A crise da habitação é um problema complexo, que exige um conjunto sistematizado de medidas. Nesse conjunto, a pior medida é tentar controlar o mercado de modo coercivo. É um erro obrigar o aluguer de casas e fixar limites no que respeita às rendas. As soluções passam pela descentralização da administração pública, o reforço das regiões e das localidades de província, os incentivos aos investimentos fora das áreas tradicionais, o desenvolvimento da rede dos transportes, nomeadamente a rede ferroviária, e a cooperação transfronteiriça, nas zonas em que isso seja possível. A solução também está relacionada com os níveis salariais. Os salários portugueses e as pensões de reforma são vergonhosamente demasiado baixos para permitir um mercado de habitação moderno, rentável e confortável.
Por outro lado, é fundamental simplificar os processos administrativos ligados à urbanização. Isso não quer dizer que não se deva controlar a qualidade da construção. Esse controlo é essencial. Mas é igualmente fundamental que as licenças de construção não demorem anos antes de ser obtidas. Também é fundamental assegurar que as câmaras municipais têm os meios técnicos necessários para garantir o respeito paisagístico e as normas mínimas que uma construção de qualidade deve ter.
Há toda uma reflexão sobre a habitação, a ecologia e o urbanismo que é indispensável iniciar. Infelizmente, esta é mais uma das áreas em que a incompetência governamental é patente. É igualmente um segmento da economia profundamente corrompido.
Uma parte dos meus amigos em Portugal está com gripe. Alguns, com broncopneumonia. Sem contar, claro, com os que tremem de frio. Aqui, nestas terras mais gélidas do Norte da Europa, não tenho, nas minhas relações, quem esteja em situações similares.
Só posso desejar boa e rápida recuperação aos que dela precisam, nas terras lusas.
Certos valores pedidos pelas casas e outras propriedades em Portugal são absolutamente incompreensíveis. Comparativamente, é muito mais caro comprar uma habitação de qualidade no nosso país do que em Bruxelas, por exemplo. Mais ainda, o conforto dos bens que o mercado oferece em Bruxelas, ou noutras regiões da Bélgica, é incomparavelmente maior ao que existe disponível em Portugal. O mesmo se passa se a comparação for feita com o mercado alemão ou com o que aparece à venda em grande parte dos departamentos franceses.
Estranho país. Será que haverá por aí muito dinheiro que precisa de ser reciclado? O sector imobiliário sempre lava mais branco.
A agência de noticias Reuters lançou um inquérito internacional sobre “o desafio global mais urgente” que deveria ser tratado no encontro de Davos deste ano. Participaram nesta iniciativa mais de 300 mil pessoas.
As respostas estavam condicionadas em virtude da pergunta só permitir uma escolha entre quatro grandes desafios, excluindo assim outros que considero igualmente importantes, como, por exemplo, os relacionados com a pobreza, o desemprego, a Inteligência Artificial, a gestão das megacidades ou ainda a questão dos direitos humanos, agora que vários autocratas estão no poder. Sem falar, claro, do populismo.
Os quatro desafios seleccionados pela Reuters tinham que ver com o clima, o comércio, a habitação e a desigualdade do género.
As alterações climáticas parecem ser o problema mais sério e urgente para 62% dos que responderam. O comércio internacional, que inclui os conflitos comerciais em curso, ficou em segundo lugar, mas apenas com 19% das respostas. Seguiram-se o acesso a uma habitação condigna (12%) e a questão da desigualdade entre os homens e as mulheres, com 7% das respostas.
Se fosse forçado a escolher, qual seria a resposta, de entre as quatro opções em cima da mesa?