Microsoft vai despedir 10 mil empregados. Amazon pensa fazer o mesmo. Na semana passada, Goldman Sachs despediu, em 30 minutos, 3200 empregados. Crédit Suisse deverá despedir cerca de 9 mil. Meta, Twitter e outros gigantes tecnológicos preparam-se para seguir o mesmo caminho. O mesmo irá acontecer nalguns dos bancos mais importantes nos mercados internacionais.
O objectivo é sempre o mesmo: reduzir os custos, substituindo os humanos por sistemas de Inteligência Artificial. A IA irá representar, em vários sectores, uma revolução no mercado de trabalho. Até na área da advocacia, por exemplo. Quem irá precisar de um conselho de um advogado, se a internet, através da IA, pode dar a resposta à pergunta jurídica e mesmo, se for necessário, preparar o documento de defesa ou de acusação?
O aceleramento da revolução tecnológica terá um impacto impensável sobre certas profissões.
As sondagens mostram quais são as seis grandes preocupações dos cidadãos franceses neste momento. A saúde aparece em primeiro lugar, como não poderia deixar de ser. Depois, estão o desemprego, o poder de compra, o ambiente, a segurança e a educação, mais ou menos por esta ordem. É curioso ver o ambiente entre as grandes preocupações. Revela uma grande atenção dada ao respeito pelo ordenamento do território, pela limpeza e manutenção das zonas residenciais, pela valorização da natureza. Será igualmente o resultado das campanhas públicas sobre o meio ambiente, o clima e a preservação do mar e das águas interiores.
Se a mesma pergunta fosse feita em Portugal, quais seriam os resultados? Que preocupações estariam no topo da lista dos portugueses?
Este é período do ano em que costumo fazer as malas para passar uma ou duas semanas com as filhas e as suas famílias. Desta vez, porém, uma parte da família não pode viajar, por constrangimentos ligados à pandemia e à obrigação de quarentena. Parece estranho, mas tudo é diferente este ano. A dois dias do fim do mês, poucos são os que estão a fazer planos para Agosto. Sobretudo na parte da Europa onde a minha filha mais velha circula e vive. A incerteza paralisa as pessoas. E a economia, obviamente. Sobretudo a das pequenas empresas, dos serviços e do turismo, ou seja, sectores que são fundamentais para o emprego e os rendimentos de muitas famílias.
Ontem utilizei os serviços da Uber duas vezes, aqui em Lisboa. E de cada vez, tive a sorte de ser conduzido por um jovem que criara a sua própria empresa e encara o futuro com optimismo. Isto, apesar das dificuldades dos últimos meses, da falta de turistas nos dias que passam, da concorrência. Um deles havia trabalhado num grande McDonald’s na zona do Campo Grande. Saiu, há um ano e meio, por decisão própria, pediu um empréstimo e meteu-se no transporte de passageiros. Não está arrependido. O outro, já com três anos de experiência, faz o Verão no Algarve e o resto do ano em Lisboa. O que ganha durante o Verão é altamente compensatório. As deslocações no Algarve contam mais quilómetros e fazem entrar mais dinheiro. Este ano não haverá Algarve, segundo pensa. Mas ainda não decidiu. Como é o seu próprio patrão, a decisão pode ser tomada à última hora, com base no desenrolar da estação turística.
Gostei do que me contaram. As atitudes positivas enriquecem-nos a todos.
A reconstrução das economias europeias deve ser feita com dois tipos de recursos, caso não existam meios próprios da empresa. Empréstimos de longo prazo e financiamentos a fundo perdido. Em ambos os casos, deveriam ser definidas linhas prioritárias, sectores estratégicos, empresas de interesse nacional ou regional, actividades de ponta, que seriam os principais beneficiários dos novos recursos. Sobretudo no que respeita aos financiamentos não-reembolsáveis. Uma política económica deste tipo permitiria uma reestruturação do tecido económico, que tivesse em conta as dimensões estratégicas, o respeito pelo meio ambiente e a sustentabilidade, o encorajamento dos avanços tecnológicos e a geração de empregos.
A liderança política deveria estar já a trabalhar na definição dessas orientações de política económica.
Reconheço que esta primeira semana de março de 2020 só nos pode deixar preocupados. A expansão da epidemia Covid-19 continua, com sérias implicações em matéria de saúde pública e da economia global. A contenção é a prioridade absoluta, mas a verdade é que não está a ser conseguida. Na Europa, os serviços nacionais de saúde oferecem um mínimo de protecção às pessoas infectadas. Poderão, no entanto, chegar rapidamente a um ponto de ruptura, sem capacidade de resposta perante os novos desafios. Nos Estados Unidos, onde a maioria da população não usufrui de um sistema protecção, o impacto social poderá ser catastrófico. E esta manhã, o Cambodja anunciou que está prestes a ter que fechar a sua indústria têxtil, uma das actividades mais importantes do país, pois não está a receber a matéria-prima – os tecidos – que normalmente deveriam chegar da China.
Ignorar este desafio extremamente complexo seria falta de caco político. Creio que o Presidente americano, esta noite, começou a perceber essa verdade.
A agência de noticias Reuters lançou um inquérito internacional sobre “o desafio global mais urgente” que deveria ser tratado no encontro de Davos deste ano. Participaram nesta iniciativa mais de 300 mil pessoas.
As respostas estavam condicionadas em virtude da pergunta só permitir uma escolha entre quatro grandes desafios, excluindo assim outros que considero igualmente importantes, como, por exemplo, os relacionados com a pobreza, o desemprego, a Inteligência Artificial, a gestão das megacidades ou ainda a questão dos direitos humanos, agora que vários autocratas estão no poder. Sem falar, claro, do populismo.
Os quatro desafios seleccionados pela Reuters tinham que ver com o clima, o comércio, a habitação e a desigualdade do género.
As alterações climáticas parecem ser o problema mais sério e urgente para 62% dos que responderam. O comércio internacional, que inclui os conflitos comerciais em curso, ficou em segundo lugar, mas apenas com 19% das respostas. Seguiram-se o acesso a uma habitação condigna (12%) e a questão da desigualdade entre os homens e as mulheres, com 7% das respostas.
Se fosse forçado a escolher, qual seria a resposta, de entre as quatro opções em cima da mesa?
Filipe tem pouco mais de trinta anos, mas já vive na Suíça há cerca de doze. É condutor numa empresa. A sua mulher, também de nacionalidade portuguesa, trabalha numa casa de repouso para a terceira idade, como técnica especializada em geriatria. Vivem bem.
Por razões profissionais, sempre que vou à Suíça estou com o Filipe. E pergunto-lhe como vai a presença portuguesa nas terras helvéticas. A resposta, nos últimos anos, tem sido sempre a mesma. Filipe não gosta de ver chegar à Suíça novos imigrantes, e isso também se aplica aos que vêm de Portugal. É a favor de uma política mais apertada, que torne a imigração mais difícil e leve a uma diminuição das novas entradas. Na realidade, vê em cada imigrante que vá aparecendo um competidor, alguém disposto a trabalhar por um salário mais baixo e que poderá pôr em causa o seu emprego ou pelo menos, o seu nível de vida.
Se pudesse votar, o seu apoio iria para o partido nacionalista suíço, gente que se opõe à entrada de novos trabalhadores estrangeiros, mesmo quando provenientes de países da UE. Isto apesar do acordo que existe entre a Confederação Helvética e a UE sobre a livre circulação das pessoas.
Em França há muito português que pensa como o Filipe. Um bom número desses lusitanos já tem a nacionalidade francesa. Irão votar, amanhã. Sabe-se que muitos apoiam Marine Le Pen. Votam, sem hesitações, pelo partido da xenofobia, eles que ostentam nomes de família que são obviamente de fora, sem raízes gaulesas. Mas votam contra a onda que poderá vir a seguir. E que estará disposta a trabalhar em condições que os portugueses da primeira geração conheceram em França, anos atrás.
A economia portuguesa tem agora ramos de actividade muito competitivos e perfeitamente integrados nos mercados exteriores, sobretudo nos que compõem o resto da UE. Se amanhã saíssemos do euro e entrássemos numa utopia ultranacionalista, essas actividades seriam fortemente afectadas. Fechar-se-iam portas de acesso e experimentar-se-ia um ciclo recessivo acelerado. A nova moeda sofreria desvalorizações atrás de desvalorizações, tornando-se assim impossível importar as matérias-primas e os componentes que muitos produtores económicos utilizam. Ficaríamos rapidamente mais pobres, mais isolados economicamente e com um muito maior risco de instabilidade social.
A via do futuro não passa por aí, nem por qualquer tipo de saudosismo meio bacoco, meio ignorante. Também não se resolve transformando as empresas em repartições públicas. Avança, isso sim, com a contínua modernização da nossa economia, a expansão da formação profissional dos nossos concidadãos, o aumento do poder de compra, e com uma integração inteligente nos circuitos europeus e internacionais. Avança igualmente com a clareza das ideias e a coragem que os debates destas matérias exigem.
BCE : a bazuca de Draghi; as medidas anunciadas a 10 de março de 2016
QE (Quantative Easing) mensal que passa de 60 para 80 mil milhões de euros.
Taxas de juro negativas para incentivar os bancos a emprestar dinheiro para investimentos e consumo.
Compra por parte do BCE de obrigações emitidas pelas empresas com um rating de crédito alto; uma medida inesperada.
O BCE está preocupado em estimular o crescimento económico, em financiar a economia.
Mas o problema é que o quadro macroeconómico de negócios não é favorável:
os impostos e a pressão fiscal são altos
a regulamentação das empresas é demasiado apertada e afecta a sua competividade em relação a actores económicos baseados fora da UE
com a globalização, os grandes grupos económicos preferem investir fora da UE
os bancos têm muito crédito malparado e poucas oportunidades de negócios; há demasiados bancos na UE, no conjunto da UE; continuamos a pensar em termos nacionais, na “nossa banca” que é preciso proteger; os nossos políticos, um pouco por toda a parte, deveriam adquirir uma visão europeia do sistema bancário e ser capazes de a defender
falta emprego e estabilidade o que tem um impacto sobre o consumo das famílias; as famílias adoptam uma aitude de prudência em relação a novos consumos, sobretudo por muitas delas já estarem com um nível de dívidas pesado
Mais ainda, o Euro precisa de baixar de valor, a taxa de câmbio deveria estar entre USD 1,05-1,08 por cada Euro.