Putin e o seu pôr-do-sol. Já disse numa estação televisiva que um ditador que não reprime severamente quem se lhe opõe está a caminhar para a porta de saída, para a deposição ou coisa semelhante.
Neste momento, a imagem que nos chega do Kremlin chama-se confusão. Prigozhin anda por onde quer e lhe apetece. Não se entende que planos tem, mas que faz o quer, isso faz. O general Gerassimov sai, mas continua. Medvedev está cada vez mais mal-educado e escreve o que lhe passa pela cabeça, com uns copitos de vodka a ajudar ou talvez não. Escreve ameaças e asneiras.
Um cadáver político ronda os corredores do Kremlin, diriam alguns. Alimenta-se de amargura, narcisismo, ambição e insegurança pessoal.
Dmitry Medvedev escreve como um carroceiro do Século XIX. No seu longo twitter de hoje, chama velho demente a Joe Biden e aproveita as frases de Trump para atacar o presidente dos EUA. Nem originalidade tem, o miserável Dmitry. Repete as asneiras que ouve dizer à sua volta.
Recentemente, o mesmo Medvedev escrevera um texto absolutamente primário sobre o declínio do Ocidente.
O fulano está a tentar colocar-se na linha da frente, no que respeita à sucessão de Vladimir Putin. Mas o primitivismo do que diz e escreve não lhe deixa muitas hipóteses. Na Rússia exitem políticos de uma craveira que se situa muito acima do carroceiro.
Agora já não é o simples de espírito do Dmitry Medvedev que fala do uso de armas nucleares e da possibilidade de uma III Guerra Mundial. O papel dele, o de abrir essa possibilidade, terminou. Hoje foi o chefe quem falou do assunto. E não estava com um ataque de fantasia ou a tentar meter medo aos medrosos. Falava a sério. O homem que manda no Kremlin receia uma derrota no Leste da Ucrânia. E, por isso, fala da possibilidade de voltar a atacar Kyiv e de usar armas radioactivas, incluindo contra os EUA. O seu estado mental está bastante perturbado. Quando diz o que hoje disse é de se acreditar que estamos à beira de uma situação muito séria. Agora não é já só a Ucrânia que está em perigo. É todo o mundo ocidental. A começar pela Polónia e o Reino Unido, segundo parece. Neste contexto, o mundo ocidental tem de pensar a sério no que devem ser os seus próximos passos. Para começar, deve acreditar que a situação se está a complicar rapidamente.
Este é o link para a minha crónica de hoje no Diário de Notícias. Cito, de seguida, umas linhas desse meu texto.
"Mais ainda, escrevi que se fosse disparado um primeiro tiro, por muito tático, local e limitado que fosse, seria sempre o ponto de partida para uma grande guerra.
Assim continuo a pensar e julgo que estou na mesma onda de pensamento de Vladimir Putin. Dito de modo mais claro, não creio que, neste momento, o presidente russo esteja pronto para recorrer ao armamento nuclear, mesmo quando faz cara de mau e jura que não é bluff. Sublinho, note-se, neste momento."