A nossa vizinha China
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/01-jan-2021/e-o-premio-vai-para-a-china-13185734.html
Link para o meu texto desta semana no Diário de Notícias. Agora escrevo às sextas.
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https://www.dn.pt/edicao-do-dia/01-jan-2021/e-o-premio-vai-para-a-china-13185734.html
Link para o meu texto desta semana no Diário de Notícias. Agora escrevo às sextas.
Este é o link para o meu texto de opinião que publico no Diário de Notícias de hoje.
Comprar a edição do Diário de Notícias de hoje é gastar 3 euros bem gastos. O jornal está muito bem feito e tem uma série de histórias humanas bem contadas bem como um excelente naipe de opiniões com interesse. A minha coluna de opinião desta semana tenta responder à questão do relacionamento da União Europeia com a Rússia, numa altura em que várias questões – e não apenas o envenenamento de Alexei Navalny – estão em cima da mesa. Faço, igualmente, uma breve referência à China, por comparação com a Rússia.
O link para o texto:
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/05-set-2020/para-alem-do-veneno-12624386.html
A decisão norte-americana de mandar fechar o consulado da China en Houston, no Texas, é mais uma escalada numa confrontação que nos deve preocupar a todos.
A decisão tomada ontem pelo governo britânico exclui Portugal da lista dos chamados “países seguros”, em matéria de contágio. É óbvio que essa exclusão tem um impacto muito forte sobre a imagem do nosso país e os sectores económicos dependentes do turismo. Afasta os viajantes que viriam do Reino Unido e não só. Nestes tempos de grandes medos, a decisão acaba por afectar outros potenciais turistas, noutros mercados europeus.
A verdade é que o país, visto no seu conjunto, e é assim que as coisas se decidem quando olhadas de longe, não está bem. Os indicadores mostram um nível de contágio elevado. Foi isso que levou os britânicos a decidir como o fizeram. Assim, as reacções oficiais ou de gente com poder institucional aqui na nossa terra não me parecem ter sido adequadas. Foram demasiado emocionais e violentas. Patrioteiras, diria o outro...
Não é assim que se faz política, num caso como este. Eu teria simplesmente expressado o desapontamento e acrescentado que tudo seria feito, incluindo junto do governo britânico, para explicar melhor a situação portuguesa e obter uma mudança na apreciação. E ficava por aí.
Utilizar as expressões “forretas” e “poupados” não ajuda o nosso país. O Zé do Cacete ou o comentador televisivo com um ar de vinho tinto mal apurado são certamente fãs desse tipo de linguagem. Mas, a política tem que ser feita com outro espírito. O relacionamento entre os Estados membros da União Europeia deve assentar em discussões construtivas entre os líderes e numa narrativa pública positiva.
Uma relação séria e com peso e medida. Crítica, não haja dúvidas, capaz de defender os nossos interesses, certamente, directa, para que se entenda, mas dentro dos limites que promovem o bom entendimento entre parceiros de um mesmo projecto.
Creio ser politicamente errado continuar a atacar o governo holandês com a ferocidade a que estamos a assistir. Pode dar lucros e dividendos, na nossa cena política interna, mas não faz avançar o projecto europeu de um milímetro. Para mais, agora, que há um acordo que vale 540 mil milhões de euros, a que se juntam os 750 mil milhões que serão disponibilizados pelo Banco Central Europeu. É muito dinheiro e fácil de aceder. Cabe-nos saber aproveitar esses recursos com inteligência. É isso que a nossa população e a nossa economia esperam.
Atacar directamente os Países-Baixos e manter o silêncio perante o que se passa na Hungria, em termos de falta de respeito pelos valores democráticos europeus, parece-me má política.
Não se trata de saber qual é o armamento de que se dispõe. Também não tem que ver com um noção convencional da diplomacia, a que procura agradar a gregos e a troianos e não fazer qualquer tipo de ondas. “Soft power” significa que o país tem capacidade para influenciar os outros, sem qualquer tipo de recurso à força ou à ameaça do seu uso. Tem muito que ver com a imagem exterior que o país projecta, com o seu prestígio internacional, e com o seu apetite para desempenhar um papel activo na procura de soluções para as grandes questões que afectam a paz e a segurança aqui e acolá, ou numa qualquer região do globo.
É verdade que temos estado a assistir ao regresso da política da força. A força num sentido amplo, abrangente, com várias facetas, não apenas a militar. Mesmo assim, as soluções baseadas nos valores da paz, do respeito entre as nações, da conjugação de interesses, continuam a merecer um lugar de destaque na diplomacia internacional. E a serem reconhecidas como a via para respostas duráveis a crises profundas.
A Noruega tem sido um excelente exemplo da utilização inteligente do “soft power”. Pesa muito mais na cena mundial do que o seu tamanho e isolamento geográfico deixariam pensar. É um actor credível e ousado, na resolução de conflitos e na procura de respostas às grandes questões dos nossos tempos.
Nós também o poderíamos ser. Precisaríamos de ultrapassar o paroquialismo que nos fecha na nossa aldeia mental, cultivar a imagem exterior de Portugal e ousar. Teríamos muito a ganhar com uma aposta desse género.
O Conselho Europeu de ontem, que se prolongou até à madrugada de hoje, não conseguiu chegar a um acordo sobre quem deverá assegurar o bastão de comando da Comissão Europeia, no final do mandato de Jean-Claude Juncker. Havia outros lugares de topo em jogo, mas o bloqueio começa com a essa nomeação. Uma vez resolvida, será mais fácil encontrar consensos sobre quem irá ocupar os outros cargos.
Foi uma cimeira de fracturas. As posições defendidas por uns e pelos outros – falo dos Chefes de Estado e de Governo, que são quem se senta no Conselho Europeu – não eram apenas divergentes. Assentavam em todo um complexo conjunto de razões, que impediam a convergência. Eram questões políticas e pessoais.
Angela Merkel saiu da reunião com a postura de Estado que se impunha. Disse fundamentalmente que as discussões continuariam e que seria encontrada uma solução. Normal. Uma decisão a 28 não é fácil de tomar, sobretudo quando não há uma família política que tenha os votos necessários para fazer passar a sua agenda. Sem esquecer que há sensibilidades geopolíticas distintas, bem como visões do futuro da Europa que andam há procura de uma plataforma comum.
Compreendo a dificuldade.
Mas não compreendo os que saíram da reunião a queixar-se dos outros. O Conselho não pode funcionar assim, com sarcasmos, ataques frontais e arrogantes contra alguns dos seus membros. O Presidente francês precisam que lhe digam isso. E o Primeiro-Ministro de Portugal também.
Em política, e nomeadamente em política europeia, é preciso mostrar respeito e paciência. Cada país deve sentir que conta e que as suas preocupações são ouvidas com atenção.
A agenda do próximo Presidente da Comissão Europeia deveria dar uma importância maior às questões do meio ambiente e do clima, da paz e da segurança nas diferentes vizinhanças da UE, bem como ao desenvolvimento económico e social dos Estados membros e à segurança dos cidadãos.
Isso passaria por um esforço mais intenso, quer internamente quer no exterior, na aplicação do acordo de Paris sobre o clima. Também significaria um aprofundamento da diplomacia comum. Igualmente, tratar-se-ia de conseguir chegar a mercado único, no espaço europeu, em matérias de telecomunicações, banca e transportes, incluindo a ferrovia. E, finalmente, a prossecução passo a passo de um programa de defesa e de segurança.
Tratar-se-ia de uma agenda ambiciosa, mas realista e suficientemente clara. Mostrar-se-ia, assim, aos cidadãos europeus o que significa uma União Europeia. A qual, a título simbólico, porém altamente significativo, deveria pôr em cima da mesa a possibilidade de um passaporte único, que reconhecesse as várias nações, mas que investiria na criação de uma cidadania comum e partilhada.
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