Este é o link para o texto que publiquei na sexta-feira no Diário de Notícias.
Cito umas linhas dos texto: "Já Putin e Kim não precisam de falar do seu futuro político. Estão convencidos que têm impérios para mil anos. Em Vostochny falaram sobretudo da cooperação militar. A Rússia pode ajudar nas áreas do nuclear e da conquista do espaço, que são duas obsessões de Kim. E a Coreia do Norte pode fornecer munições, obuses e outras peças de artilharia, embora os russos hesitem quanto à precisão desse material. Mas o encontro tinha sobretudo várias dimensões políticas: mostrar que a Rússia e a Coreia do Norte se podem entender sozinhas, sem a intermediação da China, de quem não querem ser vassalos; que a Rússia poderá estar pronta a vetar, no Conselho de Segurança da ONU, qualquer renovação das sanções contra Pyongyang, quebrando assim a unanimidade que tem existido entre os membros permanentes, a não ser que os países ocidentais adotem uma postura mais branda no seu relacionamento com Moscovo; e finalmente, os russos querem assinalar que a sua escalada do conflito com o Ocidente pode levá-los a incitar Kim Jong Un a cometer uma loucura bélica na sua parte do mundo. Isso levaria os EUA a virar toda a sua atenção para o nordeste da Ásia, deixando a Ucrânia para trás, em termos de apoio."
No meu entender, seria errado ver o encontro entre o Presidente dos Estados Unidos e o Líder da Coreia do Norte através do prisma do cinismo. Haverá quem o faça, é óbvio. Eu, não.
Numa altura de grandes tensões internacionais, olhar para o que se passou hoje na Zona Desmilitarizada e não ver nada de promissor no acontecimento, não me parece adequado. Não é uma questão de se ser, ou não, ingénuo. Temos na Península da Coreia uma das situações mais explosivas, de entre as que se observam em vários pontos do mapa-múndi. A resolução desse conflito não se fará por vias tradicionais, tendo em conta as personalidades dos actores principais e a complexidade da questão.
Encontros como o de hoje podem ajudar imenso. Sobretudo tendo presente a maneira de fazer política de Donald Trump e de Kim Jong-Un. Neste tipo de crises, tudo depende deles, da seu orgulho e empenho pessoal. A imagem conta enormemente.
Não será todos os dias que o direi, mas hoje o Presidente dos Estados Unidos surpreendeu pela positiva.
Este é o link para o texto que hoje publico na Visão on line.
Escrevo sobre a eleição presidencial, a da França, primeiro. Depois, sobre a que terá lugar na Coreia do Sul, passados dois dias. E claro, sobre o tratamento a dar a Kim Jong Un, o ditador do Norte.
A matilha voltou novamente a devorar a credibilidade da comunicação social. É um espectáculo triste, que traduz bem a qualidade das decisões tomadas pelos editores de jornais e imprensa considerados sérios. E, quando foi repetida e ampliada nas redes sociais, mostrou de novo a ingenuidade que povoa esses meios de comunicação.
Tudo começou pela publicação, num jornal de Hong Kong que é lido pelos feirantes de rua locais, enquanto esperam pelos clientes – um pasquim que passa o tempo a inventar historietas de face e alguidar e outras coisas fantásticas, quando não está ocupado a vangloriar as políticas do Partido Comunista Chinês, um partido que retribui esse serviço com um apreço zero pelo jornal em questão. Um dez dias mais tarde, na altura do Natal, quando muitos jornalistas estão de férias e é preciso encher as páginas com qualquer coisa, um jornal mais conceituado, creio que de Singapura, pegou na invenção produzida em Hong Kong e deu-lhe uma pincelada de profissionalismo.
A partir daí, a “notícia” correu meio mundo e ganhou estatuto. Incluindo na imprensa portuguesa de referência. Chegou-se ao pormenor de dizer que eram 120 mastins, veja-se bem, 120, uma multidão fora do senso destas coisas, o que significa que cerca de 110 não comeram nada e ter-se-ão devorado uns aos outros.
Tudo isto, uma idiotice a acrescentar à loucura de sobrinho assassino, que despachou o tio à boa maneira das ditaduras militares, frente a um pelotão de fuzilamento. Como é do conhecimento de certas embaixadas, “geralmente bem informadas”.
Quem não anda bem informado é que depende apenas de alguma comunicação social.