O quotidiano, ao som da harmónica
O meu amigo que toca harmónica perto do Padrão dos Descobrimentos raramente faz 10 euros por dia. É verdade que não é um grande músico. Mas está no seu posto todas as manhãs, à espera do turista que passa. E hoje já passavam mais. Também já se viam alguns turistas maduros de idade. Até agora, nas últimas semanas e desde que começaram a aparecer os primeiros visitantes, o que o meu amigo via eram casais jovens. O surgimento de gente mais velha deu-lhe alguma esperança.
Mas o movimento ainda é pouco e espaçado. Mais à frente, junto à Torre de Belém, um outro amigo habitual, o que vende óculos de sol e paus para selfies, continuava hoje a queixar-se. Disse-me que nota que as pessoas estão mais agarradas ao dinheiro. E fez toda uma leitura económica sobre esse tema. Nomeadamente que ainda estamos em tempos incertos.
Fica sempre feliz quando lhe presto alguns minutos de atenção. Na realidade, pessoas da sua condição não são ouvidas. São, quando muito, toleradas. Ora, precisam de fazer parte do diálogo.
Depois, já no final da nossa conversa, falámos do tempo. Também anda incerto.