Os insultos e as ameaças proferidos contra o Presidente da Assembleia da República devem ser inequivocamente condenados e objecto de procedimento criminal. Não sei se os diferentes partidos políticos se pronunciaram sobre o que aconteceu. Espero que o tenham feito e sem qualquer tipo de ambiguidades. Isto não é uma questão partidária. Trata-se de salvaguardar o respeito por quem exerce funções públicas. Ferro Rodrigues não será o político mais arguto ou mais simpático ou tolerante na colecção que temos. Mas é o segundo magistrado da nação e como tal deve ser tratado.
Por outro lado, os tresloucados que cometeram os crimes contra Ferro Rodrigues são gente que não dá para entender. Mas a sua falta de inteligência é uma coisa. A violência que revelaram é outra. Essa é pura e simplesmente inaceitável.
Entretanto, ainda não percebi se Fernando Nobre tinha ou não discursado perante estes energúmenos. Esta é uma questão menor. No entanto, precisa de resposta. O próprio deverá esclarecer se sim ou não e, caso tenha botado palavra, explicar publicamente aquilo que lhes disse.
Numa nota mais geral, sempre achei um erro misturar acção humanitária com combate político. São duas coisas completamente diferentes. Quem anda numa não se deve meter na outra.
Estão a dar gás ao fulano. E ele e os seus aproveitam-se dessa estupidez. Pouco a pouco, irão tentar ser a personificação de tudo o que é oposição da velha direita ao Partido Socialista, da raiva que sempre existe contra quem parece não querer largar o poleiro político. Procurarão ser vistos, por uma parte dos eleitores, como a única réplica corajosa e ousada a António Costa e aos seus. Tentarão marcar a agenda mediática. Não são tolos. Antes pelo contrário, estão a crescer e a marcar pontos.
Assim crescem os movimentos políticos desse género.
António Costa, a nova cabeça do Partido Socialista (PS), tomou uma primeira decisão política: acaba de escolher Eduardo Ferro Rodrigues, um político experiente e com peso dentro do PS, onde já foi Secretário-geral durante dois anos (2002-4), como líder da bancada parlamentar do partido na Assembleia da República. Foi uma decisão que me pareceu acertada. Ferro Rodrigues não será uma cara nova e fresca na política nacional – tem quase 65 anos e anda nisto há muitos anos – mas é uma personalidade que projecta uma imagem de seriedade e, em certa medida, ligada a um período governativo que continua a merecer a classificação de positivo.
Uma das suas primeiras tarefas será a de reforçar a disciplina parlamentar dos deputados do PS. Nos últimos tempos tem havido alguma cacofonia, com deputados a debitarem opiniões na comunicação social muito díspares e algumas de um radicalismo verbal que não será próprio de exponentes de um partido que é um dos pilares das instituições democráticas portuguesas.