Link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias.
Cito o último parágrafo do meu escrito.
"O que considerei errado foi o alinhamento acrítico da presidente da Comissão Europeia com os EUA nas referências à competição económica com a China. Na realidade, há agora mais rivalidade e entraves vindos dos EUA que do lado chinês. Basta pensar na nova lei de Biden sobre os apoios financeiros aos investimentos tecnológicos que sejam feitos nos EUA, o chamado Inflation Reduction Act de 2022. Von der Leyen e os outros dirigentes europeus não devem transformar mecanismos como o de Davos em plataformas de ataque contra tudo o que não venha da esfera de influência ocidental. Davos pode ter muitos defeitos, mas tem oferecido a vantagem de ser um ponto de encontro e de facilitar o diálogo entre os poderosos provenientes das diferentes partes do mundo. E esse diálogo, num tempo de policrises, para utilizar a expressão de Schwab, faz hoje mais falta que nunca."
A reunião anual de Davos começou hoje e vai trazer, ao longo da semana, 52 chefes de Estado e de governo e mais de 600 grandes capitalistas e outras centenas de personalidades para a montanha suíça. Como de costume, os organizadores inventaram um novo conceito, para caracterizar o mundo de 2023: policrises. Estamos no meio de várias crises, que põem em causa a paz, a globalização e a cooperação internacional. A esse conceito acrescentaram fragmentação. Estamos no meio de múltiplos problemas e incapazes de nos unir para os resolver: essa parece ser a mensagem.
O que não parece estar em perigo é Davos. Quem aí aparece por sua iniciativa, terá de meter as mãos ao bolso: a inscrição pode custar 300 e tal mil dólares. Esse é o preço que é preciso pagar para andar nos mesmos corredores por onde andarão os poderosos deste mundo mais uma mão-cheia de representantes de instituições humanitárias e de grupos de pressão. E alguns dos jornalistas mais influentes do globo.