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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Inquietações e confiança

Voltando à questão da liderança, que é fundamental neste momento de grande crise, o verdadeiro líder percebe a gravidade da situação mas tem que saber projectar uma réstia de esperança. No seu íntimo, vive um turbilhão de ansiedades e de incertezas. No exterior, a sua pessoa pública tem que mostrar um equilíbrio entre as inquietações e o optimismo.

A declaração de um estado de emergência tem as suas justificações. Mas assusta ainda mais uma boa parte da população. E como escrevi ontem, o medo é mau conselheiro. Deve haver consciência da importância da ameaça, mas não pode haver pânico. Uma das grandes tarefas da liderança política é fazer baixar o nível do pânico. As pessoas devem responder ao que se lhes pede, não por razões de medo cego, mas sim porque um cidadão responsável só pode comportar-se assim.

Hoje, para além da ameaça pandémica, existe uma outra, que lhe é paralela: a ameaça do desmoronamento económico. Esse risco é agora evidente. Tem proporções inimagináveis. E toca a todos, às grandes multinacionais e ao empresário individual. Ou seja, mina inteiramente o tecido económico e coloca uma boa parte dos trabalhadores na precariedade. Os governos – e é sobre isso que o líder deverá falar – terão que por a máquina de fazer notas a trabalhar a todo o vapor. Tinta e papel são a matéria-prima da recuperação.

 

 

A Grécia e os outros

Eis-me de volta, depois de uma longa viagem. E volto a tempo de escrever, como o fiz esta tarde, sobre a actualidade grega. Uma actualidade sem grandes esperanças para os gregos.

As coisas estão complicadas na Europa e esta não é certamente a altura ideal para pedir aos outros empréstimos sem contrapartidas muito sérias. Ainda hoje lembrava, no meu comentário semanal para a Rádio TDM de Macau, que uma mulher de limpeza na função pública grega ganha 600 euros mensais e um professor de universidade aufere, no serviço público da Lituânia, cerca de metade dessa verba. É verdade que a Lituânia só entrou para a zona euro este ano, mas se houver uma nova ajuda terá que contribuir para o programa grego. Compreender-se-á, então, que as autoridades de Vilnius queiram ver nesse programa medidas de recuperação económica bem concretas.

E a Lituânia é apenas um exemplo.  

Estamos em vésperas de virar a página

A questão grega parece ter chegado à hora da verdade. O dia foi de frenesim, o governo de Atenas apresentou novas propostas, que estão a ser analisadas. Muito depende da conclusão a que chegarem quem as está a analisar, gente da Comissão Europeia, do BCE e do FMI.

Vai ser difícil, no meu entender, que as novas proposições passem no crivo técnico. Porém, o momento é altamente político. E é possível que a política diga que sim, que abra uma janela temporária. Não sei se assim será, pois o governo da Grécia queimou muitas pontes. Diplomaticamente, a coisa tem sido um desastre. Ora, os políticos precisam de gestos diplomáticos para poder justificar, perante os seus eleitorados, qualquer decisão mais favorável. É que uma boa parte da opinião pública europeia está pouco inclinada para o lado grego.

Veremos amanhã à noite qual será o novo capítulo de todo este drama bem confuso em que a Europa e sobretudo a Grécia, se encontram.

 

 

 

Um balão de ensaio

Hoje, pela primeira vez, o debate público foi mais longe. Já não se trataria apenas de saber se a Grécia irá ou não sair da zona euro. Agora, começou a reflexão sobre a possível saída desse país da União Europeia. Assim mesmo: a Grécia estaria em vias de ter que abandonar a UE.

Não sei quem lançou esta ideia. Mas estas coisas não acontecem por acaso. Muitas vezes são uma maneira disfarçada de preparar as pessoas para o pior cenário. Serão, noutros casos, uma maneira de fazer pressão. E neste exemplo concreto da Grécia, o levantar desta hipótese até pode ser uma maneira de agitar uma parte da população grega contra um governo que não está na lista dos favoritos, por essa Europa fora.

 

 

A Grécia às portas de vários dilemas

Por estes lados, a opinião que corre desde o fim-de-semana é que a Grécia vai entrar em insolvência. A hipótese de um acordo a curto prazo com o Eurogrupo tem, neste momento, uma probabilidade mínima. Sem esse acordo, não haverá dinheiro fresco e reduz-se a margem de manobra do Banco Central Europeu. Entrou-se, diria, numa lógica de inevitabilidade. Que é acompanhada, ao nível dos grandes grupos financeiros, pela convicção que será possível gerir e absorver a nova situação de insolvência, para além de um impacto negativo inicial.

Em certa medida, chegou-se agora a uma situação em que se deixou a Grécia sozinha. Todos pensam que a bola está no campo grego, quando se trata do jogo financeiro.

Depois há ainda outros jogos: Schengen e a manutenção ou não da livre circulação de pessoas com a Grécia, um assunto que já começou a ser objecto de reflexão; e, por outro lado, as consequências políticas e militares de uma aproximação de Atenas à Rússia, caso viesse a acontecer. Sem entrar no pormenor, como reagiria a elite de segurança grega se amanhã o seu país fosse suspenso de certos mecanismos de segurança e a Turquia continuasse a ser parte desses mecanismos?

Tudo isto tem uma complexidade maior do que possa parecer.

 

 

Uma história que ainda não terminou

Finalmente, o Banco de Portugal agiu, como eu aqui previra há vários dias, e obrigou o BES a substituir a sua administração. Foi, uma vez mais, lento na decisão, mas mais vale tarde que nunca, embora nestas coisas a rapidez da intervenção seja sempre o mais aconselhável. Quanto mais se espera mais difícil se torna encontrar uma solução razoável.

 

Mas os mercados parecem não acreditar na história que lhes está a ser contada. E as acções do BES continuam a perder valor, de modo muito significativo. É por isso importante que se faça luz sobre a situação financeira do banco e que se proceda rapidamente à entrada de um parceiro financeiro estratégico. Um outro banco, com dinheiro e bom nome, tem que tomar uma posição forte no capital do BES. E dar-lhe um sopro de reputação.

 

A verdade é que os clientes do BES não fizeram fila para retirar o dinheiro das suas contas. Aí o poder político tem sabido gerir a crise com habilidade. É preciso mais, agora, forçar à abertura do banco a novos grupos de accionistas de peso.

Vamos ao que interessa

Os juros a 10 anos chegaram hoje aos 7,235%.

 

Este é valor que Portugal terá que pagar, se for aos mercados neste momento. É uma mensagem forte sobre a falta de confiança da comunidade internacional na nossa capacidade em sair da crise financeira em que nos encontramos.

 

Diz-nos, também, que um segundo resgate, com condições duras, é, para já, considerado inevitável.

 

Junte-se a isto a posição do Eurogrupo e de Bruxelas. Ambos disseram claramente que a meta dos 4% para o défice das finanças públicas, em 2014, é para cumprir.

 

As indicações não podem ser mais claras. Do lado de fora, não haverá grandes folgas nem contemplações.

 

Este é, pois, um assunto de importância estratégica, que deveria estar no centro do debate nacional, na mira dos dirigentes políticos.

 

Mas, não está.

 

Uns fingem que não vêem. Outros, são de facto, tapados e não enxergam mesmo.

 

Zangam-se as comadres

Há um ano, dia por dia, escrevi na Visão sobre a crise grega. A certa altura do texto, depois de concluir que a Grécia estava a ter um tratamento de favor, por parte da Comissão Europeia, que fechava os olhos e não queria ver que o programa grego não estava a ser cumprido, realcei que essa maneira de agir, por parte de Bruxelas, punha em causa a credibilidade do FMI.

 

Cito a frase que então publiquei: “Coloca, por outro lado, o FMI contra a parede: terá que escolher entre continuar a reboque da UE, fingindo que há progresso na execução do programa, ou reafirmar a sua independência, reconhecendo que a Grécia não está a cumprir os compromissos assumidos.”

 

Agora, doze meses depois, o FMI divulga um relatório que, no fundamental, confirma o que eu dissera. Aponta o dedo à Comissão, diz que esta não tinha experiência nem qualificações para tratar de uma crise financeira como a grega. Nem independência suficiente para poder ser objectiva na sua tomada de decisões. 

 

Na verdade, saem ambos – o FMI e a Europa – mal na fotografia grega.  

 

 

Horizontes

A crise fecha-nos os horizontes. Ora, sem uma visão ampla das possibilidades não há saída. Não podemos deixar que nos limitem as vistas e nos cerceiem as opções. 

 

Entretanto, foi uma boa notícia saber que a decisão do Tribunal Constitucional alemão é favorável ao mecanismo europeu de apoio financeiro. 

 

Mas as más notícias continuam a predominar. A enorme manifestação na Catalunha pela independência é uma demonstração massiva contra a solidariedade entre as regiões de Espanha. O valor da solidariedade está a ser atacado em todas as frentes, por essa Europa fora.  As eleições de hoje na Holanda poderão ser um outro sinal no mesmo sentido. Veremos.

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