Évora, nestes tempos cinzentos
Ontem, caminhei pelo centro histórico de Évora, coisa que não fazia há muitos anos. Na verdade, nos anos passados, sempre que voltava à terra natal era para visitar um ou outro familiar e ia diretamente para as suas casas. E como já ninguém da família mora dentro das muralhas, acabava por não entrar nas ruas que foram as minhas, passo a passo, durante as duas primeiras décadas da minha vida.
Entrei ontem e fiquei triste. A cidade estava sem movimento, várias lojas haviam fechado definitivamente as suas portas e muitos prédios apresentavam um ar cansado e miserável. Outros gritavam aos passantes o estado de abandono em que se encontram. As máquinas para o pagamento do estacionamento tinham todas o mesmo letreiro: fora de serviço.
Mesmo no exterior das muralhas havia um ar estranho, uma mistura de abandono, desleixo e de falta de meios. A estrada da Chainha, por exemplo, que era um dos meus destinos, deixou-me a impressão que há por ali quem abandone ao longo das bermas objectos que deixaram de ter valor, meio escondidos nas ervas que não são cortadas e que não são alvo de cuidados.
Digo isto, mas espero que os meus conterrâneos e amigos me venham dizer que vi mal, que me enganei na minha percepção do estado da urbe. Ficaria menos preocupado