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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Os Países Baixos foram às urnas

Os holandeses têm uma imagem pouco simpática fora do seu país. Mas a verdade é que são um povo com um grande sentido de civismo e de dever.

Voltaram a mostrar essas qualidades nas eleições legislativas que hoje terminaram. A taxa de participação foi de 81%, um valor elevado que nos faz sonhar. Além disso, repartiram os seus votos por toda uma série de partidos, obrigando o próximo governo, que será uma vez mais conduzido por Mark Rutte –primeiro-ministro há mais de dez anos – a ser baseado numa coligação.

Será uma coligação bastante ampla, porque o segundo partido mais votado, o D66, é bastante progressista e claramente pró-europeu. Esse partido é dirigido por uma mulher com uma forte personalidade, Sigrid Kaag. Sigrid trabalhou algum tempo para a ONU. Fez uma campanha eleitoral exemplar e os cidadãos votaram em grande número por ela.

Mark Rutte é um conservador muito influenciado pelo ascetismo protestante.

A extrema-direita é muito forte nos Países-Baixos. Ocuparão 28 lugares no Parlamento, enquanto o partido de Rutte terá 36.

Desconectados

Passei os dois últimos dias perdido no labirinto das incompetências da NOS. E chego ao fim do dia de sábado com a linha do telefone fixo avariada e com um router novo, instalado na quinta-feira, que só trabalhou vinte e quatro horas. Desde então, e depois de várias chamadas de assistência técnica, está fora de jogo. Dizem-me agora que mandarão cá a casa um técnico, amanhã, domingo. Que esteja de alerta, a partir das oito, é o que me pedem.

Isto parece ser tão complicado como a cimeira da União Europeia em Bruxelas. Só que a NOS exige uma fidelização do cliente, coisa que a UE não pode pedir a nenhum dos Estados membros, depois do que se passou com os britânicos.

Por falar da cimeira, que continua neste momento em que escrevo, disse a um antigo embaixador português que considero normal que estas coisas levem o seu tempo a ser discutidas – estamos a falar de montantes excepcionais, com regras inéditas e implicações muito complexas, incluindo para o bom funcionamento da Comissão Europeia, para já não falar nas situações catastróficas que certas economias vivem. E também é de esperar que cada país veja a matéria tendo em conta a opinião pública interna. A construção da Europa não é apenas um assunto de líderes políticos. Precisa de uma base de apoio cidadão muito forte.

O embaixador explodiu, como lhe acontece de amiúde, agora que está reformado e que pode dizer o que pensa, pela primeira vez na vida. Os estilhaços partiram todos na direcção da Holanda. Mas eram de fraca qualidade, com muito ruído e pouco chumbo. Deixaram-me, no entanto, na dúvida se vale a pena insistir para que as minhas comunicações sejam restabelecidas. É que sem net, sempre me refugio nos escritos de Confúcio e de Nietzsche.

Quem falou no Conselho Europeu

O diário espanhol El País publica uma transcrição e um apanhado da reunião do Conselho Europeu de quinta-feira. Aí se pode ver quem foram os protagonistas da discussão sobre a mutualização de obrigações relacionadas com a crise de saúde pública, os chamados “coronabonds”. Para além de Charles Michel, que é o Presidente do Conselho Europeu, o debate foi entre Angela Merkel, Mark Rutte, Giuseppe Conte e Pedro Sánchez. A Presidente da Comissão fez uma breve intervenção inicial e Emmanuel Macron disse umas palavras e nada mais.

 

Fundo Monetário Internacional e nós

Kristalina Georgieva é uma pessoa com muita experiência no que diz respeito às questões da economia internacional. É actualmente a directora executiva do Banco Mundial em Washington, ou seja, a número dois da instituição. Muitas vezes, nestas organizações, o “segundo comandante” tem pouco peso, servindo sobretudo para tratar de questões protocolares, assistir a casamentos e enterros, como se costuma dizer de muitos vice-presidentes. Não é o caso de KG. Ela tem poder efectivo.

Acaba agora de ser seleccionada como a candidata europeia para o lugar de cabeça do Fundo Monetário Internacional. A sua selecção revelou várias coisas.

Quem manda efectivamente na União Europeia é a França. Foi o ministro francês da Finanças quem coordenou e guiou todo o processo.

A Europa do Norte alinha-se cada vez mais por detrás das posições holandesas.

A UE apenas respeita as regras quando lhe convém. Neste caso, KG está fora do critério da idade – tem mais de 65 anos, o limite que até agora tem sido a regra. Esse critério serviu, no passado, para eliminar candidatos de valor. Neste momento, a UE quer mudar as regras de um jogo que já está a meio, porque a sua candidata não cabe nele.

A atribuição mais ou menos automática do cargo maior do Fundo a um Europeu é um anacronismo. A UE deveria mostrar modernidade e realismo, permitir que outros candidatos, de outras partes do mundo, pudessem igualmente entrar na corrida.

KG não se conformou com o insucesso da sua candidatura ao posto de Secretário-Geral da ONU. Na sua opinião, via-se com mais trunfos do que António Guterres. Vai, agora, receio bem, se for confirmada como Managing Director do FMI, mostrar alguma rivalidade em relação a Guterres. É verdade que essa rivalidade seria mais acentuada se ela tivesse sido nomeada para a cabeça do Banco Mundial, uma organização que tem na sua carga genética a competição com a ONU. Mas, mesmo assim…

No que respeita à nossa aldeia, o governo e os media andaram um par de semanas a tentar enganar-nos com as hipóteses que Centeno teria. Foi um misto de promoção política do governo de António Costa com a parvoíce habitual e patrioteira de certos jornalistas. Temos, na verdade, uma aldeia muito curiosa, de engana parolos e de fantasistas.

 

A nova ordem política europeia

Temos estado a assistir, em vários países da União Europeia, a uma fragmentação da cena partidária. Os eleitores dividem o seu apoio por toda uma série de facções políticas. Por exemplo, na Holanda o maior partido tem 14% dos votos. Em Espanha, o partido mais votado nas últimas eleições gerais, o PSOE, ficou-se nos 28,7%. Em França, o movimento que apoia Emmanuel Macron faz frente a uma série de pequenos partidos, à excepção da formação de Marine Le Pen, que consegue cerca de 22% dos votos. Na Alemanha, as sondagens mostram um reequilíbrio político, com os votos a serem distribuídos por várias famílias políticas. Idem, na Dinamarca e noutras terras da UE.

A fragmentação também chegou ao Parlamento Europeu.

De um modo geral, a fragmentação faz-se à custa dos partidos tradicionais, do centro-direita, de inspiração democrata-cristã, ou, então, da social-democracia e do socialismo moderado.

O corolário da fragmentação é a coligação. Vários governos assentam hoje em coligações de partidos, algumas delas bem complexas, como é o caso belga. Sem coligação não haveria um governo viável. E as coligações nem sempre unem movimentos políticos próximos, da mesma área ideológica. Exigem, em alguns casos, uma ginástica política inabitual.

Aqui surge uma outra dimensão da vida política europeia de agora, a indefinição ideológica. A análise das ideologias dos partidos está a complicar-se. O velho esquema esquerda-direita já não funciona com a simplicidade de outrora. Certos partidos têm, ao mesmo tempo, propostas de direita e de esquerda, numa amálgama que mistura populismo com nacionalismo, reivindicações progressistas com conservadorismo, liberalismo com o reforço do Estado social, ambiente com radicalismos.

Precisamos de novos prismas de análise. Também, de compreender que a política de hoje já pouco ou nada tem que ver com a que se praticava nos anos oitenta ou noventa do século passado. Estamos num cenário muito diferente, com outros enredos.

 

 

A Holanda e a ambição de Mark Rutte

Vale a pena olhar para a Holanda. É um país que funciona bem, disciplinado, que sabe tratar de si e dos seus interesses nacionais, sem descurar o desempenho de um papel positivo na construção europeia.

Vejamos alguns dados.

A dívida pública holandesa representa 52,4% do PIB nacional. Este é um valor que está dentro do limite autorizado para os países da zona euro, o famoso tecto dos 60%.

A taxa de desemprego situa-se nos 3,4%. Ou seja, existe uma situação próxima do pleno emprego. Por isso, o mercado de trabalho tem cerca de um milhão de ofertas de emprego por preencher. É verdade que a língua – uma língua difícil para quem não venha do mundo germânico – é um obstáculo à imigração. Mas as oportunidades existem.

Os rendimentos das famílias continuam a aumentar, de ano para ano. Uma das razões tem que ver com uma carga tributária relativamente moderada. Não existe na Holanda uma cultura governativa de caça aos rendimentos dos cidadãos, ao contrário do que se verifica em Portugal e noutros Estados da União Europeia. Estados em que em vez de se procurar criar riqueza acabam por restringir a criatividade das pessoas. A outra razão deriva de um sistema de negociação de convenções colectivas de trabalho bem organizado, realista e inspirado na ética do bem-estar colectivo.

Uma das ameaças mais sérias, a curto prazo, para a economia holandesa seria um Brexit sem acordo. O Reino Unido é o segundo parceiro comercial da Holanda. O Primeiro-Ministro Mark Rutte está consciente desse risco. Tem mantido um diálogo com as principais associações económicas do seu país, para além dos contactos frequentes que estabelece com as instituições em Bruxelas e com os principais líderes europeus. Mark Rutte é, aliás, um candidato a ter em conta, nas negociações que começarão em breve, relativas aos principais cargos em Bruxelas. Tem andado a mexer-se nesse sentido. E tem apoios.

 

 

Os comentários da semana na Rádio Macau

Esta semana, os meus comentários para o Magazine Europa da Rádio TDM de Macau centraram-se nas eleições na Holanda, na questão turca, quando vista do nosso lado, na reeleição de Donald Tusk e na saga que está a ser o Brexit.

Sofia de Jesus está como de costume do outro lado da linha e Rui Flores coordena e planifica o esforço comum. Em Macau, este trabalho conjunto é francamente apreciado.

O link do programa de hoje:

Magazine Europa (14 de Março de 2017)

 

A Holanda e o provocador

A Holanda está no centro das atenções.

A crise com a Turquia parece-me ter sido uma provocação deliberada. O Presidente Erdogan sabia que este era o último fim-de-semana, antes das eleições legislativas holandesas de 15 de março. Sabia igualmente que, durante um período como este, nada é inocente. Sobretudo quando questões identitárias, nacionalistas e anti-imigração islâmica estão no centro do debate político, como é o caso nos Países Baixos. Planear acções de campanha na Holanda, lideradas por ministros vindos de Ancara, com vista ao referendo turco, um referendo que só terá lugar a 16 de abril, nas vésperas de uma consulta tão melindrosa como a holandesa, só poderia ter como objectivo criar dificuldades adicionais aos moderados holandeses e dar pretextos aos extremistas que apoiam Geert Wilders.

Este é um jogo muito perigoso.

Mark Rutte, o primeiro-ministro holandês, respondeu com firmeza e dentro dos limites. Mas ninguém sabe qual terá sido o impacto da provocação sobre as intenções de voto.

Veremos na quarta-feira. E estaremos sobretudo atentos aos resultados quando comparados com as sondagens. Serão um barómetro. Se se notar que a votação em Wilders é muito superior às previsões, deveremos ficar muito preocupados. Estaremos, então, perante uma situação que se poderá repetir em França: eleitores que votam pela extrema-direita, mas que permanecem calados durante os inquéritos de opinião. Ou que apontam num sentido, por medo da crítica social, mas disparam noutro, e claramente em apoio dos fascistas.

 

Novos apontamentos sobre o Brexit

Brexit 

A campanha à volta do referendo tem sido muito dura e extrema. Era de esperar que assim fosse. Um referendo divide o eleitorado entre o Sim e o Não, sem as matizes e as hesitações que se encontram nas eleições partidárias. Por outro lado, um dos partidos mais visíveis na campanha para o referendo é o UKIP – UK Independence Party –, um partido xenófobo radical. Tem sido uma voz forte na campanha. As divisões dentro do Partido Conservador também levaram a um exagero de posições, já que cada lado procurou dramatizar o que estava em causa. 

O assassinato de Jo Cox exemplificou, de modo trágico, a violência verbal a que temos assistido. Mas não pode ser visto como uma falha da cultura política britânica. O que é na verdade uma derrapagem da cultura política do Reino Unido é a xenofobia, o ataque contra os direitos dos imigrantes, o menosprezar de outros europeus, sobretudo os provenientes de países mais pobres. 

Os resultados do referendo poderão de algum modo ser influenciados pelo homicídio de Jo Cox por um tresloucado apoiante do Brexit. Mas não sei se isso será suficiente para inverter a tendência que dá a vitória aos que querem a Grã-Bretanha fora da UE. Também não sei se as sondagens estão correctas. As casas de apostas pensam que as sondagens não estão a reflectir o que possa vir a acontecer. 

Economia

Os argumentos económicos começam agora a ter um pouco mais peso, a merecer mais atenção por parte do eleitorado.

Cerca de 50% das exportações britânicas vão para a UE.

Cerca de 7% das exportações da UE vão para o Reino Unido.

Para o RU, o comércio com a UE representa 3 vezes o que é feito com os EUA, 9 vezes o que tem lugar com a China, 42 vezes mais do que o comércio com a Austrália. 

Libra pode desvalorizar 15% em relação ao USD. 

As bolsas já estão a perder valor, mesmo antes do referendo. 

Frankfurt e Luxemburgo poderão ganhar mais relevo enquanto centros financeiros. Mas não vai ser de imediato. Estas coisas, que são altamente especializadas, levam tempo a ser transferidas. Seria, se acontecesse, uma transferência progressiva, que demoraria três a cinco anos, pelo menos. 

Não creio que haja vontade política, na EU, para dificultar, para tornar mais complicada as actividades de Londres nos mercados financeiros europeus. A preferência é a de não mudar radicalmente o sistema financeiro tal como tem existido até agora.           

É provável, no entanto, que as exportações britânicas para a Europa sejam penalizadas com novas taxas. 

Impacto político

 

Na Holanda, na Dinamarca, certamente, que poderão pensar em organizar os seus próprios referendos.

No reforço dos movimentos populistas, nomeadamente em França, na Alemanha, na Hungria e na Polónia.

No entanto, uma vitória do Brexit não será o início do fim.

Maastricht ou como a vida mudou

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Copyright V. Ângelo

 

Passei o dia na cidade holandesa de Maastricht. Muitas coisas mudaram na Holanda e na Europa nos últimos anos. Vejam as fotos. A passadeira de uma das praças mais importantes fora pintada com as cores do movimento a que chamamos "gay"...E as três bandeiras hasteadas na câmara municipal eram do mesmo padrão.

O casal amigo com quem viajava, gente de uma outra geração -- a minha...-- não se apercebeu do significado das bandeiras. De facto, para muitos da minha idade, isto é tudo muito novo, uma maneira diferente de olhar para a vida.

 

 

 

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