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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Dia da Europa, mas falta contar a história

Neste dia em que se celebra a União Europeia, reconheço os enormes progressos que o projecto comum já conseguiu realizar. Não é uma questão de querer ser convenientemente positivo ou politicamente correcto. É saber ver.

Não será entendido assim por muitos. Os dirigentes europeus não têm sabido explicar o trabalho, os grandes projectos e os sucessos da UE. Incluindo, os grandes constrangimentos, que a medalha tem sempre duas faces.

A Comissão Europeia não têm uma estratégia clara de comunicação. Confunde porta-vozes e conferências de imprensa com comunicação estratégica. Toma os meios e as técnicas como se fossem os resultados. Como se houvesse uma correlação entre comunicados e comunicação política.

Se há algo que precisa de levar uma grande volta, é esta área da comunicação com os cidadãos europeus. Para começar, deveria haver um Comissário com uma pasta dedicada à comunicação estratégica e à informação dos cidadãos europeus.

A reunião do Conselho Europeu

A reunião do Conselho Europeu de ontem e de hoje mostrou maturidade e equilíbrio. Uma boa notícia, para quem se interessa pela saúde política da Europa. O tema mais complexo da agenda tinha que ver com a resposta a dar a Theresa May.

Os 27 Chefes de Estado e de Governo discutiram exaustivamente as várias opções relativas à data final de saída do Reino Unido da União Europeia. A Primeira Ministra queria um prolongamento até finais de junho. Não tinha uma justificação concreta para esse pedido, a não ser que precisava de mais três meses para resolver o que não conseguira fazer aprovar nos últimos quatro meses. Como estratégia, sabia a nada.

Na tomada de decisão, o processo teve em conta três aspectos.

Primeiro, evitar a ratoeira do ultimato. Ou seja, não dar a oportunidade nem aos deputados britânicos nem à opinião pública do país de dizer que a decisão do Conselho Europeu era uma ingerência, uma intimação. Nesta fase muito crítica do processo, a questão é um problema interno do Reino Unido. Os líderes europeus devem definir os limites, mas, simultaneamente, deixar espaço de manobra aos britânicos.

Segundo, voltar a reconhecer que uma saída negociada é, de longe, a opção preferida. Um Brexit sem acordo será sempre um péssimo Brexit.

Terceiro, respeitar a integridade das eleições europeias. Isto que dizer que tudo terá que estar claro aquando do início do processo eleitoral que levará às eleições marcadas para finais de maio.

Assim, a bola voltou a estar no campo britânico. E as balizas do jogo ficaram definidas com mais rigor. É verdade que ainda não se sabe bem como vai terminar a partida. Mas o Conselho Europeu já olha para o futuro a 27, sem contar com a presença e a participação do Reino Unido. Ninguém acredita que possa surgir uma reviravolta de todo o tamanho, que leve à anulação do Brexit. Por isso, a preocupação é a de gerir a saída com todo o cuidado possível.

 

 

 

 

Não há duas sem três

Hoje à noite, perante o resultado que se viu no parlamento britânico, queria lembrar o velho ditado que não há duas sem três. Ou seja, tendo presente a tenacidade de Theresa May e o facto que, de um lado e do outro, em Bruxelas e em Londres, se pensa que é fundamental que haja uma saída ordenada, é muito possível que o que foi chumbado hoje pela segunda vez volte ao Parlamento de Westminster. E que, depois de um novo retoque, acabe por ser aprovado.

Brexit: depois da votação

A votação do projecto de acordo de saída da UE, que ontem teve lugar no parlamento britânico, levou-nos a todos para águas nunca antes navegadas. A todos, no sentido dos sujeitos de Sua Majestade e também a nós, os europeus. Sim, na verdade, a rejeição do tratado sobre o Brexit não é apenas um problema britânico, como alguns estão a ver a questão. É igualmente um grande quebra-cabeças para os Estados Membros da UE. Os britânicos serão, certamente, os que maiores prejuízos sofrerão. Mas as repercussões negativas, se não houver acordo, também se farão sentir em vários cantos da UE. Nomeadamente, na esfera económica. Depois de mais de quarenta e cinco anos de partilha do mesmo espaço económico, é evidente que as economias de ambos os lados do Canal da Mancha têm ligações profundas. Qualquer ruptura ou simples disrupção terá de imediato grandes consequências, quer em termos macro-económicos que ao nível do consumidor individual.

Para além da economia, outras áreas de cooperação seriam igualmente prejudicadas, em caso de não acordo. A segurança, a investigação científica comum, a mobilidade dos cidadãos são apenas outros exemplos a juntar às dimensões económicas e do nível de vida das famílias.

Dito isto, para mim é claro que as partes não podem fechar as portas à continuação do diálogo sobre as condições de saída e sobre o relacionamento futuro. Discussões deste tipo são particularmente difíceis, por serem inéditas – não podemos beneficiar de lições aprendidas no passado – e porque têm implicações políticas fundamentais para os dois lados. O revés de ontem, por muito negativo que a votação tenha sido – e foi, de facto, um resultado surpreendente – não deve ser usado para apontar as culpas para um dos lados. Deve, isso sim, ser um motivo de reflexão e um desafio. Como ultrapassar uma situação que parece não ter solução? Essa é a questão que os dirigentes britânicos e, por seu lado, os europeus devem colocar em cima das suas mesas de trabalho.

Para começar, é preciso parar o relógio do Brexit. Isso significa que a Primeira-Ministra Theresa May deve, desde a próxima semana, pedir formalmente um adiamento da data de saída do Reino Unido. Terá que ser um pedido bem fundamentado. Mas só poderá ter uma resposta. Que sim! Os ruídos actuais sobre esta questão, vindos das capitais europeias, não têm mostrado a contenção e a sabedoria que se espera dos principais líderes da Europa. Há que calar e esperar que o pedido formal seja feito.

Em segundo lugar, é conveniente lembrar aos dirigentes britânicos, uma vez mais, que uma estratégia de divisão das posições no seio da EU é pura e simplesmente inaceitável. Tentar ressuscitar essa via seria um erro que teria que ser imediatamente posto em causa. Não se pode deixar contaminar a Europa com as dificuldades, confusões e ilusões que a classe política britânica está a sofrer. O Brexit não pode ser um risco de morte para a unidade europeia.

Quanto ao resto, iremos lá com calma.

 

 

 

O Conselho Europeu e o Brexit

A cimeira dos Chefes de Estado e de Governo que hoje e amanhã decorre em Bruxelas, no quadro do Conselho Europeu, tem uma agenda muito ampla.

O Brexit é um dos assuntos em cima da mesa. Não deverá, no entanto, levar muito tempo a tratar. No essencial, os líderes voltarão a afirmar que existe coesão europeia perante a questão e darão a entender que esperam que as negociações avancem de modo significativo nos dois meses que faltam para terminar o ano.

O sentimento que predomina atira as responsabilidades pelas demoras que o processo negocial tem conhecido para o lado britânico. Para a falta de clareza por parte de Londres.

Essa leitura é útil, na opinião dos líderes europeus, por permitir manter a pressão sobre Teresa May e a sua desconjuntada equipa de ministros.

Haverá, todavia, à volta da mesa de Bruxelas quem olhe para o Brexit como algo que poderá não vir a acontecer. Creio que estão enganados. Não me parece que possível haver um segundo referendo. O ambiente político e mediático que se vive no Reino Unido não o permitiria. Mas poderá, isso sim, concluir-se a negociação com um Brexit de fachada, para inglês ver, como se costuma dizer.

 

Macau e a Europa

http://portugues.tdm.com.mo/radio/play_audio.php?ref=8957

Acima vos deixo o link para os meus comentários desta semana na Rádio Macau sobre a UE.

Abordo o acordo comercial assinado com o Japão, as fricções entre J-C Juncker e o Parlamento Europeu, a presidência da Estónia neste segundo semestre de 2017 e os resultados do G20.

Os comentários da semana na Rádio Macau

Esta semana, os meus comentários para o Magazine Europa da Rádio TDM de Macau centraram-se nas eleições na Holanda, na questão turca, quando vista do nosso lado, na reeleição de Donald Tusk e na saga que está a ser o Brexit.

Sofia de Jesus está como de costume do outro lado da linha e Rui Flores coordena e planifica o esforço comum. Em Macau, este trabalho conjunto é francamente apreciado.

O link do programa de hoje:

Magazine Europa (14 de Março de 2017)

 

Da Europa para Macau

O programa desta semana aborda as questões da presidência do Conselho Europeu, as dimensões de defesa da UE, o Livro Branco apresentado por Jean-Claude Juncker e o papel da Agência para os Direitos Fundamentais.

O Magazine Europa continua a ser bem recebido pelos ouvintes de Macau.

Desta vez, o link é o seguinte:

Magazine Europa (7 de Março de 2017)

Juncker na ordem do dia

Sem ser ingénuo, nem a andar com os olhos fechados, sou dos que pensam que atacar Jean-Claude Juncker, nesta altura de grandes perigos para o projecto comum europeu, é um erro. Antes pelo contrário, é preciso reforçar a sua autoridade, quer no seio do colégio de Comissários quer no seu relacionamento com os governos dos estados membros. A Comissão Europeia tem que reconquistar uma boa parte do prestígio perdido – por culpa, tantas vezes, dos políticos nacionais que escondem a sua inépcia por detrás da Comissão e das gentes que estão em Bruxelas. E essa reconquista deve começar pela maneira como tratamos o Presidente da Comissão.

Objectivo 2017: Combater a extrema-direita

2017: Fazer renascer a esperança

Victor Ângelo

 

Esta é altura do ano ideal para quem vende bolas de cristal. Os políticos, os cronistas, os opinantes de diversos tamanhos, credos e feitios, e mesmo o meu amigo João, que é um doente obsessivo das redes sociais, andam todos a prever as desgraças do novo ano. E o mais interessante é que parece que adquiriram as suas bolas de cristal no mesmo fornecedor, talvez um ousado empreendedor asiático, com loja na zona do Martim Moniz em Lisboa.

Assim, quando olho para a Europa na perspetiva de 2017, sinto que faço parte do clube. Só que a minha bola é outra. Não diz respeito a previsões, mas sim ao que deve ser o foco da política europeia no ano que agora começa. E a resposta é clara: a prioridade absoluta deve ser a de combater a extrema-direita, nas suas diversas manifestações populistas e ultranacionalistas. As demagogias têm vários matizes, nos diferentes Estados da UE. Mas o verdadeiro perigo vem dos extremistas de direita, das novas manifestações de fascismo que se organizaram em movimentos políticos, em países importantes para o futuro da Europa. A luta política em 2017 tem que se concentrar na denúncia desses partidos e dos que ingénua ou propositadamente lhes fazem a cama.

Em França, significa contribuir para a derrota das ambições presidenciais de Marine Le Pen. É na França que encontramos o maior risco e é aí que se deve concentrar uma boa parte do combate político. Nos Países Baixos, trata-se de impedir que o racista Geert Wilders, que irá provavelmente ficar à frente nas eleições legislativas de Março, venha a fazer parte da próxima coligação governamental na Haia. Na Itália, a coisa é mais complicada. Na realidade, o primeiro passo consiste em impossibilitar a vitória eleitoral do Movimento 5 Estrelas. Se isso acontecesse, e como certamente se trataria de uma vitória parcial, insuficiente para que formassem governo sem outros apoios, esses confusos básicos teriam que procurar um acordo com gente próxima, o que significaria muito presumivelmente os fascistas agrupados em torno da Liga Norte. Uma aliança desse género representaria, para além das convulsões internas italianas, uma ameaça muito séria para a estabilidade da UE.

Mais ainda, não convém esquecer o que se passa na Polónia e na Hungria. Os governos destes países são manifestamente de tendência ultraconservadora e perigosamente autoritários. Cabe à opinião pública europeia e às instituições comuns apoiar a luta da maioria da população polaca, que se opõe às medidas reacionárias e liberticidas da minoria no poder em Varsóvia. Como também não podemos baixar os braços perante as derivas xenófobas de Viktor Orbán, o homem forte em Budapeste. Orbán é um mau exemplo, que precisa de ser isolado. E não se trata apenas do seu impacto negativo no funcionamento das instituições e na implementação dos valores europeus. O líder húngaro representa, igualmente, uma ameaça para as relações de boa vizinhança numa parte da Europa que continua a manifestar várias fragilidades sociais e económicas.

A extrema-direita europeia pesca nas águas poluídas pelas verborreias contra a Europa, os imigrantes, as elites de todo o tipo e a falada corrupção dos políticos tradicionais. Alimenta-se da insegurança e dos sentimentos de injustiça, desigualdade e desânimo dos cidadãos e da exaltação simplista e distorcida da história de cada povo. É perita em criar ódios, inimigos e papões, contra os quais haverá, em seguida, que mobilizar as forças patrióticas da nação. É a artimanha que consiste em inventar um inimigo e depois concentrar todo o fogo na sua destruição. Neste momento, o euro, Jean-Claude Juncker e o islão servem bem esse estratagema e são os ogres a abater.

Por comparação, os populistas da extrema-esquerda são uns meros meninos de coro. Na maioria dos casos, não vale a pena perder tempo com eles em 2017. Todavia, há que estar atento. A sua agenda tem pontos que coincidem com os dos fascistas. E nessa altura, há que ser franco e chamar as coisas pelos nomes. Sem hesitações, sem medos, com argúcia e uma agenda que crie esperança no futuro. Na verdade, na Europa de 2017 estão em causa a democracia e a prosperidade de todos nós.

 

(Texto que hoje publico na Visão on line)

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