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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Malandrices e o que eu sei sobre você

No meu país, que se chama Riumuito, uma jovem ministra, sem qualquer tipo de experiência excepto as malandrices que aprendeu com o pai, que foi também ele ministro, noutros tempos, na chamada Época dos Compadres, resolveu recrutar mais um conselheiro político. Escolheu um jovem sem qualquer tipo de qualificações ou experiência, para evitar estar a recrutar gente com vícios adquiridos noutros sítios, um meio diplomado, ainda com muito por estudar, mas já com 21 de idade. E ofereceu-lhe um bom salário, quando comparado ao que se paga em Riumuito.

Muita gente ficou surpreendida, ao ver que o senhor primeiro-ministro não se meteu no assunto, tendo deixado fazer ou fingindo que não via. E essa gente interrogava-se sobre o silêncio de sua excelência. Apareceram as teorias mais fantasiosas sobre as razões para esse deixar fazer.

Em Riumuito, a política é assim. Sua excelência deve saber que o pai da ministra sabe umas coisas passadas sobre o comportamento de sua excelência. O que será, não sei. Mas deve ser suficiente para que sua excelência baixe a bolinha. Pior ainda. Deve ser tão interessante, que sua excelência colocou essa ministra sem experiência nem qualificações no topo da hierarquia do seu governo. É verdade que estar no topo não significa grande coisa, pois o resto também não vale muito.

Em Riumuito não se brinca com quem tem o poder. E ter o poder significa saber que malandrices os outros fizeram no passado.

O meu amigo Giuseppe diz-me que em Nápoles e arredores também se faz política assim. 

 

Uma nota especial, numa página Especial do DN

Hoje, no Diário de Notícias, num Especial, na página 21, escrevo o que se segue.

"A minha Mãe aprendeu a escrever e a ler graças ao Diário de Notícias. Nasceu e foi criada na cintura das pequenas quintas que, nos arredores de Évora, alimentavam a cidade. Há noventa e poucos anos, Évora era em geral pobre e as gentes das quintas eram ainda mais pobres. As famílias tinham muitos filhos e cada um trabalhava no campo, para ajudar a precária economia doméstica. Ainda menina de tenra idade, ficou com o encargo de pastorear os perus que acabariam no mercado. Teria oito ou nove anos quando viu pela primeira vez umas páginas do DN, que um irmão mais velho trouxera da cidade. Com uma vara, começou a copiar e a juntar as letras, rabiscando-as no chão por onde os perus vagueavam. Pouco a pouco, aprendeu a escrever. Só depois se apercebeu do significado de cada letra e a mágica ligação entre elas, a leitura. E sempre que alguém ia à cidade, pedia-lhe que trouxesse pelo menos uma página do DN, fosse de que dia fosse." 

Um guarda-chuva fora de casa

A minha neta, ontem ao fim do dia, teceu uma série de elogios ao guarda-chuva que utilizei para a levar da minha casa ao carro da sua mãe. Estava um tempo de trovoadas. Na exacta altura da sua partida, começou de novo a chover, e lá fui de guarda-chuva em punho. E é verdade que o dito é bonito, com várias cores, e caro, uma noção que a miúda ainda não entende.

 

Depois, deixei o guarda-chuva à porta de casa, do lado da rua, para deixar escorrer a água, antes de o colocar no bengaleiro.

Claro que me esqueci de o recolher. Passou a noite no exterior.

 

Hoje de manhã ainda lá estava. Devo dizer que esperava que tivesse encontrado outro dono, durante as horas escuras da noite. Há sempre quem ande por aqui a rondar.

 

Ainda bem que assim não aconteceu. A neta vai poder continuar a ficar maravilhada perante as cores do meu guarda-chuva.

O sorteio dos assaltos

Recebi ontem um mail do director-geral dos impostos de Portugal –parece que lhe chamam Autoridade Tributária – a dizer que as minhas facturas de Janeiro iriam entrar no sorteio para a atribuição de um Audi da série não sei quantos.

 

Foi uma surpresa agradável.

 

Primeiro, porque em Janeiro - nem desde então – não estive um só dia em Portugal. Deve ser por causa da factura da EDP pela luz da casita que lá tenho fechada. Segundo, por notar que as Finanças não se esquecem de mim, apesar de eu não viver nem trabalhar nem ter qualquer rendimento em Portugal desde 1978. Terceiro, pela amabilidade que teve de enviar um mail, a dizer que eu também estou na lista dos milhões de facturas que irão a sorteio. É verdade que todos devem ter recebido um mail semelhante, mas fica-se contente quando uma mensagem personalizada nos é enviada pela Autoridade que zela pelos nossos impostos.

 

Só não gostei da ideia de ganhar um Audi. A única vez em que fui assaltado, em Portugal, durante uma breve passagem por Lisboa, foi quando a empresa de aluguer de automóveis me enfiou um carro dessa marca nas mãos. Os ladrões, sempre atentos aos sinais exteriores de ostentação, seguiram-me… E o resto é história.

 

Apesar do carrito, nessa minha infeliz aventura, ter sido da série mais baixa da marca.

Agora imaginem um trabalhador que ganha o salário mínimo mas que vê a Autoridade pôr-lhe nas mãos um Audi – o feliz premiado – a quantos assaltos não ficará potencialmente exposto.

 

Estes sorteios são um perigo para a segurança dos cidadãos.

 

 

Idiomas

Ontem, no centro da cidade, o jovem polícia discutia com uma automobilista alemã, que havia estacionado num sítio que dizia paragem proibida. A senhora argumentava que não tinha saído do carro e estava apenas à espera do marido, que tinha ido pagar a conta e buscar as malas ao hotel. O jovem polícia, de boas maneiras, explicava-lhe que isso não era justificação que se pudesse aceitar. Apontava para o sinal de proibição e explicava-lhe que trinta metros mais à frente já era permitido parar, embora por apenas 15 minutos, no máximo, e contra pagamento. A senhora não queria aceitar e a coisa estava a ficar azeda. Entretanto, fui andando.

 

O interessante da estória era que o polícia, um simples agente de rua, falava inglês com fluência. Como poderia ter falado em letão ou em russo. O incidente veio uma vez mais confirmar a minha impressão que em Riga os jovens falam frequentemente três idiomas. Cada vez que vou a uma pequena loja e que inicio a conversa em inglês, recebo resposta, do outro lado do balcão. Com naturalidade, sem hesitações.  

 

Dizem-me que muitos dos jovens terão estudos universitários e que, depois, trabalham no que aparece. Não sei se assim será. Mas que se fica com a impressão de que existe um nível de escolaridade elevado entre a juventude, isso sim. E muita educação e boa vontade.

Viajantes experimentados

Fui almoçar na zona dos Jerónimos. Na mesa ao lado, estava uma senhora francesa, uma turista residente numa pequena cidade perto do Aeroporto Roissy-Charles de Gaulle, nos arredores norte de Paris. Havia chegado a Portugal ontem de manhã, já havia comido, ainda ontem, num bom restaurante da Baixa e estava agora nesta cervejaria de bairro, que é provavelmente um dos melhores sítios para comer no Restelo.  Uma cervejaria de peixe e mariscos, muito conhecida e frequentada pelas famílias residentes no bairro – nem todos no Restelo são diplomatas ou gente muito rica – e que raramente atrai estrangeiros. Mas a senhora francesa lá estava, mais os seus três livros de viagens sobre Lisboa e Portugal. Tinha tudo bem estudado e programado, para os oito dias que iria estar no nosso país. Incluindo uma visita de ida e volta a Évora, na Terça-feira.

 

E sentia-se bem. Na frescura dos seus oitenta anos de idade.

 

O drama

Em matéria de teatro, acabar a peça no final do primeiro acto seria um desapontamento. Antes do intervalo, há sempre drama. Depois, cai a cortina. Volta, agora, a subir, para o acto seguinte. Ou seja, o espectáculo, para grande alívio nosso, vai continuar. É verdade que isto é um teatro de província e que, por isso, os actores são de segunda escolha. Mas mesmo assim, vale a pena ver como se vai desenrolar a segunda parte, que cenas trágicas vão ser encenadas, e que vai acontecer aos vilãos do enredo.

 

O encenador será fraco, mas será que temos meios para mais?

Sem comparar

Ilona D. está na terceira posição, na hierarquia no Ministério da Defesa deste país báltico. É uma senhora que já foi jovem, mas que mantém uma elegância e uma presença agradável. Fala as seguintes línguas: letão, estónio, russo, inglês, francês, todas fluentemente. Participa em vários grupos de trabalho internacionais. Não tem medo da globalização. Sente-se à vontade numa Europa sem fronteiras. Acha que estar na UE é uma oportunidade que tem que ser aproveitada. 

 

Disse-me, à hora do jantar, que o seu filho emigrou para a Irlanda, anos passados, à procura de melhor condições. Considera isso normal, embora penoso. Hoje em dia só quem tem mobilidade é que pode ter ambição. Assim é o mundo de agora.

 

A crise e o Lamborghini

Waterloo é uma pequena localidade ao Sul de Bruxelas, a cerca de 17 km do centro da capital, que ficou célebre por causa do encontro fatal que aí teve lugar entre Napoleão e Wellington, há cerca de 200 anos (1815).

 

Hoje é um dos lugares mais abastados da Bélgica. Muitos dos seus residentes são estrangeiros que trabalham nas instituições europeias, nas embaixadas ou em certas multinacionais. Escolheram esse município por ser um subúrbio francófono, o primeiro mais cerca de Bruxelas, de vivendas e escolas de qualidade, incluindo várias escolas internacionais. 

 

Estive em Waterloo esta manhã.

 

É curioso ver o tipo de lojas que se abrem na rua comercial mais importante. Uma delas, de uma grande marca de malas de senhora, tinha muito por onde escolher, para quem procure um saco entre 1200 e 4000 euros. Um pouco mais à frente, está a tenda dos Rolex, não dos feitos na China. Temos ainda vários comércios de pastelaria de luxo e outros pronto a comer da classe traiteur, e assim sucessivamente. Algumas delas, tinham um anúncio, a oferecer emprego. Pensei que se fosse mais jovem, ainda era capaz de arriscar uma ou duas entrevistas. É um luxo poder servir clientes de luxo, diria o outro.

 

Em nenhuma parte ouvi falar de crise.

 

Acabei por não comprar nada.

 

Mas lembrei-me que na semana passada tinha ido a uma vila semelhante, do lado flamengo, Zaventem, que é também onde está localizado o aeroporto internacional. Queria comprar uns simples tapetes feitos à máquina, tinha pensado num montante de quarenta euros por peça. Acabei por não encontrar o que procurava. Dei comigo, no entanto, a admirar o stand dos Lamborghini, que se encontra situado ao lado. Havia uma série deles à venda. Lindos. Os preços deveriam começar na casa dos 250 000 euros. Ainda pensei que, havendo crise, talvez pudesse comprar um, dando 40 euros de sinal, que esse era o meu orçamento do dia.

Gente com genica

Esta manhã, preparava-me eu para atravessar o boulevard Lambermont, em Bruxelas, quando sou abordado por duas mulheres. Uma na casa do virar dos trinta para os quarenta, a outra bem mais jovem , provavelmente filha da primeira, talvez não, mas com cerca de vinte deles. Num francês claro, mas obviamente estrangeiro, perguntam-me como chegar a um centro comercial aqui da zona. Tinham um papel com tudo bem indicado, uma anotação feita com o cuidado de quem não gosta de andar perdido.

 

Ao explicar-lhes como fazer, percebi que eram portuguesas. E que a mais nova havia chegado recentemente, uma presença mais na emigração lusa nesta terra. Gente do Porto, cheia de vida e prontas para o que der e vier. A jovem tinha uma entrevista no salão de cabeleireiro, no centro comercial. Um possibilidade de emprego. Que não teria tido em Portugal. Se for aceite, poderá contar com 1200 euros limpos por mês, mais as gratificações. 

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