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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Uns vizinhos temporários

Durante três dias, de Sexta até hoje, milhares de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, encheram o estádio do Belenenses. Gente bem posta, com uma paciência evangélica, chegaram, cada dia, por volta das 08:30, para deixar o local cerca das 18:00 horas. Vinham às famílias, quase todos em carros particulares em bom estado.

 

As entradas do estádio eram controladas pela segurança da Igreja, tudo muito certinho e sem falhas aparentes. 

 

Foram meus vizinhos temporários. De vez em quando, olhava da minha varanda e lá estavam eles todos sentados, muitos ao Sol, cheios de fé e de calor. Eram uma paisagem humana interessante, uma curiosidade, num bairro de Lisboa que não tem grande animação de rua. O que fizeram, durante tantas horas, não sei dizer.

 

Aliás, eu nada sei sobre esta seita, para além do que é público. Mas nota-se que têm dinheiro, embora não creio que tenham poder. 

A igreja grande

 

Copyright V.Ângelo

 

Neste Domingo de Páscoa convido o leitor a visitar a Igreja Matriz de Birao, capital da região de Vakaga, na República Centro-Africana, bem perto da fronteira com o Sudão.

 

Com o tempo, a igreja, que como deve ser, está situada na zona central de Birao, perdeu os fiéis. Hoje é um edifício sem vida, numa terra que é cada vez mais islâmica. O Islão conseguiu penetrar ao nível popular, ganhar raízes locais, sobreviver às crises políticas e aos conflitos armados. A região está, hoje mais do que nunca, virada para o Sudão muçulmano. Bangui, a capital da RCA, fica longe, o cristianismo é uma religião de brancos e de gentes das cidades, um mundo distante, estranho, nestas terras bem estranhas.

 

 

O marabu dos meus sonhos

 

Alguém amigo dizia que eu deveria ir ao médico, por causa do stress que dá lume aos meus dias correntes. Que é preciso cuidado e cuidar-se. Pensei, mas não o disse, que talvez fosse melhor ir ver um dos marabus famosos que existem por estas terras. Sabem preparar uns amuletos muito eficazes. Nesta fase, preciso de vários, que me protejam durante os tempos de conflito e de confusão que se aproximam. É que gerir uma situação que tem que ver com o futuro de milhares de pessoas não é água cristalina. Por exemplo, a arte de encontrar o equilíbrio entre a verdade e a diplomacia requer um amuleto especial. E palavras apropriadas, como que vindas da sabedoria antiga de um velho adivinho.

 

Há vinte anos, quando vivia na Gâmbia, entrei pela primeira vez em contacto com o mundo dos marabus. Um misto de guias espirituais, velhos sábios e letrados da religião. Como em tudo o que é liderança, há no marabu uma boa dose de ilusão. Nalguns casos, trata-se mesmo de charlatanismo. Mas os meus amigos marabus foram sempre escolhidos entre os que eram mais guias e menos inventores de futuros. Havia nessa altura, a cerca de 450 quilómetros de Banjul, perto da cidade de Basse, um velho marabu que era famoso em toda a região. Tinha eu um colega que trabalhava junto do Secretário-geral da ONU em Nova Iorque. Cada vez que recebia um olhar mais duro do SG fazia a viagem dos Estados Unidos até aos confins da Gâmbia, à procura de conselho e duma mezinha que o tornasse novamente querido. O velho marabu ajudou-o muito. Só que o colega tinha a mania das grandezas. Quando conseguiu ser promovido a um posto importante - que amuleto terá feito esse milagre? - abusou e acabou por ser demitido. Nessa altura já não houve marabu que lhe valesse, pois o velho feiticeiro havia entretanto viajado para a terra dos antepassados.

 

Sempre tive uma certa admiração por esses homens, que misturam ritual com psicologia, tacto humano com distanciamento, tranquilidade com a dose exacta de palavras proferidas, e que se rodeiam de uma corte de auxiliares, o que aumenta o seu misticismo, poder e influência. São também grandes manipuladores de homens. Comerciantes da ansiedade, da fraqueza, da incerteza, gestores dos receios dos outros. Aumulam uma riqueza incalculável ao longo da vida. O de Basse, por exemplo, tinha vários automóveis novinhos em folha, nas suas garagens. Oferecidos pelos que o consultaram. Nunca aprendeu a conduzir. Mas sabia, que no mundo dos amuletos, ´dos talismãs, dos símbolos, como no mundo da política, o que conta é a fé.

 

Uma fé inacabada

 

Copyright V. Ângelo

 

A igreja de Sam Ouandja, na RCA, está por acabar. Algum missionário mais ousado deve ter passado pela vila e pensado numa construção sólida. Mas, nestas terras de violências, tudo é precário.

 

Mesmo as pessoas parecem estar por acabar. Como se faltasse acrescentar qualquer coisa à alma das gentes. Vive-se devagarinho, na esperança que as balas perdidas passem ao lado.

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