Transmitido todas as terças-feiras pela Rádio TDM de Macau, o Magazine Europa tem um bom número de ouvintes. Também é verdade que as horas a que é transmitido ajudam, pois apanham os residentes desse território especial da China em movimento, a andar de carro de casa para o emprego e depois, à tarde, na altura do regresso. Ora, hoje ouve-se rádio quando se está no carro. E vinte minutos é um trajecto médio em Macau.
Mas é igualmente verdade que muitos ouvintes consideram que se trata de um programa de qualidade. E têm razão, graças ao trabalho de coordenação e direcção do Rui Flores, um académico que sabe fazer rádio, e de programação e escrita da jornalista Sofia Jesus. Os comentários cabem-me a mim.
Esta semana comento sobre a Cimeira de Roma, Marine Le Pen, terrorismo e Jeroen Dijsselbloem.
Se houvesse um Prémio Europeu da Estupidez, o ministro das Finanças da Holanda, que é igualmente presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, seria um candidato destacado, com imensas condições para o ganhar.
Membro do Partido Trabalhista (Socialista) da Holanda, ministro há quatro meses, pouco percebe de finanças públicas e nada de assuntos europeus. Mas é um moralista radical à moda holandesa, que foi alimentado nos preconceitos tradicionais, particularmente contra os “latinos da Europa”.
Também não entende que dizer que o programa imposto a Chipre passa a ser o modelo para o futuro é uma afirmação de graves consequências para a confiança dos mercados nos sistemas bancários dos países europeus que atravessam dificuldades financeiras. Disse-o, numa entrevista de hoje à Reuters e ao Financial Times. Depois, e com os mercados a vir por aí abaixo, alguém lhe deve ter puxado as orelhas – terá sido a Tia Ângela? – e o cretino foi obrigado a emitir, através dos serviços de imprensa do Conselho Europeu, um comunicado a dizer que cada país é um caso e que Chipre não abriu nenhum precedente.
Ele também não abriu qualquer precedente, pois imbecis é gente que não falta nos corredores de Bruxelas.
Já tenho profundas saudades de Jean-Claude Juncker, o primeiro-ministro do Luxemburgo que até recentemente dirigia o Eurogrupo, a plataforma dos ministros europeus das finanças. Poder-se-ia, por vezes, discordar das suas posições. Mas era um político de bom senso, europeísta sincero e independente. Tinha, igualmente, muita experiência.
Agora com o holandês Jeroen Dijsselbloem à frente do Eurogrupo, as coisas parecem mal, muito mal encaminhadas. O caso de Chipre é apenas um alerta. O homem, que é ministro das finanças no seu país, parece sofrer de falta de experiência europeia, ter uma visão moralista da correcção dos défices públicos e acreditar nas virtudes dos povos do Norte. É, além disso, um incondicional das posições de Berlim.