diz mal ou procura difamar, ou, pelo menos, atacar uma outra pessoa. É uma palavra negativa, acusatória. Deve ser utilizada com muita atenção.
A invasão da Ucrânia a mando de Vladimir Putin permitiu-nos saber que a nossa comunicação social está cheia de cronistas especializados em assuntos e estratégias internacionais. Gente que passou anos a escrever sobre política interna e outras intrigas semelhantes disserta agora sobre a Ucrânia, a Rússia, Vladimir Putin, Vlodymyr Zelensky, a NATO e assim sucessivamente. E fazem-no com muitas certezas, que copiaram de outros ou do que ouviram nas televisões estrangeiras. Para quem, como eu, passou mais de quatro décadas a trabalhar em questões internacionais, ler essas crónicas não é fácil.
Mas para além desses, temos os jornalistas e correspondentes que foram destacados para o terreno. Esses sim, é de admirar. Sobretudo os que foram ou estão na Ucrânia.
Estou de acordo com o Presidente Macron, quando crítica severamente quem se recusa a ser vacinado. Acho que essa recusa é uma irresponsabilidade e um acto de estupidez. Mesmo quando se apresenta como uma rebeldia e uma defesa da liberdade individual. Discordo, no entanto, da palavra que utilizou para resumir a sua posição. Um líder nacional, e mais ainda, um Presidente da República, não pode descer ao nível da vulgaridade. Quando o faz, é a vulgaridade que é objecto de debate público e não o conteúdo da mensagem.
Em política é fundamental saber-se comunicar. E a boa comunicação visa a mudança de comportamentos, a adopção das políticas que nos parecem mais adequadas e a denúncia das posições erradas ou irrealistas. Deve ser simples, fácil de entender, mas manter um certo decoro e educação. Caso contrário, a mensagem acaba por se perder. E estar-se-á a dar a oportunidade aos oponentes de se agarrarem à forma, ao superficial, e atacar assim o mensageiro.
Os media de referência em Portugal tratam as opiniões e iniciativas do Presidente da República de modo venerando. Há mesmo, ao nível do subconsciente, uma espécie de sentimento de inferioridade, por parte dos principais directores e editores da nossa comunicação social.
E, pouco a pouco, vão criando um novo ente superior, que poderá, no momento oportuno, tomar o lugar que com o tempo o actual Presidente terá de deixar vago.
Na verdade, certos media acreditam na reencarnação. Ou seja, o mítico D. Sebastião continua a aparecer, em pleno século XXI, nas redacções de certos medias. Nestes tempos de incertezas, de horizontes pouco claros, faz bem à saúde patriótica ver gigantes a avolumarem-se
A comunicação social portuguesa parece já ter decidido quem deverá ser o próximo líder do PSD. Sentem-se melhor com um dos candidatos. E dão-lhe projecção. É uma forma de democracia muito especial: a democracia do papel de jornal. Ou do visual. Efeitos, meus amigos, efeitos.
Nos últimos dias tem-se escrito muito sobre as plataformas sociais. Em geral, para demonstrar todos os malefícios que elas estão ligados. Quem assim escreve são pessoas da elite, que têm acesso aos meios de comunicação social, onde publicam colunas de opinião ou aparecem nos ecrãs. Os seus comentários não traduzem o modo de ver do cidadão simples, que não tem acesso aos órgãos tradicionais nem maneira de fazer ouvir a sua voz. Também não têm em conta que vivemos num mundo digital, em que há uma democratização da informação, novos padrões de comunicação e muito mais gente a produzir opinião.
É verdade que existem problemas e fenómenos negativos ligados às plataformas sociais. Mas também é um facto que assistimos a um fosso crescente entre as elites e o comum dos mortais. Ao pensar nisso, é de perguntar qual é o papel das elites quando se trata de promover a boa utilização das redes sociais?
Estamos a três semanas do começo da COP26. Falei hoje com alguém que está a preparar a participação dos Emirados Árabes Unidos nessa reunião de alto nível sobre as alterações climáticas. E, durante a conversa, surgiu a pergunta que eu temia e para a qual não tinha resposta: quais vão ser as mensagens que Portugal irá levar para a COP2 em Glasgow?
Também tive de confessar que a comunicação social portuguesa não tem mostrado grande empenho no assunto. Não aparecem entrevistas, não se publicam artigos de opinião, não se pergunta ao governo nada sobre a matéria. Não há debate público. Parece não haver nem interesse nem consciência da importância do que se está a passar ao nível do clima global, do meio ambiente e das implicações muito sérias que resultarão se não se corrigir a direcção que as coisas têm tomado nas últimas décadas.
A maior parte das colunas de opinião que aparecem publicadas nos nossos jornais são escritas de forma superficial, atabalhoada e tosca. São uma maçada intragável. Perante essa conclusão, fico a interrogar-me se não será o mesmo com o que escrevo? E se vale a pena continuar a escrever para meia dúzia de fiéis leitores.