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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Hoje, errei publicamente na minha análise

Num directo para o noticiário das 18:00 horas da RTP 3, disse, entre muitas outras coisas, que estava convencido que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, iria continuar a vetar a entrada da Suécia e da Finlândia para a NATO. E expliquei as razões.

Uma hora e meia depois, o Secretário-Geral da NATO anunciou que a Turquia, a Suécia e a Finlândia haviam chegado a um acordo e que o veto havia desaparecido. Ou seja, a minha análise estava errada.

Foi, na verdade, uma surpresa. Não apenas para mim. Para todos os que não estavam no âmago das negociações. Até o meu “amigo Boris” foi apanhado de surpresa, por exemplo.

Para além da surpresa, existem outras preocupações. Nomeadamente sobre a possibilidade de ver deportados para a Turquia certos oponentes entretanto refugiados na Suécia.

Terei que voltar, por causa dessas preocupações, ao assunto. Espero que da próxima vez não erre, não seja desmentido por acontecimentos de última hora.

Discutir ideias, sem ofender as pessoas

Não creio que os meus textos mostrem que ando confuso. Digo isto por ver vários dos meus amigos baralhados perante os acontecimentos correntes. São pessoas bem-intencionadas, que procuram informar-se. Não compreendo como acabam por ficar com as ideias aos ziguezagues. Por exemplo, neste dia em que a Rússia cometeu mais um crime de guerra, ao atacar e destruir um centro comercial na cidade ucraniana de Kremenchuk – um alvo inteiramente civil – um amigo mandou-me uma mensagem e telefonou-me para mostrar a sua preocupação com a crescente militarização dos Estados Unidos e a influência que isso está a exercer nas escolhas europeias em matéria de defesa. A mensagem foi fácil de tratar: existe uma tecla “delete”. A chamada telefónica foi mais complicada. Tenho um grande respeito por esse amigo e não queria tornar a coisa num assunto pessoal. Tentei focar a discussão na questão e não na pessoa. Não foi fácil. Muitos intelectuais não conseguem fazer a diferença entre destruir um argumento e a ofensa pessoal. Mas tentei e continuarei a tentar.

Olaf Scholz

O discurso que o Chanceler alemão, Olaf Scholz, pronunciou ontem no Bundestag, o Parlamento federal, foi memorável. Constituiu uma viragem histórica, no que respeita a política externa da Alemanha. Se os analistas não estivessem inteiramente focados na crise ucraniana, estariam agora a comentar o que Scholz disse. E também sublinhariam que o líder da oposição, da CDU de Angela Merkel, apoiou sem reservas o que o Chanceler social-democrata anunciou. Ou seja, a quase totalidade dos representantes políticos ao nível federal aprovou as novas orientações em matéria de política externa.

Um dos aspectos mais relevantes é promessa de, a partir de agora, investir na modernização e na eficácia das forças armadas do país. É a famosa questão dos 2% do PIB serem gastos na área da defesa. Um outro aspecto refere-se a investimentos no domínio da energia, de modo pôr um ponto final à dependência em relação à Rússia. Lamentavelmente, no entanto, a nova política energética assenta na expansão da importação de gás liquefeito – para isso serão construídos dois novos portos especialmente apetrechados – e na revisão das decisões que levaram ao fecho das centrais nucleares.

Muito do que disse teve como pano de fundo a ameaça que Vladimir Putin representa. Muito especialmente, a agressão contra a Ucrânia.

 

A relação entre a Europa e os Estados Unidos

A questão dos submarinos australianos alterou profundamente a política nacional francesa no que respeita ao seu relacionamento com a administração do Presidente Joe Biden. Mas é ainda mais séria, por ter feito perder a confiança na cooperação de defesa entre uma parte da Europa, representada pela França, e os Estados Unidos.

Vai, entre outros aspectos, ter um impacto no funcionamento político e operacional da NATO. A França já não se sentia à vontade numa organização que tem a Turquia como membro. E ficou ainda menos convencida, perante o comportamento americano, que decide sem consultar e tem apenas em conta a preocupação com o crescimento da influência global da China. Ora, a China, para a França e para outros dos seus aliados europeus, é um problema distante, secundário e mais aparente do que real. Para esse grupo de aliados, os desafios de defesa e segurança estão bem mais perto das fronteiras europeias, quer a Leste quer a Sul.

Temos aqui um momento de viragem. Mas ainda não é possível medir todas as suas dimensões.

Merkel e Macron a jogar fora do campo

É difícil de entender a razão que levou, na véspera da reunião do Conselho Europeu, Angela Merkel e Emmanuel Macron a sugerir a hipótese de uma cimeira entre a Europa e Vladimir Putin. A sugestão foi feita de modo inesperado, sem qualquer consulta com os outros líderes europeus. Contribui para novas divisões entre os europeus, com a Polónia e os Países Bálticos a dirigirem a oposição à proposta e a reforçar a sua posição de porta-vozes de Washington em Bruxelas.

O relacionamento com a Rússia é um assunto muito delicado. Exige muita coordenação entre os aliados europeus. É verdade que há muita matéria que precisa de ser discutida com Vladimir Putin. Mas também é um facto que este não está muito disposto a entendimentos sobre aquilo que é essencial para um melhor entendimento entre as partes.

No mesmo dia em que surgiu a ideia duma cimeira aconteceu um incidente militar grave no Mar Negro entre um navio britânico e as forças armadas russas. A embarcação britânica foi alvo de ameaças e forçada a alterar a sua rota, apesar de navegar num corredor que é reconhecido como internacional. Este incidente aconteceu na pior altura, no que respeita a Merkel e Macron.

Mas acredito que o assunto irá ser aprofundado e que os canais apropriados de consulta acabarão por ser seguidos. A questão é importante para ambos os lados. Mas é preciso encontrar as razões e os temas que levam as partes a um diálogo útil.    

Liderar é saber escolher entre opções difíceis

https://www.dn.pt/opiniao/horizontes-e-equilibrios-europeus-13499513.html

O meu texto de hoje - desta semana - no Diário de Notícias pode ser lido na página acima mecionada. 

Transcrevo de seguida o último parágrafo do meu texto.

"A redefinição do papel da NATO é necessária. O horizonte que temos pela frente é muito diferente do passado. Convém, no entanto, que nos interroguemos sobre qual deverá ser, na verdade, o nosso espaço prioritário de defesa. Também convirá debater qual é o ponto de equilíbrio entre uma Europa virada para um futuro euro-asiático e a história do nosso engajamento euro-atlântico. Vejo aqui duas variáveis que devem ser equacionadas. Uma tem a ver com o nosso relacionamento a prazo com a Rússia. Vladimir Putin não é eterno. A Rússia faz parte da nossa vizinhança estratégica, das nossas complementaridades económicas e das nossas referências culturais. A outra diz respeito à autonomia de defesa e segurança da UE. Deve ser objeto de reforço permanente, sem, todavia, pôr em causa os nossos compromissos históricos com a Aliança Atlântica. Tempos de incertezas exigem que saibamos claramente que equilíbrios manter, e que caminho escolher. Trata-se de combinar coragem com visão."

 

A NATO e as suas realidades

Vi agora um debate sobre assuntos europeus, que teve lugar num dos canais das nossas televisões e percebi, pelas observações, que os analistas – gente séria, diga-se com toda a clareza – não estão a par do que se passa nestes tempos no interior da NATO, na parte relativa ao comando estratégico. Por isso, os seus comentários foram meramente genéricos, baseados no que parece óbvio, mas sem conexão com as realidades que a Aliança Atlântica vive.

Por outro lado, creio que ainda não se entendeu bem o impacto da crise gerada pela pandemia da Covid-19 sobre as questões de defesa, sobretudo na Europa.

A nossa responsabilidade

A vitória eleitoral de Joe Biden e Kamala Harris traz uma certa dose de optimismo à União Europeia. É evidente que o relacionamento entre os Estados Unidos e a Europa será muito mais positivo do que tem sido até agora, durante o mandato de Donald Trump. Estou de acordo com essa maneira de ver. O que me parece errado é voltar a insistir numa relação de subordinação, com a Europa a desempenhar o papel de fraco. Ora, várias reacções europeias têm ido nesse sentido, a insistir numa postura política em que um lado protege e o outro se sente mais seguro. Está errado. A Europa tem de tratar da sua defesa e segurança de modo mais autónoma. Sabendo o que se sabe sobre o funcionamento actual da NATO, é evidente que a defesa europeia, da responsabilidade dos europeus, deve ser uma prioridade.

Sobre a França de Emmanuel Macron

Neste dia nacional da França, queria partilhar duas reflexões sobre um país que nos é próximo, para além de ser muito central para o projecto europeu. Ao reflectir sobre um vizinho importante estou igualmente a pensar nos nossos problemas. Aprender, tendo em conta as dificuldades que existem perto da nossa porta, não é má ideia. E tem custos menores.

A primeira diz respeito ao exercício do poder por Emmanuel Macron. Passaram três anos e faltam ainda cerca de 600 dias para terminar o seu mandato. O Presidente é uma pessoa muita inteligente mas politicamente pouco arguta. Não percebeu que a sua eleição se baseou na novidade que ele representava e num voto fracturado e negativo contra Marine Le Pen. Deveria ter transformado a novidade num projecto reformador, que respondesse às preocupações dos mais frágeis e à ambição das classes médias. Não o conseguiu, porque as suas reformas foram vistas como liberalismo económico e favorecimento das elites urbanas mais qualificadas e em melhores condições de tirar proveito da globalização, uma área onde várias grandes empresas francesas jogam a ganhar. A inovação não pode ser associada à exclusão das populações suburbanas e dos residentes nas pequenas localidades de província.

Também não entendeu que fora eleito por uma França profundamente fraturada. As divisões sociais e políticas são numerosas. Dividem os franceses segundo a sua origem familiar e étnica, religiosa, local de habitação, tipo de formação académica, classes de rendimentos, etc. A tarefa principal, há três anos, deveria ter sido a de atenuar e responder a estas divisões sociais. Emmanuel Macron não lhe deu a devida atenção. Hoje, tem uma França mais dividida ainda. Nos quase dois anos que ainda tem pela frente, vai ser necessário tratar deste desafio. Creio, no entanto, que tenha perdido a credibilidade para o fazer.

A segunda reflexão é sobre as forças armadas francesas. O 14 de Julho continua a ser um dia especial, com um desfile militar que procura mostrar o papel central dos militares na afirmação da França no resto do mundo. Assim aconteceu esta manhã, embora com os constrangimentos que a pandemia impõe. A força militar francesa ainda pesa, no contexto europeu. E em certas partes de África, sobretudo no Sahel, onde movem uma guerra contra os fundamentalistas islâmicos desde 2013. Dois anos antes, haviam participado, a mando de Nicolas Sarkozy, na campanha contra Kadhafi, uma decisão altamente controversa, que levou a desestabilização da região e à destruição da Líbia como Estado unitário. Tudo isto para dizer que a política de defesa da França precisa de ser repensada. No que respeita à Europa, em termos de uma contribuição mais clara para o reforço da capacidade de defesa autónoma do espaço europeu. Macron falou da NATO, com palavras muito críticas, mas faltou-lhe a coragem para apresentar um projecto de reforma da Aliança Atlântica. Ora, ele sabe muito bem quais são os problemas que aí existem. Durante uma parte do seu mandato, procurou uma aproximação com o Presidente dos Estados Unidos, como se não entendesse que isso era tempo perdido. O futuro das forças armadas francesas é o de serem um pilar fundamental do projecto de defesa europeia. No que respeita a África, a França não pode continuar a apoiar regimes de legitimidade duvidosa. O seu papel é o de mediar, não o de tomar partido. O alinhamento com uma das partes tem provocado um desgaste enorme nas fileiras e levado a dispêndios insuportáveis. Esta política precisa de mudar de rumo.

Para rematar, diria que seria importante que Emmanuel Macron pudesse ter um fim de mandato com sucesso. É isso que lhe desejo neste dia da França.

 

 

A ameaça que está no nosso seio

O maior perigo para uma organização não vem de fora, da competição ou dos adversários. A experiência mostra que, na maior parte das vezes, a verdadeira ameaça é a interna. Não será bem um Cavalo de Tróia, mas não andará geograficamente longe. Por isso, em matéria de defesa da Europa, haverá que repensar o assunto com muita seriedade.

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