Este é o link para a minha crónica de hoje no Diário de Notícias.
Cito umas linhas do meu texto:
"Os detentores do poder, seja ele qual for, utilizam cada vez mais as redes sociais para influenciar a opinião pública, manipular o discurso político e criar uma interpretação da realidade que lhes seja favorável. Donald Trump foi exímio nessa arte. Hoje, Narendra Modi é o dirigente no ativo que é seguido pelo maior número de pessoas, cerca de 175 milhões. Modi sabe que as imagens atraem atenção se forem intuitivas, dinâmicas, coloridas e empáticas. Em Portugal, António Costa tem à volta de 266 mil seguidores no Twitter. Não será muito, mas no nosso país o que continua a pesar é a presença frequente nos canais televisivos de sinal aberto."
Nos últimos dias tem-se escrito muito sobre as plataformas sociais. Em geral, para demonstrar todos os malefícios que elas estão ligados. Quem assim escreve são pessoas da elite, que têm acesso aos meios de comunicação social, onde publicam colunas de opinião ou aparecem nos ecrãs. Os seus comentários não traduzem o modo de ver do cidadão simples, que não tem acesso aos órgãos tradicionais nem maneira de fazer ouvir a sua voz. Também não têm em conta que vivemos num mundo digital, em que há uma democratização da informação, novos padrões de comunicação e muito mais gente a produzir opinião.
É verdade que existem problemas e fenómenos negativos ligados às plataformas sociais. Mas também é um facto que assistimos a um fosso crescente entre as elites e o comum dos mortais. Ao pensar nisso, é de perguntar qual é o papel das elites quando se trata de promover a boa utilização das redes sociais?
Noto uma inflação de vendedores ambulantes de óculos de sol, à volta da Torre de Belém. Esse aumento é semelhante ao que está a acontecer com a organização de conferências – há cada vez mais. Como quase todas se fazem por vídeo, ou seja, sem custos de sala, deslocações, recepções, despesas com os palestrantes e outros, é um ver se te havias. Chamam-lhe webinar ou coisa parecida, põem o vídeo no Facebook e no YouTube, e passam à seguinte. São tantas que já tenho uma longa lista de vídeos que gostaria de espreitar, pelo menos, mas não consigo arranjar tempo. Já nem o clique faço, para não alimentar a ilusão das audiências fictícias.
Este é o novo mundo, digital, avassalador em termos de informação e um verdadeiro convite à dispersão das atenções e ao saltitar de tema em tema.