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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

A diferença que a imaginação faz

Na minha perspectiva, um académico é diferente de um pensador. Não digo filósofo, que isso está um bocado fora de moda, pelo que uso a palavra pensador.

O académico tem a obrigação de ser objectivo, factual. Deve estudar a fundo, ler milhares e outros milhares de linhas sobre o tema que está no centro dos seus estudos e acrescentar conhecimento ao que já existe. Muitos não o conseguem fazer. Limitam-se a resumir o que outros já disseram, a repetir o que já foi foi explorado. Um bom número dos académicos que por aí andam caiem, aliás, nessa categoria de papagaios com excelentes capacidades de memorização. Dantes, chamar-lhes-ia gravadores, agora terei que dizer que são uma espécie de scanners ambulantes. Acreditam que a erudição é a mesma coisa que o conhecimento. E como há muitos tapados que também vêem a vida académica assim, acabam por ter algum reconhecimento, que é uma palavra que se pode confundir com conhecimento.  

O pensador é acima de tudo um criativo. Vive no mundo da imaginação, das hipóteses, dos cenários possíveis, da prospectiva. A academia é, para ele, uma plataforma para levantar voo e nada mais. O pensador é como que uma águia que vê a vida a partir de um ponto perdido no espaço, muito alto e amplo. Mas, contrariamente à águia, não anda à caça de coelhos desprevenidos. Não liga a essas minudências. Anda, isso sim, à procura de novos horizontes, a abrir novos destinos.

 

O caos em muitas das escolas públicas

 

Os governos das últimas décadas deixaram a indisciplina instalar-se em muitas das escolas públicas. Muitos dos alunos fazem apenas o que lhes passa na real gana. Não se aplicam, não estudam, não sabem escrever e falar português, não respeitam nada nem ninguém. É o caos à solta. Serão, quando chegarem à vida adulta, incapazes de se adaptar às exigências do progresso e de uma vida social produtiva. Andarão por aí, a arrastar a sua indigência e o incivismo que aprenderam nas escolas.

 

O impacto de tudo isto no futuro de Portugal é imenso. A culpa terá que ser atribuída aos que assumiram responsabilidades políticas nos últimos vinte ou trinta anos e que não tiveram a coragem de agarrar o problema. A sua incompetência, falta de coragem, de patriotismo e o oportunismo político que os inspiraram irão custar muito caro ao nosso país.

 

Os professores e a nossa escala de valores

Professores, professores, estão novamente nos títulos dos jornais. Não me meto nessa luta. Mas, quando se trata do ensino, penso que andamos a ver tudo ao contrário. A fase mais importante da aprendizagem é a que corresponde ao ensino elementar, ao despertar da criança para a vida e para o conhecimento. É nessa altura que precisamos de professores de calibre excepcional. Que consigam transformar essa fase da vida das crianças num amor sem limites pela educação, a curiosidade intelectual e a criatividade. Os professores do ensino primário devem ter uma preparação muita avançada. A isso deve corresponder uma remuneração adequada e um estatuto social de grande prestígio.

Sobre os colégios privados

Os colégios privados britânicos praticam propinas elevadíssimas. Não creio que exista uma situação comparável na UE. Também é verdade que o ensino é adaptado às características de cada aluno, de modo a que todos possam desenvolver as faculdades que lhes são próprias. Isso requer turmas de reduzida dimensão e um acompanhamento individual de cada aluno.

Os custos tornam esses colégios apenas acessíveis às famílias com rendimentos elevados. Existe, no entanto, um sistema de bolsas de estudo, também ele privado, por ser financiado por fundações e outros esquemas de doações, que permite a um muito reduzido número de alunos ter acesso a esses colégios, embora provenham de famílias com poucos recursos.

Assim se criam elites e disparidades sociais para a vida. Essas diferenças distinguem-se perfeitamente na maneira de pronunciar o inglês. E tornam-se ainda mais acentuadas segundo o tipo de universidade que se frequenta.

Também é assim que surge uma maneira muito peculiar de ver o resto da Europa. Uma altivez que toca na desconsideração…

 

O Primeiro de Maio

Num dia como o de hoje, quando se celebra a festa do trabalho, permito-me lembrar que os sistemas educativos europeus precisam de levar uma grande volta. Têm que estar orientados para a economia de ponta, de alta tecnologia, de conhecimento e de criatividade e preparar as novas gerações para os desafios de amanhã. Não podemos ter um ensino inspirado nos métodos do passado, na repetição cega, na produção uniforme de diplomas que nada significam.

A educação tem que ter um cariz pessoal, capaz de dar a cada um o máximo de possibilidades, com flexibilidade e através da promoção do espírito criativo e da vontade de vencer. A ambição e a competitividade devem fazer parte dos currículos.

É no sistema de ensino que se manifesta e define a igualdade ou a desigualdade, que depois se irá aprofundar durante a vida activa. Um país que não invista a sério na educação é um país que está a preparar o seu próprio atraso. Está a criar os futuros trabalhadores de segunda. E igualmente, os frustrados de amanhã.

Os jovens e a política

A taxa de desemprego da população belga francófona no grupo etário dos 18 aos 30 anos ronda os 18%. É, assim, mais elevado que a média nacional de 8,3%, que é a taxa geral do desemprego no país. Reflecte um problema que é comum a vários países europeus: uma economia com uma dinâmica insuficiente e que por isso tem dificuldades em proporcionar emprego aos mais jovens. Sem esquecer muito do emprego existente é de natureza precária.

Um inquérito agora divulgado diz-nos que um em cada dois desses jovens considera que o actual sistema de ensino é inadequado e não corresponde nem às necessidades do mercado do trabalho nem dá a agilidade mental que um mundo em mutação constante requer. Assim, não é de estranhar que mais de 60% dos inquiridos tenha uma visão pessimista sobre o futuro da sociedade a que pertencem. Na mesma lógica, 1/3 dos jovens sente-se depressivo ou manifesta algum grau de ansiedade psíquica.

Os dados do inquérito são um verdadeiro desafio político. O problema é que a política tradicional, tal como tem estado a ser praticada, não tem conseguido responder as estas inquietações. Há aqui espaço, por isso, para novas maneiras de fazer política. Como também há campo para as manobras dos populistas e dos irrealistas.

Bullying

O relatório da UNICEF agora divulgado confirma aquilo que o Ministério da Educação finge que não vê: que existem muitas ocorrências de bullying nas escolas portuguesas. O elevado número de casos revela, por outro lado, que deixou de haver autoridade em grande parte das escolas e que os jovens trazem para os estabelecimentos de ensino a violência que se vive em muitos segmentos da sociedade portuguesa.

Avaliações

A prova de avaliação que o governo quer impor aos professores que ainda não pertencem ao quadro das escolas estão marcadas para 18 de novembro. A classe professoral está contra essa medida e resolveu decretar uma greve geral e mais outras manifestações de desagrado.

 

Não me cabe fazer aqui um comentário sobre o assunto. Quero, no entanto, contar o que me aconteceu há uns anos e que tem, no fundo, algo de semelhante.

 

Em 2002, estava colocado no Zimbabué como representante da ONU. Tinha uma pasta bastante complexa, que misturava desenvolvimento, coordenação humanitária e responsabilidades políticas. Era, nessa altura, um dos representantes com mais experiência e senioridade, com competência demonstrada em vários sítios enquanto chefe de missão. Tinha, como poucos, um vínculo permanente com a organização. Isso não impediu Nova Iorque de me aplicar uma regra que havia sido iniciada uns anos antes – eu havia sido um dos promotores desse princípio, mas que na altura só se aplicava aos novos representantes. A regra era simples. Tinha que passar por um exame de avaliação, como todos os outros o já haviam feito.

 

Protestei, fiz valer os meus galões de D2 (director sénior). Em vão. Lembraram-me que eu era dos raros que ainda não haviam passado por esse teste e que tinha que o fazer, sem mais discussão.

 

E lá foi marcada a coisa. Só que o teste era um teste a sério, feito por uma empresa do Canadá. Passava-se em Londres e decorria de um domingo à tarde até quinta-feira ao fim do dia. Era um exercício complicado, que misturava jogos de liderança com análises de casos concretos, simulações de entrevistas na televisão com um profissional da matéria, e duas ou três apresentações públicas.

 

Perguntei o que me aconteceria se não tivesse sucesso no teste, no entender da empresa que me avaliava. A resposta foi clara: a sua carreira de representante da ONU termina aí!

 

Assim mesmo!

E mais. Havia dois ou três escalões de classificação positiva e, em virtude do meu nível, teria que ficar no primeiro. Essa era a única expectativa possível.

 

Devo confessar que o teste foi extremamente difícil. Cheguei a Londres no domingo de madrugada, depois de uma noite a voar de Harare para o destino. Como o primeiro briefing do teste só tinha lugar às 17:00 horas, resolvi aproveitar a manhã e o começo da tarde para ir visitar a minha filha mais nova, que estudava então na Universidade de Bath. Quando voltei, tinha à minha espera a primeira etapa: ler cerca de 200 páginas de documentos confusos e intragáveis, para poder responder, ao começo da manhã seguinte, por escrito, a três ou quatro questões de fundo.

 

Passei o serão e uma boa parte da noite de volta dos papéis.

 

No final, depois de bem avaliado pelo júri, disseram-me que afinal eu entrava no primeiro escalão dos competentes. Que alívio! E que surpresa, acrescentei eu, pois há cerca de uma década e meia que eu, na prática, já estava entre os mais conceituados.

 

Atenção: dos quatro colegas do meu grupo, dois não passaram.

 

É que isto das avaliações tem que se lhe diga.

A sério, que com o futuro ninguém deve brincar

Voltando à questão da educação, queria recordar o que David Cameron disse há dias, no Fórum de Davos: um dos objectivos do seu governo é o de criar as condições necessárias para que as universidades britânicas possam estar entre as melhores do mundo.

 

Cameron pode ter a intenção de cortar várias regalias sociais. Mas o que ele não irá certamente cortar é o nível de investimento que o estado fará na área do ensino. O futuro exige capacidade em competir, formação de ponta e com o futuro de um país não se brinca.

 

Que diremos nós, sobre Portugal? 

As fábricas de produzir vacuidade

No dia de uma nova manifestação de professores, lembrei-me que um lente da Universidade de Évora me disse, esta semana, que a maioria dos seus alunos escreve em português com erros atrás de erros e que, após ler umas linhas de um texto, é incapaz de explicar o que leu. Respondi que assim não se constrói futuro algum. O título universitário, uma vez obtido, corresponde a um diploma desvalorizado e incapaz de competir na praça global. 

 

A única vantagem de produzir diplomados assim é a de aumentar o número dos que se opõem à globalização...

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