Não se pode confundir realismo com pessimismo. Realismo significa que se compreende bem a situação e o impacto que ela tem nos diversos aspectos da vida. O pessimismo é um sentimento de impotência em relação ao futuro. Não se acredita que existe visão, determinação e genica suficiente para mudar o curso dos eventos. O pessimismo rima com determinismo, fatalismo. Sem uma visão clara, acabamos por ter uma perspectiva confusa das soluções possíveis, andamos à nora no que respeita às prioridades que devem ser atacadas antes de tudo, criamos uma imagem negativa de nós próprios. Perdemos, igualmente, o sentido de urgência. Deixa de haver confiança. Sem confiança, cai-se no pessimismo.
É esse pessimismo que é preciso evitar, neste momento de grande crise. A enormidade da crise pede respostas claras, rápidas e um diálogo permanente com os cidadãos. Não se sai de uma crise destas sem se ter conseguido mobilizar a grande maioria dos cidadãos. A compreensão e a adesão são essenciais. Só se conseguem com diálogo e argumentos convincentes, tendo como pano de fundo um calendário de etapas. Argumentos que demonstrem que há espaço para alterar o destino.
O problema central que mina a classe política portuguesa actual resume-se em poucas palavras: perdeu a confiança da maioria dos eleitores!
Não há confiança, não se acredita.
Sem confiança nos dirigentes políticos, não há esperança num futuro melhor. Passamos então a viver numa atmosfera onde reina a indiferença perante as causas comuns, o cinismo e, em muitos casos, o desespero.
Os grandes investidores económicos tomam decisões com base em cenários de situações a médio e longo prazo. São, por isso diferentes dos operadores financeiros, que apostam no curto prazo.
Não é de admirar que alguns dos melhores cérebros em matéria de visão estratégica trabalhem para os grupos económicos que têm ambições globais. Como também não será surpresa verificar que vários desses estrategas tenham vindo dos sectores da defesa nacional e afins, áreas onde aprenderam a pensar de modo prospectivo, a ter em conta as possíveis iniciativas provenientes da competição e as alternativas que possam ser criadas ou simuladas pelos opositores.
Muitos destes profissionais produzem o que de melhor se faz em matéria de análise de riscos políticos. É pena que, na grande maioria dos casos, esses relatórios de análise não sejam acessíveis. Mas não pode ser de outra maneira, quando o que está em causa tem que ver com a imagem e os recursos de grandes empresas internacionais.
Existem, no entanto, maneiras indirectas de perceber o que pensam do futuro de um país concreto ou de uma região geopolítica específica. Uma delas passa pelo interesse que possam manifestar na aquisição de empresas de relevo no país em causa. Quando esse interesse não é significativo ou a potencial aquisição não atrai os grandes nomes do sector em que se insere a empresa, temos gato escondido com rabo de fora. Ou seja, há dúvidas, nos círculos internacionais, sobre viabilidade de um grande investimento nesse país ou região. Convirá então perceber quais as razões dessa falta de confiança no futuro desse país ou região.