Estamos num momento de fractura do nosso sistema de governação. Tempos de muita gravidade. Os principais actores políticos portugueses entraram num novo patamar de descontrolo emocional, que provoca crises atrás de crises, pela simples razão dessas pessoas se odiarem. Em vez de discutirem ideias, lançam farpas. À força de as lançar, perdem o sentido da razão. Deixam de ser racionais. Tornam-se meros caceteiros em exercício na praça pública. Perde-se a noção do interesse do Estado. Esquece-se o que é essencial para melhorar a vida de todos nós e garantir o nosso lugar no Mundo, como Nação, numa cena internacional cada vez mais complexa. É o caos.
Há que ver a realidade como ela é. Com estes dirigentes, Portugal vai continuar a afundar-se. Não há outra solução. Estes protagonistas têm que sair do sistema.
O recém-eleito presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público reconheceu que existem pressões políticas sobre a magistratura. No Público de 28 de Março afirma que..."as pressões sobre os magistrados estão a atingir níveis incomportáveis".
Referiu-se também às recentes medidas legislativas do governo. Disse que são "constrangimentos ao funcionamento da justiça". Propositados ou por incompetência, não esclareceu. E que o novo Estatuto do Ministério Público "é restritivo da independência" dos magistrados. Ou seja, tenta instrumentalizar, para fins políticos, diria eu, esta componente fundamental do sistema de justiça.
Tudo isto é muito sério. Preocupante. De arrepiar. Inadmissível num país democrático.
Tenho a certeza que o Ministro da Justiça se sentirá na obrigação de vir à praça explicar de sua justiça. Não pode fingir que não é nada com ele. O silêncio, neste caso, será muito comprometedor.