Este é o link para a minha crónica de 2 de fevereiro de 2024 no Diário de Notícias.
A crónica começa assim: "Salvo exceções, a política é um mundo habitado por oportunistas. Nicolau Maquiavel, há quinhentos anos, entrou para a história da ciência política moderna, ao escrever sobre o assunto, pondo o acento tónico na palavra cinismo. Mas a prática vinha da antiguidade e continua nos nossos dias, nos governos, nos partidos e na habilidade em manipular a opinião dos cidadãos. A ética, ou seja, o respeito pelos princípios, pelo interesse comum, pelos contemporâneos e pelas gerações vindouras, é uma palavra que faz rir, disfarçadamente, muitos dos que andam na política. Para estes, a única coisa que conta é o seu benefício pessoal, garantido pela manutenção no poder graças a uma clientela política."
O Presidente da Síria, Bashar al-Assad, chegou hoje à China para uma visita de vários dias. Desde o início da guerra civil e dos massacres que tem levado a cabo desde 2011, esta é a primeira visita de al-Assad ao estrangeiro, com excepção de duas ou três deslocações rápidas à Rússia.
O significado político desta deslocação é muito importante. A China convidou um protegido de Vladimir Putin que é igualmente um criminoso de guerra, aos olhos do Ocidente. Ao fazê-lo quer mostrar a sua independência total perante o Ocidente. Isto, apesar de continuar a insistir na necessidade de reforçar as relações comerciais com a Europa e os Estados Unidos.
É um jogo de ambiguidades. Permite à China jogar em dois terrenos ao mesmo tempo e tirar o maior proveito possível dessa duplicidade. E confundir o adversário.
Este é o link para o texto que publiquei na sexta-feira no Diário de Notícias.
Cito umas linhas dos texto: "Já Putin e Kim não precisam de falar do seu futuro político. Estão convencidos que têm impérios para mil anos. Em Vostochny falaram sobretudo da cooperação militar. A Rússia pode ajudar nas áreas do nuclear e da conquista do espaço, que são duas obsessões de Kim. E a Coreia do Norte pode fornecer munições, obuses e outras peças de artilharia, embora os russos hesitem quanto à precisão desse material. Mas o encontro tinha sobretudo várias dimensões políticas: mostrar que a Rússia e a Coreia do Norte se podem entender sozinhas, sem a intermediação da China, de quem não querem ser vassalos; que a Rússia poderá estar pronta a vetar, no Conselho de Segurança da ONU, qualquer renovação das sanções contra Pyongyang, quebrando assim a unanimidade que tem existido entre os membros permanentes, a não ser que os países ocidentais adotem uma postura mais branda no seu relacionamento com Moscovo; e finalmente, os russos querem assinalar que a sua escalada do conflito com o Ocidente pode levá-los a incitar Kim Jong Un a cometer uma loucura bélica na sua parte do mundo. Isso levaria os EUA a virar toda a sua atenção para o nordeste da Ásia, deixando a Ucrânia para trás, em termos de apoio."
Assim se intitula o texto que hoje publico no Diário de Notícias.
Cito umas linhas:
"Nesta mesma linha de ideias, uma das conclusões que se deve tirar da cimeira é que a Europa precisa de reequilibrar a Aliança. Os EUA continuam a ser determinantes dentro da NATO. Têm 70% da capacidade militar existente e meios que não estão disponíveis no seio das Forças Armadas europeias. A dependência da Europa em relação aos Estados Unidos, uma dependência com várias facetas, desequilibra a organização."
Uma das conclusões que se deve tirar da cimeira da NATO, que continua amanhã, é que a Europa precisa de reequilibrar a Aliança. É evidente, mesmo sem ser necessário chegar ao termo da cimeira, que a Europa da defesa pesa muito pouco na balança.
Com mais de 70% da capacidade militar existente e com meios que não estão disponíveis no seio das forças armadas europeias em quantidade suficiente, a dependência em relação aos Estados Unidos é enorme. É, na verdade, determinante.
Se no futuro os EUA decidirem retirar-se da NATO, mesmo parcialmente que seja, os europeus ficarão numa situação de grande vulnerabilidade. Por isso, quando se fala da Europa da Defesa não se está a tentar promover uma alternativa à NATO. Estamos, sim, a sublinhar que é fundamental criar um mínimo de condições militares, no interior da Aliança, que permitam continuar a garantir a soberania, a liberdade e os direitos humanos da nossa parte da Europa.
Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias.
A mensagem principal é simples: deve-se fazer pressão sobre os EUA e a China para que procurem desempenhar um papel construtivo na ONU e na cena internacional. É isso que se espera das duas superpotências.
Cito umas palavras do meu texto:
"Palavras leva-as o vento, mas quando se está à frente de um Estado exige-se circunspeção. Agora, é preciso algo de concreto.
Face ao contexto internacional e ao facto de ambos serem membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a China e os EUA poderiam mostrar a todos nós que ainda pode haver esperança no futuro".
Singapura voltou a organizar, este fim de semana, a conferência sobre a segurança na Ásia e no mundo, que é conhecida pelo nome de Shangri-la Dialogue. Esta é uma das conferências mais importantes sobre o tema da segurança internacional, tendo em conta as várias zonas de tensão existentes naquela parte do planeta: o mar do Sul da China, Taiwan e o seu Estreito, as diferentes rivalidades entre a China, os Estados Unidos, o Japão e também a Austrália, e ainda a questão da Coreia do Norte. Tudo isto se enquadra numa competição extrema entre as duas superpotências que são os Estados Unidos e a China.
Um aspecto marcante da conferência que hoje termina foi o facto do ministro da Defesa da China ter recusado uma reunião a dois com o seu homólogo americano. O ministro é o General Li Shangfu e ocupa o cargo desde março, depois da consolidação do poder de Xi Jinping. O General Li tem estado na lista de sanções dos Estados Unidos desde 2018 devido à compra de armamento russo cuja comercialização tinha sido considerada pelos americanos como sancionável. Por estar na lista, o general chinês achou que não devia encontrar-se com a delegação americana.
Ao mesmo tempo que isto acontecia em Singapura, chegava a Beijing uma delegação de alto nível do Departamento de Estado americano, para consultas. Ou seja, para além das aparências, os contactos entre ambas as partes existem. O próprio director da CIA esteve há dias na China, também para consultas.
É uma situação complexa. Mas a verdade, deve ser vista com muita clareza. Existe de facto a possibilidade de uma confrontação entre estas duas partes. Nenhuma está disposta a ceder terreno geopolítico. Por isso, o confronto é algo encarado como possível, quer em Washington quer em Beijing. A hipótese mais provável é que resulte de um incidente marítimo ou aéreo que envolva ambas as forças armadas. A partir daí, poderemos entrar numa situação incontrolável e absolutamente destruidora. Esse é um dos pontos mais importantes da agenda internacional, que deve ser tratado de modo contínuo e prioritário.
Este é o link para o texto que hoje publico no Diário de Notícias. O tema tem estado, nos últimos tempos, nas bocas do mundo. Esse facto tornou a minha escrita mais difícil, já que tenho sempre a preocupação de acrescentar algo de novo. Espero tê-lo conseguido.
Cito um extracto desse texto:
"Aí se diz, na minha versão em português: "Mitigar o risco de extinção que pode advir da IA deverá ser uma prioridade global, e o mesmo se aplica a outros riscos de grande escala, tipo pandemias e guerra nuclear." Ao escrever extinção, referem-se à espécie humana. É uma afirmação muito séria, numa área tecnológica de ponta, de transformação social e de criação de riqueza, incluindo, como as últimas semanas o mostraram, de fortunas baseadas na valorização em bolsa de empresas de IA. É simultaneamente um aviso categórico, sem mais explicações. Porém, não pode ser ignorado. Provém de muitas das melhores cabeças na matéria."