Aqui em casa, a minha mulher e eu, quando residentes na Bélgica, assinámos um documento oficial, um documento por pessoa, que ficou arquivado na nossa câmara municipal, declarando que optaríamos pela eutanásia, segundo os casos previstos na lei e na hipótese de já não estarmos, nessa altura, em condições de decidir conscientemente. E continuamos a acreditar que essa foi a decisão correcta. E mais ainda, que com o avançar da idade, poderá ser uma decisão necessária. O fim de vida deve acontecer com toda a dignidade que uma vida bem vivida merece.
Contrariamente ao que diz Vladimir Putin, o Ocidente não tem a intenção de dirigir o mundo. Não se trata de definir as regras e fazer os outros obedecer. As regras existem, foram sendo construídas por todos, pela comunidade das nações, ao longo de décadas. Dizem respeito ao respeito pela dignidade humana, às liberdades e à segurança das pessoas. O que se pede é que sejam reconhecidas e praticadas, sem excepções.
Hoje publiquei o meu texto semanal, no Diário de Notícias. Trata-se de mais uma reflexão sobre as coisas de agora, os grandes perigos que ameaçam a paz, a estabilidade e a vida das pessoas.
O link que se segue permite uma leitura do texto. É verdade que este não é um serão para grandes leituras. Mas haverá certamente quem se interesse, amanhã, depois das festas, por uma reflexão deste tipo.
O meu texto de ontem no Diário de Notícias, em que falava de Robert Mugabe e de Donald Trump, despertou interesse. Curiosamente, a versão em inglês, traduzida em segundos por meio de Inteligência Artificial e editada por mim, atraiu quase um milhar de leitores.
As duas mensagens principais por detrás das palavras escritas eram as seguintes: primeiro, que é preciso lutar pela democracia todos os dias; segundo, que a União Europeia deve dar uma prioridade absoluta às actividades que reforcem a sua coesão interna.
Claro que havia outras mensagens. Mas parece-me importante sublinhar essas duas.
Também quero esclarecer que as minhas crónicas procuram ser um misto de análise combinada com a promoção de uma certa maneira de ver a política. Não se trata de exercícios académicos. Igualmente, não são expressões de vaidade. Na verdade, o objectivo é construir um pensamento novo, que contribua para o progresso social e para o respeito por cada uma das pessoas. A análise é, por isso, enviesada. Mas no bom sentido.
As forças de polícia nos Estados Unidos têm uma base municipal. Não existe uma visão estratégica do policiamento. Tudo é de nível táctico, visto e tratado com base no caso a caso. A formação dos polícias tem como principal objectivo aprender a reprimir com toda a força possível. Violentamente, em resposta à violência que caracteriza a vida quotidiana de muitos. E é fortemente influenciada pelo racismo que existe em certos círculos da sociedade. Para um europeu, habituado às regras da democracia e de um Estado de direito, é difícil compreender a cultura de brutalidade que prevalece em muitas das forças de polícia dos Estados Unidos.
Por mim, aprendi que os povos têm como grandes aspirações, acima de tudo, a liberdade, a dignidade e a segurança.
A liberdade permite voos ao sabor da vida e das ambições de cada um.
A dignidade significa o respeito pelos direitos individuais, incluindo a aceitação das diferenças.
A segurança começa pela igualdade de oportunidades, pela protecção perante os riscos, sejam eles de natureza económica, sanitária ou o resultado da violência de outros, bem como pela prática da justiça.
Nos últimos dias, a crise que as Forças Armadas portuguesas atravessam há anos voltou aos cabeçalhos da comunicação social. E uma vez mais, se notou duas coisas, por parte dos políticos. Primeiro, que não há serenidade no tratamento da questão. Segundo, que não existe uma visão estratégica sobre o que devem ser as Forças Armadas de hoje e do futuro. Assim não vamos lá.
A defesa é um dos pilares da Nação e os elementos das Forças Armadas devem devem ser respeitados. A primeira fase do respeito passa por incluí-los, de forma activa e séria, não a fazer de conta, na definição do conceito e da organização da defesa nacional.
O Dia Internacional da Mulher é uma data que tem que ser assinalada. Um dia muito importante. E a prova disso, do seu relevo e significado, foram as múltiplas marchas e demonstrações, que hoje tiveram lugar nos mais diversos pontos do globo.
Dizer que todos os dias devem ser dias da mulher está bem. Mas é igualmente fundamental, que haja um dia especial, no calendário anual. Um dia que nos lembre os direitos humanos, com uma especial referência às mulheres e às raparigas. E que sublinhe que a questão da igualdade do género ainda está por resolver, incluindo nas nações mais ricas do planeta. Sem esquecer, claro, as violências que continuamente ocorrem, quer no ambiente doméstico quer ainda na praça pública.
O Natal transformou-se, na nossa parte do mundo, numa data muito especial. É uma festa abrangente, que ultrapassa as linhas de separação religiosas ou filosóficas. Trata-se da celebração da família e da renovação da esperança. Apesar de algum aproveitamento político, o Natal tem conseguido manter a distância que deve existir entre as coisas da política e a consolidação dos laços familiares e de amizade. Dirão que não conseguiu, no entanto, evitar o uso comercial da data. Na realidade, esta é uma altura do ano em que o consumo dispara. Mas a vida é assim: ter coisas, dar e receber prendas, tudo isso está associado à alegria e aos dias festivos, faz parte da condição humana. Seria injusto ser demasiado severo em relação ao consumismo natalício. Lembro-me de quando era criança, das prendas modestas que recebia e da euforia ao ver os pequenos nadas no sapatinho de Natal. E fico convencido que vale a pena ser de novo como uma criança feliz, pelo menos um dia por ano.