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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Compreender as Nações Unidas

A rutura não é uma opção para as Nações Unidas (dn.pt)

Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias. Cito apenas duas frases: "É um erro, portanto, ter uma atitude negativa perante a ONU. É igualmente prova de um radicalismo primário dizer que o sistema é dominado pelos países ocidentais.

Michel e o embaixador da Rússia

Charles Michel discursou ontem no Conselho de Segurança da ONU e surpreendeu muita gente. Pela positiva. Foi directo aos assuntos, claro e firme. O único que parece não te gostado foi o embaixador russo, que abandonou a sala. Ao fazê-lo, sem ter um outro país como companhia, mostrou que estava isolado. Diplomaticamente, foi mais uma derrota. Simbólica, mas verdadeira.

Tempo de cooperação internacional

Não temos experiência de como tratar rupturas tão vastas e perturbadoras como a actual. Por isso é importante dizer, com toda a humildade, que aprendemos à medida que avançamos e ao ver o que outros estão a pôr em marcha.

 A situação nacional de cada um pode ser diferente, mas há sempre lições a tirar, com a experiência dos outros. Por isso e por se tratar de uma crise global, a cooperação internacional deve ser uma das chaves de resposta. Quanto maior for a coordenação entre os Estados, melhores serão os resultados. Temos que levantar a voz e pedir que as medidas que cada um vai tomando sejam integradas num conjunto que lhes dê coerência e que lhes sirva de alavanca. Daí a importância das organizações multilaterais e inter-governamentais. Mas atenção, essas organizações precisam de ser ousadas e de propor medidas coerentes. A liderança que possam desempenhar terá que vir da qualidade das propostas que façam. Isso é verdade no que respeita ao sistema da ONU, como também o é quando se pensa na Comissão Europeia ou noutras entidades regionais, como, por exemplo, a União Africana ou a Organização dos Estados Americanos (OAS).

Infelizmente, as organizações internacionais não têm mostrado a iniciativa que delas gente como eu espera. A própria Comissão Europeia tem sido lenta e tímida.

 

Macron e as senhoras alemãs

Na Alemanha, 67% dos eleitores querem que Angela Merkel vá até ao fim da presente legislatura. É uma percentagem apreciável, sobretudo se se tiver em conta que a Chanceler está no poder desde 2005 e que deixou, no final do ano passado, de ocupar a liderança do seu partido, a CDU. Mas a situação da coligação que dirige é frágil, sobretudo com o outro lado, o partido Social-democrata, a perder apoio eleitoral. Se esse declínio se confirmar nas eleições regionais que terão lugar no próximo semestre, nos “landers” do leste, é muito possível que os sociais-democratas saiam da coligação e que o governo de Merkel seja forçado a fazer as malas.

Quando Merkel sair, deverá entrar a actual líder do seu partido, Annegret Kramp-Karrenbauer (AKK). Esta senhora tem uma boa base de apoio dentro da CDU. Além disso, poderá conquistar votos à direita, incluindo junto dos eleitores que agora se aproximam da extrema-direita, do partido Alternativa Para a Alemanha (AfD). São votos que Merkel perdeu, sobretudo depois da crise migratória de 2015, mas que Kramp-Karrenbauer deverá saber recuperar.

AKK é uma líder mais directa, mais pão, pão, queijo, queijo. Mostrou-o agora, ao responder à mensagem que o Presidente francês enviara aos europeus na semana passada. Sem demoras, e sem rodeios, AKK veio dizer-nos que não está de acordo com Emmanuel Macron. E, nalgumas matérias, entrou mesmo em choque. Assim aconteceu com a questão de um assento permanente para a Europa no Conselho de Segurança das Nações Unidas. AKK quer que o lugar que corresponde à França passe a ser utilizado colectivamente, em nome da UE. Sabe que esta proposta nunca será aceite em Paris, nem pouco mais ou menos, mas não hesitou em fazê-la. É uma maneira de marcar posição. E servirá como travão. Cada vez que a França propuser algo que desagrade à Alemanha, Berlim voltará a pôr esta ideia em cima da mesa. E outras semelhantes, como por exemplo, acabar com a sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, uma proposta com lógica, mas que deixa os franceses com uma dor aguda do lado do coração patriótico.

As declarações de um lado e do outro mostram que há uma divergência importante entre os dois principais países motores da construção europeia. E, sabendo o que sei, vai ser a posição de Berlim que vai pesar de facto em Bruxelas.

 

Portugal na República Centro-Africana

O destacamento de uma companhia de Comandos para a República Centro-Africana, no quadro da MINUSCA, foi uma decisão correcta. É importante que Portugal participe mais activamente e de modo mais visível nas operações de manutenção da paz da ONU. Mostramos assim a vontade que temos de responder às nossas responsabilidades internacionais, enquanto país que reconhece e respeita as regras que hoje servem de base às relações internacionais.

Não fomos apenas e tão só porque a França nos pediu. É verdade que a França tem um interesse histórico – e nem sempre pelas melhores razões – na RCA. E por isso tem advogado, junto dos seus parceiros da UE, no sentido de uma contribuição efectiva dos europeus para a composição da missão da ONU na RCA. Mas isso não seria suficiente para nos levar a participar. E também não o fazemos para tentar obter, em troca, algum favor político ou diplomático de Paris.

Neste momento, em que andam loucos à solta na arena internacional, é essencial falar dos compromissos que o bom relacionamento entre as nações requer. É igualmente necessário reafirmar que uma boa parte desses compromissos passam pelo quadro da ONU. Como também se deve ter presente que os países que podem devem contribuir para a estabilização dos que estão a atravessar um período de crise interna.

Portugal dá, como muitos outros, o bom exemplo.

Parabéns excepcionais

António Guterres será o novo Secretário-Geral das Nações Unidas. É altura de lhe dar os parabéns mais entusiásticos e merecidos, e também de reconhecer o mérito da equipa diplomática portuguesa, em especial o papel desempenhado pelo Embaixador José de Freitas Ferraz e o seu grupo de trabalho.

Mas, de facto, o mérito é de Guterres. Quem conhece bem a ONU, sabe que ele conseguiu ultrapassar dois obstáculos de grande monta: o peso dos interesses e da tradição geoestratégica, que davam o lugar a alguém vindo do Leste da Europa; e questão do género. Na realidade, havia uma pressão enorme – amplamente justificada – para que, desta vez e pela primeira vez, fosse eleita uma mulher. Vencer estas duas enormes barreiras significou que o Conselho de Segurança lhe reconheceu um mérito excepcional. Muito bem!

Por isso, os parabéns também devem ser excepcionalmente calorosos.

G. e G.

Passei o dia a discutir alguns dos grandes desafios que a Ásia Central – as cinco antigas repúblicas soviéticas – tem pela frente. E já no final do dia, um jornalista conhecido telefonou-me de Lisboa, a perguntar qual era a minha opinião sobre a prestação de Kristalina Georgieva nas Nações Unidas. A verdade é que estava muito longe desse assunto. Disse-lhe que ainda não tinha informações sobre a matéria. E lembrei que neste momento há muitos especialistas em questões onusianas no panorama intelectual lisboeta. Talvez fosse melhor perguntar-lhes a opinião, sobretudo aos do costume.

E esperar por quarta-feira, pela próxima volta, no Conselho de Segurança.

Já depois disso, soube duas ou três coisas. Que o embaixador do Quénia junto da ONU, o meu antigo colega Macharia Kamau, que também desempenha as funções de presidente do Fundo das Nações Unidas para a Consolidação da Paz, o que lhe dá uma voz grossa, achou que Georgieva pode ter aparecido à última hora, mas ainda “apareceu a tempo e no tempo preciso”. Interessante. E mais. Que os Nórdicos estão a fazer campanha pela nova candidata. Consideraram que a senhora teve um desempenho de qualidade e que é a altura de ter uma mulher no cargo. Uma mulher bastante competente, acrescentam. Finalmente, que os russos acharam bem que ela se exprimisse na sua língua, ao fazer as suas intervenções.

A isto junta-se a geopolítica – o Leste europeu – e o género.

Do outro lado, temos António Guterres. Um candidato que toda a gente sabe que é muito forte.

Veremos o que acontece depois de amanhã.

As voltas que a ONU dá

A comunicação social portuguesa tem dado muita atenção à eleição do novo Secretário-geral da ONU, o que se compreende, face à excelente candidatura de António Guterres. E tem participado activamente na exaltação patriótica que a mesma gera. Não seria de esperar outra coisa, de nós, portugueses. Nestas coisas, joga tudo do mesmo lado. O nacionalismo arrebatado faz parte integrante das nossas exaltações colectivas.

Só que na casa da alta política que é o Conselho de Segurança das Nações Unidas o jogo é outro. É tudo mais complexo, sobretudo agora. Reconhece-se a importância do mérito, e aí, nessa questão, o candidato português está no topo da liga. Mas há mais. Chamam-lhe geopolítica. Na realidade, trata-se apenas da leitura que cada membro permanente faz dos seus interesses nacionais. É isso que conta, ao fim e ao cabo, por muito que se fale de transparência. E o Conselho funciona melhor quando consegue encontrar o ponto de equilíbrio desses interesses. Sim, dos interesses dos cinco Estados permanentes.

Mesmo entre os não-permanentes há diferenças de peso e influência. Nesto momento, a Venezuela e a Espanha têm ambas assento no Conselho. Muito bem. Mas não têm a mesma influência. A Espanha conta muito mais, até mesmo junto dos países da América Latina. Os membros permanentes irão procurar ter a Espanha do seu lado. E, ao mesmo tempo, estarão prontos para ignorar a posição da Venezuela. Mais ainda, ficarão politicamente satisfeitos se a Venezuela for ignorada. O isolamento faz parte da política internacional. Envia mensagens e marca pontos.

Não sei o que está a ser discutido nos corredores das relações internacionais. Poderei tentar adivinhar uma ou outra área de possíveis negociações. Que as há, é evidente que sim. E nestas coisas, ganha quem tem mais para oferecer. Directamente, ou por empenho dos padrinhos, dos Estados mais poderosos.

O resto, incluindo o voto na Assembleia Geral, é matéria mais ou menos pacífica. Uma vez decidido no Conselho, o jogo está feito. Não creio que desse lado possa haver qualquer surpresa.

 

Manobras internacionais

Começou hoje a Assembleia Geral das Nações Unidas, edição 2016.

Desta vez, a questão da eleição do novo Secretário-geral estará muito presente, nos múltiplos encontros diplomáticos que o evento proporciona. Mas, na realidade, é a posição de cada um dos cinco membros permanentes que conta. Mesmo nas circunstâncias actuais, depois de um processo mais visível do que passado.

É difícil saber, neste momento, qual vai ser a escolha que cada um irá fazer.

Para já, é claro que os Estados Unidos prefeririam Susana Malcorra, que passou vários anos em Nova Iorque, nomeadamente na área que dá prestígio político junto dos grandes, que é a da manutenção da paz. Os britânicos iriam por Helen Clark, que está há vários anos à cabeça do PNUD. Os franceses e os russos, apostam ainda em Irina Bokova, por muito que se diga. E os chineses, que estão muito interessados na América Latina e operações de paz, também iriam por Malcorra.

Esta última não agrada muito ao governo de Londres, embora se estejam já a discutir as condições que poderiam levar a um apoio.

Helen Clark não deverá ter a aprovação dos russos e dos chineses, por muito que ela nos queira fazer crer que sim. Nem estes vêem grande vantagem em aprovar alguém vindo de um país que nada lhes poderá oferecer de verdadeiramente estratégico.

Irina Bokova não deverá passar nem em Londres nem em Washington. A sua candidatura está, aliás, sob uma séria ameaça, que poderá ser concretizada a 26 de setembro, após a próxima ronda de votação informal no Conselho de Segurança.

No meio de tudo isto, aumentam as hipóteses dos outros candidatos mais votados, sobretudo de António Guterres e de Miroslav Lajčák. Mas nada está ainda garantido.

Quanto a Kristalina Georgieva, poderá aparecer depois de 26 de setembro. E a sua aceitação comportar, entre outras possibilidades, uma promessa de suspensão das sanções europeias contra a Rússia. Isso tem algum peso, claro.

 

 

Sobre a quarta ronda

Teve hoje lugar a quarta ronda do processo de eleição do Secretário-Geral da ONU. E o Conselho de Segurança mostrou manter a mesma linha de coerência que havia revelado nas votações anteriores. Voltou a preferir António Guterres, com mais ou menos o mesmo tipo de apoio. Diria mesmo que Guterres sai reforçado. É agora um candidato que deve ser levado muito a sério pelos Estados Membros que estão neste momento no Conselho de Segurança bem como pelos membros permanentes.

Ainda vamos ter, próximo do final do mês, uma outra ronda indicativa. A última, antes do processo entrar na fase dos vetos. O período que se segue, entre hoje e essa nova volta, vai ser um período de intensa actividade diplomática, pelo menos para alguns dos candidatos. Susana Malcorra, por exemplo, já começou a fazer concessões aos britânicos, no que respeita às Ilhas Malvinas.

É preciso ter igualmente em conta que a questão até agora tem sido se o candidato deve ou não ser encorajado a manter a sua candidatura. Responder que sim não é o mesmo que votar a favor. No entanto, os valores obtidos por António Guterres não poderão ser ignorados pelos membros do Conselho. 

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