Contra sem Prós
O programa da RTP1 “Prós e Contra” de ontem discutiu a questão dos cortes nas Forças Armadas. Foi uma emissão que me mereceu vários comentários:
- A animadora do programa, a jornalista Fátima Campos Ferreira, não tinha estudado o dossier suficientemente, não estava a par dos números que são públicos, pareceu-me, várias vezes, perdida no meio dos generais;
- Não houve contraditório, todos tinham a mesma opinião; teria cabido, neste caso, à animadora levantar pontos polémicos, mas não o soube fazer;
- O Gen. Loureiro dos Santos, com o seu ar de velho lobo matreiro, tentou dominar o debate e aparecer como a alternativa à política de defesa do governo; dizem que gosta de protagonismo, mas a verdade é que a maneira como fala projecta uma imagem demasiado autoritária e uma certa matreirice que não ajuda a causa;
- Nenhum dos oficiais generais presentes no painel conseguiu explicar claramente as missões actuais das FA, transformando o programa numa oportunidade desperdiçada e num mero ataque ao governo e aos políticos em geral;
- Também não conseguiram responder aos que pensam que a contestação existe por razões meramente corporativistas, para defender interesses e vantagens numa altura em que outros estão a perder direitos e mesmo a procurar apenas sobreviver;
- Porta-vozes de oficiais, sargentos e praças no serviço activo tomaram a palavra no programa, com declarações nitidamente políticas, o que poder ser considerado um acontecimento único, que não acontece nos outros países da NATO;
- O antigo ministro da Administração Interna, Rui Pereira, parecia estar no debate com o à vontade de uma mosca a nadar num prato de sopa; não sabia bem o que deveria dizer e por isso foi dizendo umas coisas, poucas e sem peso;
- O outro participante civil, não interessa aqui o nome, parecia ter sido convidado para acertar as contas, fazer de contrapeso, permitir chegar a seis; fora isso, disse umas generalidades.
Foi pena.