A Internacional Socialista, por carta datada de 31 de Janeiro de 2011, resolveu retirar da lista dos seus membros o partido de Hosni Mubarak.
O Partido Nacional Democrático, o partido do regime, era membro da Internacional Socialista desde 1989. Tinha sido admitido como um meio de premiar Mubarak pelo tipo de relações que mantinha com Israel. Não por ser socialista e, ainda menos, por ser democrático. A decisão fora mais um exemplo da ambiguidade com que o Ocidente tem tratado a governação autocrática do Egipto.
O mal-estar no sector da educação, que continua sem solução e a ser tratado de um modo conflituoso, tem raízes profundas, interpela muitos governos, presentes e passados. São anos e anos de falta de firmeza e de linhas claras na área educativa.
Tem, por outro lado, um impacto incalculável a longo prazo na nossa capacidade de formar as novas gerações, de modo a que estejam preparados para competir num mundo em que o conhecimento e' o capital fundamental de um país. Vai continuar a contribuir para que nos deixemos ficar para trás. Como tem vindo a acontecer.
A notação financeira da dívida pública portuguesa, que mede o grau de confiança no nosso presente e na sua evolução a prazo, baixou de classificação, enviando um sinal forte de crise estrutural em Portugal. Estrutural quer dizer que se trata de um problema profundo, com as raízes bem enterradas no passado e com poucas hipótese de mudar para melhor, no futuro mais próximo. Quer dizer, também, que se vai continuar a andar a passo lento, enquanto outros nos irão ultrapassando.
Não e' apenas a crise económica internacional que explica a fragilidade da economia nacional. Meus senhores, não digam isso com esse ar de seriedade beata. Aceitem os factos. Encarem a verdade de frente.
As causas encontram-se nos muitos anos, e vários governos, de má administração macroeconómica, de falta de incentivos ao investimento de ponta, de burocracias complicadas e paralisantes, e acima de tudo, como resultado de um longo período de insucessos na área da edução, da formação profissional, da preparação para a inovação tecnológica e científica. De indisciplina educativa e de abandono do sistema que deveria preparar os portugueses para um mundo em mudança rápida.
A entrevista do Rodrigues dos Santos ao Santos das Finanças, hoje na RTP, foi surrealista. Uma espécie de pugilato no mundo da fantasia.
O Santos da TV, uma instituição falida que vive 'a custa dos impostos dos cidadãos, quando já devia ter sido declarada em falência financeira e substantiva, atirava-se 'as canelas do Santos "O pior Ministro das Finanças da Europa', com a fúria habitual do cão que morde a mão de quem lhe dá o osso. E o enjaulado cavalheiro das finanças lá ia repetindo que a crise anda mais depressa que os pobres ministros e e', por isso, difícil de prever.
O entrevistador em fúria contra o governante sem pedalada para a situação.
Estamos de facto cada vez mais patéticos.
Com Santos assim, nem uma nova aparição nos salva.
Os dados da OCDE colocam Portugal entre os estados membros dessa organização onde a desigualdade social e' mais acentuada. Aparecemos ao lado do México, da Turquia e dos EUA.
A agravação das desigualdades sociais mostra que os sistemas de solidariedade não funcionam, que os ricos conseguem mais facilmente escapar aos impostos, que as oportunidades na vida têm mais que ver com a classe de origem do que com as qualidades individuais de trabalho e de criatividade. Revela ainda que a lei da força, das relações sociais privilegiadas, baseadas no poder, contam mais do que a igualdade de oportunidades.
Da' lugar a maiores divisões sociais, a cidadãos de primeira e de segunda, a uma maior brutalização das relações sociais.
Ou, seja, a uma situação em que o que impera e' a injustiça.
A classe dirigente não aparente sensibilidade política no que respeita à pobreza em Portugal. Numa altura em que há cada vez mais famílias em dificuldades, com uma economia incapaz de responder aos desafios de uma Europa moderna, os políticos ignoram pura e simplesmente o desespero dos pobres. Como se uma parte da população portuguesa fosse simplesmente invisível.