Termina amanhã a 27ª conferência da ONU sobre as alterações climáticas e os problemas conexos. A reunião tem sido caótica, por falta de capacidade organizativa dos egípcios perante um evento tão vasto e também por incompetência política do ministro dos Negócios Estrangeiros desse país, que tem a responsabilidade de presidir aos trabalhos.
Além disso, a questão dos presos políticos tem sido um tema central. As prisões egípcias estão cheias deles. Destaca-se sobretudo Alaa Abd el-Fattah, o mais conhecido opositor, cuja libertação foi sistematicamente pedida em massa nos plenários da COP27.
Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias.
"No caso português, foi aprovada a Lei de Bases do Clima (Lei nº 98/2021, de 31 de dezembro), mas falta lançar um debate nacional sobre o problema. Ora, em virtude da sua localização geográfica, todo virado para o Atlântico e a dois passos do Sahel, Portugal é um dos países europeus mais vulneráveis em matéria de alterações climáticas. Está sujeito a longos períodos de seca, à contínua desertificação de partes do território nacional, incluindo às poeiras vindas do Norte de África, à erosão e a tempestades marítimas, à ocorrência de incêndios de grande envergadura, bem como a um caótico, primitivo e ganancioso desordenamento do território. No seu conjunto, este é um tema que por sistema não aparece nas discussões que têm lugar na nossa praça pública. Por que será?"
A COP27, como as anteriores, é uma feira de promessas. Os países mais desenvolvidos prometem dinheiro e os outros ficam à espera desses fundos, que só aparecem lentamente. Entretanto, as florestas vão desaparecendo, as reservas piscatórias vão sendo esgotadas por certos países da União Europeia, pela China e a Coreia do Sul, entre outros, e os fenómenos meteorológicos são cada vez mais frequentes e intensos.
António Guterres fez um bom discurso de abertura. Foi ouvido por todos, mas ninguém põe em prática aquilo que ouve. Uns porque não querem fazer diminuir o nível de consumo dos seus cidadãos, outros porque são tão pobres que não têm outro recurso senão consumir até à exaustão o pouco que têm.
A responsabilidade pela questão do clima é, acima de tudo, dos países mais ricos, que poluem muitas vezes mais do que os mais pobres.