No Dia de Natal, na nossa cultura, fala-se e deseja-se paz. É isso que esperamos que aconteça na Ucrânia, tão brevemente quanto possível.
Também se deve falar de justiça. Este conceito tem várias dimensões. No caso da guerra, significa que não se pode de modo algum tratar o agressor em pé de igualdade com a agredido. Um agressor é um criminoso. É assim que deve ser visto e tratado. Não se oferecem garantias a um criminoso, para além das previstas num julgamento legítimo e processualmente correcto. Mas o criminoso, uma vez reconhecido culpado, deve ser punido.
Um Chefe de Estado não tem imunidade quando se trata de crimes de guerra, de crimes contra a humanidade, de actos de genocídio. Quando se negociou com Adolf Hitler em 1938, abriu-se a porta a uma nova onda de violência. Essa foi uma das lições aprendidas há oito décadas. Seria um erro esquecê-la.
A crise na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia tem várias dimensões. A mais imediata é de natureza humanitária, com milhares pessoas, incluindo crianças, a passar fome, frio e humilhações constantes. Algumas já morreram congeladas.
Mais ainda, não se sabe quantos milhares de pessoas estão encurraladas entre os guardas de um lado e do outro. Mas sabe-se que são tratadas com violência extrema por ambos os lados. E essa é uma questão central, que toca directamente no cerne dos valores europeus, do respeito pelas pessoas e da protecção dos mais frágeis.
Alexander Lukashenko está claramente a aproveitar-se da miséria de certos povos. Mas o nosso lado não pode ficar indiferente perante o sofrimento de quem se deixou manipular, gente que vive em contextos tão complicados que qualquer promessa, por mais ilusória que possa ser, traz sempre um fio de esperança.