Os trabalhos de recuperação das terras ardidas na Galiza já começaram. E a ajuda às populações afectadas pelos incêndios, que tiveram lugar no mesmo fim-de-semana em que aconteceu a desgraça em Portugal, está a ser desembolsada.
Estes são indícios de boa governação, de uma classe política e administrativa que sabe que a urgência conta, na resposta a estas catástrofes. Uma elite que não tem tempo a perder com conversas fiadas.
Ninguém entende a decisão do governo de transformar a Trafaria, na margem sul do Tejo, quase em frente da Torre de Belém, no novo terminal de contentores, em substituição de Lisboa.
Que haja uma saída progressiva dos contentores das zonas de Lisboa em que hoje se encontram – Alcântara e Santa Apolónia – compreende-se. Que essas áreas se transformem em cais para cruzeiros e actividades conexas, tudo bem.
Mas, transformar a zona de colinas, pobre em infra-estruturas, de acesso difícil, que é a Trafaria num terminal que exige estradas amplas, acessos fáceis, plataformas logísticas, é ideia que só lembraria a quem não tem os pés assentes na terra. Sem contar que encher de cimento e pavilhões industriais uma zona muito visível do lado de Lisboa e que deveria, isso sim, ser reabilitada como uma área natural ou como uma zona residencial de nível, é uma visão pouco sofisticada do que deveria ser a renovação da paisagem urbana e natural da Grande Lisboa.
Por outro lado, por que não se investe mais em Leixões, que tão bem serve a Galiza, além do Norte de Portugal, em Setúbal, que pode servir a região de Lisboa, e em Sines, que poderá ser a porta de entrada e de saída para parte da Espanha e da Europa Ocidental?