Não tenho informação privilegiada sobre o ataque cibernético contra a rede da Vodafone.
Todavia, tendo em conta o alvo, ou seja, uma empresa de telecomunicações que por definição deve estar altamente protegida contra os piratas informáticos, e o objectivo, que aparentemente era o de interromper um sistema importante para a ordem interna e a economia, creio que a origem do ataque só pode estar num serviço oficial baseado num Estado hostil. O grau de sofisticação necessário para uma operação destas só existe em estruturas secretas, pertencentes a forças militares ou a serviços de espionagem e de ofensivas cibernéticas.
Mais ainda, este incidente poderá ter sido um “exercício de prática” de uma dessas estruturas, ou então, uma espécie de aviso do que poderá acontecer se se passar a um patamar mais intenso de um conflito híbrido.
Por tudo isto, é essencial que haja colaboração entre os diversos organismos de investigação bem como com peritos estrangeiros, de nações aliadas, para que se compreenda o que se passou e se tirem as conclusões mais apropriadas.
É de prever que acções deste tipo voltem a acontecer. Convém aprender, melhorar, intensificar os meios de protecção – nomeadamente os meios humanos – e esclarecer as pessoas, de modo a evitar que a penetração dos sistemas se faça por razões de desconhecimento e de desleixo.
Quando o sistema informático diz que não, ficamos impotentes. Este é o mundo de agora. A Inteligência Artificial tem muitas vantagens e, do outro lado da medalha, grandes inconvenientes. Pode ser uma barreira. Quase intransponível. No meu caso, o sistema dizia que eu anulara todos os serviços de telecomunicações excepto um. Ficara registada como uma decisão final, não como um erro de entrada de dados do operador. Enquanto decisão definitiva, a IA do sistema não permitia voltar atrás. Para ter de novo o serviço a funcionar em minha casa, era preciso proceder a um novo contracto, respondia o robot que trata destas coisas. Um novo contracto que, nestes tempos de Covid e de vigilância apertada dos utilizadores da net, só ficaria operacional quando eu já não precisasse dele. Foram precisas várias horas de reprogramação por um humano altamente competente em questões de informática para que o robot mudasse de ideias. Deu para provar o que poderá ser o mundo de amanhã, dirigido em grande parte por máquinas “inteligentes”. Que estão programadas para ultrapassar e dizer que não a decisões tomadas humanos. Faz medo ou, pelo menos, pensar.
Esta semana, a minha neta chegou aos nove anos. Recebeu como prenda de aniversário um laptop a sério. Trabalha com um computador com mais destreza do que muitos adultos. E agora pratica escrever com os olhos vendados. Já conhece o teclado quase todo de cor.
Esta é a nova geração. Mas não é uma geração de computadores apenas. Também lê livros, gosta de equilibrar o ecrã com o papel. E a regra é que uma vez o livro é em francês, na vez seguinte, em inglês. Tem que ser, por razões pessoais e de circunstâncias. Mais ainda. Estas férias descobriu que muitas das palavras escritas em português não são muito diferentes do francês.