A inflação é hoje um verdadeiro problema para as famílias. O custo dos bens essenciais tem subido de uma maneira inexplicável. Os mesmos cem euros compram hoje muito menos, aquando do abastecimento nos supermercados. Existem produtos que nas últimas semanas aumentaram de preço entre 40 e 50%. E não se percebe a razão para uma subida dessa magnitude. Na construção civil, temos situações semelhantes e uma total imprevisibilidade sobre os preços futuros. Noutros sectores, passa-se o mesmo. A quebra do valor do euro tem um enorme impacto sobre os produtos importados, nomeadamente sobre os preços dos bens energéticos. O Banco Central Europeu hesita, no que respeita ao ajustamento das taxas de juro, tendo em conta as repercussões que taxas mais altas teriam sobre os países europeus mais endividados. Entretanto, os rendimentos das famílias não acompanham esta onda inflacionista.
Os Estados Unidos e a China estão numa fase de recuperação económica acelerada. No caso americano, essa recuperação deve-se às quantidades gigantescas de capitais públicos que têm sido postos à disposição dos cidadãos e da economia. Quanto à China, para além da intervenção do estado, a recuperação está ligada ao dinamismo do seu tecido económico, à vastidão do mercado interno, tudo isso num contexto de controlo da pandemia, algo que aconteceu atempadamente.
Em ambos os casos, estamos a assistir a uma procura muito acima do normal de matérias-primas e de meios de transporte, sobretudo de contentores para o transporte marítimo. Tudo isto provoca um aumento dos preços, quer dos bens necessários à produção quer dos transportes. Provoca igualmente uma escassez de certos bens, no que respeita ao acesso por parte de outras economias mais pequenas e menos poderosas.
Estamos, por isso, a assistir a um processo inflacionista que irá continuar em aceleração. Economias como a nossa irão sentir claramente o aumento dos custos de produção e as maiores dificuldades de acesso aos mercados de bens primários.