O Chefe de Gabinete do Secretário-geral da NATO disse publicamente que a Ucrânia terá provavelmente de ceder algum território à Rússia para poder ser admitida na NATO. Esta afirmação revela a falta de maturidade política do jovem Chefe. Deveria pedir a demissão, tendo em conta a gravidade das suas palavras. Esta seria também a maneira que Stoltenberg poderia utilizar para salvar a sua reputação, para mostrar que não tem nada a ver com as declarações do seu ajudante principal, que está na posição em que está por ser também ele norueguês. Caso não tome essa medida e deixe passar este erro gravíssimo, eu diria que o Chefe de Gabinete afirmou o que afirmou por ter ouvido essa ideia da boca do seu patrão. Neste caso, seria a posição de Jens Stoltenberg que deveria estar em jogo. E assim, deveria ser convidado a sair.
Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias.
Cito umas linhas, como de costume: "Borrell sabe que os americanos querem um líder na NATO que tenha uma visão mais ampla do papel da organização e que reconheça que a China acabará por constituir uma ameaça fundamental para os interesses ocidentais. Washington vê a China como o desafio determinante, e global, nos próximos anos. Quer, por isso, que a aliança com a Europa partilhe a mesma visão. Mas para além da falta de meios militares, os países europeus devem enfrentar ameaças na sua vizinhança, bem mais à porta de casa: a Rússia de Vladimir Putin e dos que na Rússia pensam como ele; a instabilidade no Médio Oriente e no Grande Sahel; e o terrorismo importado de sociedades onde impera um radicalismo fanático antiocidental. Esses são os três vetores que devem orientar a defesa europeia."
Jens Stoltenberg aceitou, quando o seu mandato chegou ao fim em 2022, ficar mais um ano como Secretário-geral da NATO. O anúncio da sua saída em setembro de 2023 não constitui, por isso, nenhuma surpresa. Não tem nada a ver com a evolução da situação na Ucrânia. A não ser na mente especial do Major-General que anda todos os dias pela CNN P e que gozou hoje com a saída de Stoltenberg, ligando-a a uma prevista derrota da NATO no confronto com a Rússia. A jornalista devia ter-lhe lembrado os factos e também que não há nenhum confronto entre a NATO e a Rússia. Há, isso sim, uma violação da lei internacional pela Rússia, que resulta num ataque criminoso à Ucrânia.
Este é o link para a minha crónica de hoje no Diário de Notícias.
Alguns leitores pensam que exagero quando escrevo sobre os riscos de um conflito de grandes proporções. Infelizmente, não o creio. E gente bem informada, como o Secretário-geral da NATO, também acha que podemos estar à beira de um conflito global. Putin não hesitará, se chegar à conclusão que está em riscos de perder.
Como de costume, cito umas linhas do meu texto.
"Frente a Vladimir Putin, Emmanuel Macron tem de deixar de parecer o ingénuo da fita. Deve mostrar que está preocupado com a escalada contínua da agressão russa e dizer claramente que a história nos ensina que as escaladas levam sempre à erupção de conflitos de grandes proporções. Esse é o grande perigo agora iminente e é esta a mensagem que deve ser repetida, seja por que via for."
A reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Nato deu hoje uma atenção muito especial à competição entre o Ocidente e a China. Penso ter sido um erro. Neste momento, o que conta é acabar com a agressão da Rússia de Vladimir Putin contra a Ucrânia – e também contra a Europa. É aí que está o perigo mais imediato. Sobretudo agora, que estamos a entrar no inverno. A agressão russa pode causar a morte de milhares de pessoas por causa do frio, da falta de gás para o aquecimento das habitações. Os meses que aí vêm são extremamente difíceis em termos de temperaturas e humidade. Sem aquecimento, muitas pessoas, sobretudo as mais idosas, estarão em risco de vida. É preciso denunciar esse facto e apontar o dedo na direcção de Putin.
O que a Nato deveria estar a discutir, no que respeita à China, é outra coisa: como convencer a China a tomar a atitude responsável que deveria adoptar, enquanto grande potência, e desempenhar um papel que leve Putin a parar a agressão. Essa é a China que se quer na cena internacional. Essa é a questão que os países da Nato deveriam considerar como prioritária em matéria de diplomacia. O resto é, para já, rivalidade entre os EUA e a China. Poderá ser tratado mais tarde. E com serenidade, se se aplicar francamente o princípio de uma só China, mas com dois sistemas.
Num directo para o noticiário das 18:00 horas da RTP 3, disse, entre muitas outras coisas, que estava convencido que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, iria continuar a vetar a entrada da Suécia e da Finlândia para a NATO. E expliquei as razões.
Uma hora e meia depois, o Secretário-Geral da NATO anunciou que a Turquia, a Suécia e a Finlândia haviam chegado a um acordo e que o veto havia desaparecido. Ou seja, a minha análise estava errada.
Foi, na verdade, uma surpresa. Não apenas para mim. Para todos os que não estavam no âmago das negociações. Até o meu “amigo Boris” foi apanhado de surpresa, por exemplo.
Para além da surpresa, existem outras preocupações. Nomeadamente sobre a possibilidade de ver deportados para a Turquia certos oponentes entretanto refugiados na Suécia.
Terei que voltar, por causa dessas preocupações, ao assunto. Espero que da próxima vez não erre, não seja desmentido por acontecimentos de última hora.