Mulheres e crianças de Birao, acampadas no sector mais protegido da localidade, depois do seu bairro, noutro canto da cidade, ter sido atacado por rebeldes, pilhado e queimado. São refugiadas na sua própria cidade.
As mulheres e as crianças são as principais vítimas dos conflitos armados. A violência é um prato quotidiano, um risco sempre presente.
Hoje teve lugar a cerimónia de passagem de responsabilidade de 84 crianças capturadas pelas Forças Armadas do Chade. Faziam parte das colunas rebeldes que haviam atacado o Leste do país em Maio. Tinham sido treinados como combatentes, ensinados a atacar, emboscar, matar e sobreviver em meio hostil. Eram guerrilheiros de palmo e meio.
Passaram agora para a responsabilidade das Nações Unidas.
A partir de hoje estarão num centro de trânsito e de orientação, sob a tutela na UNICEF. Vão ser aconselhados durante vários meses, educados e formados, preparados para voltar para as suas famílias. É um percurso muito longo, o de voltar à sua vida de adolescentes. Exige muita paciência. Entre parêntesis, refiro que o primeiro grupo de crianças aceites pelo centro, há mais de um ano, partiu tudo o que podia ser partido, assim que entraram nas instalações. Foi uma orgia de violência. Ontem estive com eles. Estavam atentos, em frente ao quadro, a ouvir os professores de cada disciplina. Pareciam outros miúdos.
Voltemos às crianças de hoje. Nunca haviam estado em N'Djaména. Agora, vão ficar na capital. Em breve, já jogarão à bola com as outras crianças vizinhas, moradores no mesmo bairro onde se encontra o centro. A bola vai ajudá-los, como a educação e a aprendizagem, a ganhar uma atitude mais aberta. Na verdade, a grande maioria destas crianças são de uma só tribo. Pouco mais sabem sobre o resto do Chade. Uma tribo que pensa que a única hipótese é a rebelião armada. Fortemente armada.