Com Berlusconi uma vez mais a definir a agenda, a Itália está embrenhada numa nova corrida para a confusão. Reina a demagogia. Até Monti já faz promessas eleitorais irrealistas, ao revés da orientação que seguiu enquanto chefe de governo. Uma parte significativa do eleitorado irá votar, sem grande fé no prometido, mas com base no “nunca se sabe”.
A Bélgica vai passar este fim-de-semana à beira da ruptura. O presidente do Partido Socialista (francófono), Elio Di Rupo, depois de várias semanas de consultas inter-partidárias, abandonou esta tarde o encargo de tentar chegar a um acordo, que pudesse levar à constituição de um novo governo.
Di Rupo, que mal fala a língua da Flandres, onde vivem cerca de 60% dos belgas, mostrou ser um dirigente paciente, sincero, bem educado (ainda há políticos que não dizem meia dúzia de palavrões em cada frase pronunciada), criativo e com um grande sentido de missão. Ganhou o respeito de muitos cidadãos, nas duas comunidades linguísticas. Mas não conseguiu reunir um consenso sobre o futuro institucional da cidade de Bruxelas e dos municípios circundantes.
A crise é muito grave. O país está mais perto do que nunca da fractura. É o resultado de muitas décadas passadas a acentuar as diferencas entre as duas comunidades linguísticas. Fazer política com base em questões identitárias leva qualquer país ao extremismo e ao desastre. Mesmo no centro da Europa.