Uma Direita confundida
Alguns “pensadores” da Direita portuguesa gostam de ir buscar ideias e inspiração ao Financial Times (FT). Depois, publicam uns textos de opinião, que pouco mais são que um aportuguesamento do que lerem no diário conservador inglês.
Como o FT publicou esta semana dois ou três textos de comentário contra Jean-Claude Juncker, opondo-se à sua candidatura à presidência da Comissão Europeia, os nossos brilhantes homens de ideias de Direita lançaram-se ao ataque do luxemburguês. Um deles até escreveu que Juncker vem de um micro-Estado e por isso não tem condições para estar à frente da Comissão. À falta de melhor argumentos, saem coisas deste género.
Na ânsia de copiar os conservadores ingleses, esquecem-se dos interesses de Portugal. O Luxemburgo é um país que acolhe uma vasta comunidade imigrante portuguesa. Juncker foi sempre a favor da presença portuguesa no seu país. Defendeu a nossa imigração durante os muitos anos que esteve à frente do governo do seu país. É, além disso, um político europeu que gosta de Portugal e que compreende que a Europa só se construirá se houver um equilíbrio entre o Norte e o Sul.
Sem deixar de mencionar que Juncker defende uma grande coligação com a família socialista europeia. Ou seja, entende bem que a Europa também só é viável se tiver uma base de apoio político muito vasta.
Mas, para a nossa inteligência de Direita, nada disso conta. O que é importante é parecer esperto, contrário e alinhado com as posições do FT. É uma inteligência sem visão, pobre e pobre de espírito.