Cito umas linhas: "A complexidade das relações entre a China e os países do G7 estará no centro da agenda. É uma questão fundamental para o Japão e os EUA. Veremos o que será escrito sobre o assunto no comunicado final. Entretanto, acrescento que considero um erro ver a questão chinesa apenas sob o ângulo da rivalidade, seja ela militar, económica ou tecnológica. É preciso manter um diálogo construtivo e uma cooperação prudente com a China - quer se queira quer não, trata-se de uma potência incontornável na cena mundial. Temos de ser claros em matéria de valores e saber conciliar cooperação com a segurança dos nossos interesses estratégicos."
Creio ser útil voltar a falar sobre as sanções que a União Europeia e o G7 estão a impor à Rússia. Esse é um debate que não está concluído, apesar da UE já ter aprovado sete rondas de sanções. Os cidadãos que estão de acordo com as sanções são a maioria. Mas os que as criticam merecem ser tratados com atenção. A opinião pública deve ter uma visão clara do que se pretende obter.
Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias.
Cito, de seguida, um pequeno parágrafo desse texto.
"Na verdade, o meu propósito é o de sublinhar o potencial que existe ao nível do G20. Esta é a única organização, para além do sistema das Nações Unidas, que consegue reunir os poderosos do Norte e do Sul. Deve, por isso, ser vista como uma boa aposta em termos de colaboração política e económica internacional. E hoje é fundamental que se volte a falar de cooperação e complementaridade, face aos desafios que todos enfrentamos. Os líderes devem sair dos discursos meramente antagonistas."
Este é o link para a minha crónica de hoje no Diário de Notícias. Cito, de seguida, um parágrafo do meu texto.
"Para além da aprovação do novo conceito estratégico, o desfecho do que está a acontecer na Ucrânia é que será verdadeiramente transformador. A cimeira de Madrid reconheceu que não se pode deixar a Rússia vencer o conflito que provocou. Nos tempos de hoje, a violação da lei e da ordem internacionais não deve trazer vantagens para o infrator. Já a reunião do G7, uma cimeira algo confusa nas vésperas do encontro de Madrid, havia chegado à mesma conclusão. Mas uma declaração desse tipo só tem valor se for traduzida em ações concretas que impeçam a vitória de Moscovo."
A cimeira do G7, que hoje começou na Baviera, tem quatro grandes preocupações em cima da mesa:
A política de agressão de Vladimir Putin, que está num crescendo e é bastante preocupante. Como irá evoluir este conflito nos próximos tempos?
A nova maneira da China conduzir a sua política externa, que é mais explícita nos ataques aos EUA e à NATO. Aqui, a aprovação pelo G7 de uma Parceria Global de Infra-estruturas, num total de 600 mil milhões de dólares para o período 2022-27, deve ser vista como estando em competição directa com o programa chinês da Nova Rota da Seda.
O estado da economia mundial: inflação, disrupções das cadeias de abastecimento de matérias-primas e de componentes, insegurança alimentar, endividamentos insustentáveis, etc.
A reunião de hoje dos ministros dos negócios estrangeiros do G7 foi convocada a título extraordinário. A ordem do dia tinha apenas um ponto, coordenar a resposta que será dada caso a Rússia venha a intervir militarmente na Ucrânia.
O carácter excepcional e urgente deste encontro deixa entender a gravidade da crise.
As últimas declarações do Presidente Vladimir Putin, que afirmou que no Leste da Ucrânia estaríamos perante o desenrolar de um genocídio dos russo-falantes, acrescentaram um nível adicional de preocupação. A referência manipuladora e mentirosa a um genocídio que não existe é um primeiro passo para criar uma ficção e justificar a acção militar. Depois dessas palavras, ficou mais claro que Putin se prepara para invadir e anexar a região ucraniana de Donbas. Se isso se concretizar, teremos na Europa uma crise de grande envergadura.
Este é o link para o meu texto de hoje, no Diário de Notícias.
O texto centra-se em duas mensagens. A primeira, para sublinhar que a política internacional deve dar a primazia aos direitos e à dignidade das pessoas. A segunda, para defender que a nova situação no Afeganistão é um desafio regional e internacional muito importante. Por isso, exige um novo tipo de diplomacia, que procure sentar à mesma mesa o G7, a Rússia e a China.
Cito um parágrafo do texto que escrevi:
"O G7 deveria mostrar-se especialmente inquieto com o tipo de governação que os talibãs vão impor. A Rússia está consciente dos riscos para a estabilidade dos seus aliados na Ásia Central. A China está preocupada com a defesa dos seus interesses no Paquistão – os chineses não excluem um cenário em que terroristas paquistaneses e outros possam atuar, no futuro, a partir do Afeganistão e ameaçar o corredor económico que une a China ao porto de Gwadar, no Oceano Índico. Quer a China quer a Rússia teriam certamente muito interesse em participar nessa discussão com os países do G7. Assim se transformaria uma crise numa oportunidade de aproximação entre potências rivais. Ganhariam todos com esse tipo de diálogo, a começar pelos cidadãos do Afeganistão."
A reunião do G7 sobre o Afeganistão, presidida por Boris Johnson, foi um fracasso. Na realidade, foi um embate de todos contra Joe Biden, para pedir ao presidente americano o que este não pode fazer: manter uma presença militar no aeroporto de Cabul para além de 31 de agosto. A realidade mudou e quem manda são os talibãs. Precisam de mostrar firmeza perante as forças estrangeiras. Por isso, não irão aceitar uma extensão do destacamento militar ocidental no aeroporto.
A Cimeira do G7 terminou esta tarde. De uma maneira geral, a atmosfera e a retórica foram positivas. Mas genéricas, mais promessas do que verdadeiros compromissos. O único pacto concreto foi o das vacinas, a disponibilização de mil milhões de vacinas para serem aplicadas nos países mais pobres até finais de 2022. É, no entanto, uma decisão insuficiente. A OMS estima que seria necessário disponibilizar cerca de 11 mil milhões, para que a humanidade possa de facto vencer a pandemia. Estar longe desse número e demorar muito tempo até se atingir uma percentagem global de 70% de vacinados, quererá dizer que a saída da crise não acontecerá num futuro próximo. As variantes irão continuar a aparecer. E o mundo viverá, durante um longo período de tempo, em bolhas isoladas, de um lado países com a maioria da população vacinada e do outro, vários agrupamentos, segundo o avanço dos programas de vacinação. Ou seja, uns a avançar e outros a ficar para trás.
A segunda grande prioridade deveria ter sido sobre a protecção do ambiente. Esta é uma área de grande urgência. Os líderes deveriam ter indicado quais são as grandes linhas que irão defender na conferência de Glasgow sobre o clima, no final do ano. Essa indicação teria permitido uma maior focalização dos trabalhos preparatórios. As promessas feitas hoje são pouco claras e insuficientes em termos financeiros. É verdade que os diferentes líderes mostraram compreender a importância e a urgência da matéria. Isso já não é mau. É, porém, necessário agir, criar parcerias, definir melhor os planos de acção e financiar.
Estas e outras medidas foram profundamente influenciadas pela posição norte-americana em relação à China. O Canadá e o Reino Unido seguiram sem hesitações a linha americana. Já do lado europeu, houve muitas reticências. Com o tempo, a brecha entre as duas partes irá ficar mais clara. E a própria China irá adoptar contra-medidas que agravarão a fractura.
Estamos perante uma dinâmica nova, foi o que ficou claro com este encontro do G7. Mais do que nunca, é preciso muito cálculo e muita prudência.
Este é link para a minha crónica de hoje no Diário de Notícias. Há um mês, a 7 de Maio, escrevera sobre o assunto, por ocasião da reunião preparatória dos ministros dos negócios estrangeiros (Inquietações: um G7 muito combativo).
O texto de hoje aborda outros aspectos, complementares ao que então escrevi. Um dos aspectos é uma análise da lista de Estados convidados, para além dos países membros do G7. Faço igualmente referência à complexidade de parcerias com a Índia. O ponto aqui é não cair na ilusão que a Índia pode ser um contrapeso à influência global da China. São duas realidades muito diferentes, apesar da semelhança em termos de população.
Cito de seguida, como de costume, um parágrafo do meu texto.
"Na Ásia, a grande aposta é agora a Índia. Por isso, andam todos com os olhos postos em Narendra Modi. É, no entanto, uma cartada complexa e pouco segura. Modi é um radical hindu, que está a arrastar a maior democracia do mundo para uma crise nacional intensa. É igualmente um proteccionista, pouco disposto a abrir a economia a estrangeiros. Oferece, no entanto, a grande vantagem de aparecer como uma possível alternativa de peso à China."