Aprender com os ucranianos
A evolução dos períodos de guerra teve quatro momentos de viragem radical. A invenção do ferro. A introdução da pólvora. A utilização da energia atómica. E agora, a manipulação da Inteligência Artificial aplicada a todo o tipo de mísseis e outros armamentos. A guerra na Ucrânia tem mostrado a enorme capacidade dos combatentes ucranianos no que respeita à utilização dos robôs e de tudo o que se relaciona com a digitalização das armas e dos instrumentos necessários para garantir a sua legítima defesa. Esta tem sido uma das muitas lições que se tem aprendido graças à engenharia e à capacidade informática das forças armadas da Ucrânia.
Na realidade, temos aprendido mais com os ucranianos do que eles connosco. É verdade que lhes ensinámos a utilizar equipamento que não estava disponível no seu país. Mas foi tudo feito à pressa, porque a nossa capacidade de decidir se sim ou não iríamos disponibilizar esse equipamento é muito lenta. Mas mais importante ainda, nós não estávamos de modo algum preparados para uma guerra como a que os ucranianos têm de enfrentar face aos invasores russos. Nas últimas décadas, os exércitos dos países da NATO aprenderam sobretudo a combater terroristas e insurgentes. Não foram confrontados com exércitos semelhantes ao russo, o que quer dizer que não obtiveram esse tipo de experiência. Os exercícios militares que a NATO tem levado regularmente a cabo não são de modo algum suficientes para ganhar a experiência necessária para enfrentar uma força como a russa. Mais tarde, teremos de pedir aos ucranianos que treinem as forças da NATO.