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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Lula da Silva e um Brasil cheio de problemas

Lula da Silva foi hoje investido como presidente da República do Brasil pela terceira vez. Fez um excelente discurso inaugural. Mas herda um país cheio de problemas, numa região – a América do Sul – onde quase todos os países estão em crise. É uma vizinhança difícil.

Também é verdade que o Brasil tem um potencial enorme. Mas está profundamente dividido em termos de níveis de vida, de escolhas políticas e de classes sociais. Além disso, encontra-se profundamente endividado. As finanças públicas conhecem um défice astronómico. E as novas políticas sociais, prometidas pelo Presidente, irão aumentar consideravelmente a dívida pública, excepto se houver uma reforma fiscal profunda, o que me parece muito difícil de conseguir, tendo presente que metade do país é contra.

Mais ainda, é um país extremamente inseguro e violento. A resolução das questões relacionadas com a segurança dos cidadãos deve ser uma prioridade. O novo presidente não a mencionou, mas estou certo de que compreende a gravidade da situação.

Não vai ser fácil governar o país.

A abertura da Assembleia Geral da ONU

Este foi o primeiro dia da sessão de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas 2022-23. E despertou um grande interesse político e mediático. Neste dia de abertura, ouviram-se quatro discursos especialmente importantes: de António Guterres, de Emmanuel Macron, Recep Tayyip Erdogan e de Macky Sall, que falou em nome do seu país, o Senegal e da União Africana. O primeiro discurso coube, como é tradição, ao Presidente do Brasil. Mas, Jair Bolsonaro pouco acrescentou à leitura da realidade internacional. A 12 dias das eleições presidenciais no seu país, o que disse em Nova Iorque destinava-se sobretudo para consumo do eleitorado brasileiro. É, aliás, uma prática frequente: muitos dos líderes que falam perante a AG têm sobretudo em mente as audiências domésticas.

Da COP26 a Portugal

Os discursos dos líderes, neste dia inaugural da COP26, foram positivos. As palavras contam. E elas mostraram que existe uma boa compreensão do que está em jogo, no que respeita às mudanças climáticas e ao aquecimento global. O grande problema é o passar das palavras às políticas e destas, à sua implementação. É preciso não deixar a bola parar. E continuar a investir na inovação tecnológica, que permita que haja progresso sem que o saldo seja negativo, em termos das emissões de carbono e da destruição do meio ambiente.

Xi Jinping, Vladimir Putin e Jair Bolsonaro não fizeram a deslocação a Glasgow. O verdadeiro problema é o presidente brasileiro. Esteve em Roma, na reunião do G20, durante o fim-de-semana e voltou para casa. Não acredita na questão do aquecimento global. Está a transformar uma parte da Amazónia em terras de cultura e de pastagem. E assim sucessivamente. Ora, o Brasil é um país-chave em matéria de meio ambiente.

Xi Jinping não sai para o estrangeiro desde o início da pandemia. Mas comprometeu-se a não financiar nem apoiar novos projectos de centrais de carvão fora da China. Tem, no entanto, um grande problema de poluição interna. Sabe que não haverá outra alternativa senão tratar do problema.

Vladimir Putin achou que não teria nada a ganhar com a deslocação quer a Roma quer a Glasgow. Está cada vez mais preso numa lógica de confrontação, como se o mundo de hoje fosse o de há trinta anos. No actual jogo geoestratégico, as escolhas de Putin são vitórias marginais.

Mas hoje não vamos entrar na geoestratégia. Nem vamos cair no outro extremo e falar das querelas que agora se abriram na política interna de Portugal. Que são tão miudinhas que parecem uma disputa de recreio. Ora, não o são. É o futuro de Portugal que está em causa.

 

 

 

Não convém ir além da formalidade

Penso que as declarações públicas do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, após a sua audiência protocolar com o novo Presidente da República do Brasil, foram demasiado efusivas. O Presidente português teria marcado pontos se se tivesse limitado a declarações mais formais. Penso que, neste caso, não esteve bem e deu espaço aos que criticam, aqui em Portugal, as suas orientações políticas.

Nestas coisas, tratando-se de uma personalidade não apenas controversa, quer no Brasil quer fora dele, mas também com ideias políticas muito extremistas e desequilibradas, convém limitar os comentários oficiais ao que é estritamente cerimonioso e pouco mais.

Ainda sobre o Brasil

A comunicação social portuguesa segue com atenção, desde sempre, o que se passa no Brasil. E os produtores de artigos de opinião gostam de comentar sobre a política brasileira. Agora, mais do que nunca, no seguimento da eleição de um político extremista à presidência do país. Muitos desses comentários seguem uma linha profundamente emotiva, como se os seus autores fossem brasileiros de gema e o país, seu.

A minha posição é diferente. Parto do princípio que cabe aos brasileiros tratar do seu futuro. Também, que existe gente nesse país com capacidade mais do que suficiente para entender o que é bom e mau para o Brasil. E que estado de direito tem um mínimo de condições para funcionar.

Mas isso não me impede de lhes lembrar que o Brasil conta na cena internacional. Que as escolhas que são feitas têm impacto além fronteiras. Seja ele de ordem política, dos direitos e dos valores humanos, ou, ainda, do tipo ambiental. Nessas áreas, não podemos ficar calados. Essas são as portas de entrada para falar, de fora, sobre o Brasil. Sobre o Brasil, na cena internacional.

Quanto ao resto, lembro apenas que o Brasil é um país extremamente diverso, desigual e com várias fracturas sociais. Cabe à sua liderança política, mas também à cultural e social, promover o diálogo nacional e procurar, de modo constante, os equilíbrios que respeitem os interesses fundamentais dos distintos segmentos da sociedade.

A liderança da sociedade brasileira será boa se promover a inclusão social. Não apenas um crescimento económico desigual. Será péssima se não respeitar os direitos de cada sector da sociedade, incluindo os das comunidades indígenas, se acentuar os conflitos de interesses e tentar resolver pela força o que deve ser resolvido pelas instituições democráticas.

Esse é o grande teste que o Brasil continua a ter pela frente.

 

Jair Bolsonaro, uma escolha bizarra

O presidente-eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, foi escolhido por um número de peritos das relações internacionais como a personagem do ano de 2018. Para além da surpresa – e da indignação que muitos manifestaram – fica uma pergunta de fundo. Que razão levou esses especialistas portugueses a uma escolha tão controversa, que parece glorificar um político primário e brutalmente extremista?

Faço a pergunta no singular – que razão – porque procuro entender o que poderá estar por detrás das diversas justificações que cada um mencionou, quando a comunicação social os convidou a pronunciar-se.

Não pode ser o fascínio por políticos tendencialmente ditatoriais e com ideias extraordinariamente abstrusas. Também não deverá significar qualquer tipo de aceitação ou de credibilidade da sua filosofia política, que mais não é do que um conjunto desconexo de barbaridades e de vulgaridades. Nem será o facto de Bolsonaro ter conseguido atrair votos dos mais diversos horizontes culturais e, igualmente, de camadas sociais muito díspares, que constituem o complexo xadrez nacional do Brasil.

Não tenho uma explicação inteiramente plausível. Penso, no entanto, que uma parte da justificação estará relacionada com o facto de vários universitários portugueses terem estabelecido laços intelectuais e dependências académicas com o Brasil. Por razões de língua, por motivos familiares ou de proximidade afectiva, ou a pretexto da história. Assim, o que se passa no outro lado do Atlântico Sul tem impacto nalguns dos nossos círculos académicos. O que aconteceu com a eleição de Bolsonaro deixou muitos de nós em estado de choque. E parece que ainda não conseguimos lidar com esse embate.

Deixo a pergunta em aberto.

Para rematar, reconheço que o Brasil conta, para nós, enquanto gigante da CPLP. Mas Jair Bolsonaro, no quadro grande das relações internacionais, terá um peso marginal, no complexo jogo geopolítico que temos pela frente, nos próximos três ou quatro anos. E imagino que a sua presidência irá empurrar ainda mais o Brasil para a margem da nova geopolítica.

 

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