Os gestos, as borras do café e a política
A saída do governo de um ministro peso-pesado é sempre um indício de crise política, em qualquer parte do mundo democrático. Nenhum primeiro-ministro gosta de ver sair da equipa alguém que tem vindo a desempenhar um papel de primeira importância. Sobretudo se a iniciativa da saída não couber ao primeiro-ministro, mas sim ao ministro em causa.
Quando a esse indício se junta um outro, que mostra ter havido confusão na escolha do novo titular do cargo deixado vago, fica-se com a ideia que a crise é ainda mais profunda. Por exemplo, se às 16:00 horas se anuncia “informalmente” que o novo ministro é fulano de tal e uma hora depois sai outro nome, estamos perante uma indicação clara que o nome anunciado “formalmente” é uma segunda escolha, uma espécie de nomeação de alguém que não pode dizer que não aceita, que apenas é escolhido por estar à mão de semear e porque o primeiro-ministro não quer dar a impressão de quem anda às aranhas ou a levar negas.
Finalmente, quando a nova cara é a de uma personalidade com esqueletos políticos escondidos no armário, então sim, isto tudo junto só mostra que o chefe já não sabe bem para que lado se deve virar.
É que, meus amigos, isto da governação vive muito com base nos símbolos e nos indícios que se vão deixando escapar.