Putin e o seu pôr-do-sol. Já disse numa estação televisiva que um ditador que não reprime severamente quem se lhe opõe está a caminhar para a porta de saída, para a deposição ou coisa semelhante.
Neste momento, a imagem que nos chega do Kremlin chama-se confusão. Prigozhin anda por onde quer e lhe apetece. Não se entende que planos tem, mas que faz o quer, isso faz. O general Gerassimov sai, mas continua. Medvedev está cada vez mais mal-educado e escreve o que lhe passa pela cabeça, com uns copitos de vodka a ajudar ou talvez não. Escreve ameaças e asneiras.
Um cadáver político ronda os corredores do Kremlin, diriam alguns. Alimenta-se de amargura, narcisismo, ambição e insegurança pessoal.
Dmitry Medvedev escreve como um carroceiro do Século XIX. No seu longo twitter de hoje, chama velho demente a Joe Biden e aproveita as frases de Trump para atacar o presidente dos EUA. Nem originalidade tem, o miserável Dmitry. Repete as asneiras que ouve dizer à sua volta.
Recentemente, o mesmo Medvedev escrevera um texto absolutamente primário sobre o declínio do Ocidente.
O fulano está a tentar colocar-se na linha da frente, no que respeita à sucessão de Vladimir Putin. Mas o primitivismo do que diz e escreve não lhe deixa muitas hipóteses. Na Rússia exitem políticos de uma craveira que se situa muito acima do carroceiro.
Prigozhin na Bielorrússia. Prigozhin em S. Petersburgo. Prigozhin a caminho de África. Progozhin não se sabe onde. E assim sucessivamente. Uma excelente ilustração da fragilidade do poder que reside hoje no Kremlin. Uma demonstração da fragmentação no topo da pirâmide. Uma interrogação sobre que futuro terá Vladimir Putin.
Amanhã, 3 de julho, um grupo de antigos funcionários seniores da ONU, vai lançar um apelo ao Secretário-Geral António Guterres, para que conjuntamente com Rafael Grossi, o Director-Geral da Agência Internacional da Energia Atómica (IAEA), se dirijam urgentemente ao Conselho de Segurança, sobre o complexo nuclear de Zaporijia.
A intenção é a de propor um acréscimo significativo do número de inspectores/observadores internacionais, a quem deverá ser dado acesso absoluto a todas as partes da central, de modo a garantir que esta não sirva nem possa ser utilizada para objectivos militares e a sua gestão seja mantida num quadro inteiramente civil, segundo as regras de gestão de uma infraestrutura de energia atómica. Essa missão alargada deveria ter o apoio e a cobertura política do Conselho de Segurança. Teria igualmente a possibilidade de verificar que não acontecerão operações militares num raio de vários quilómetros. A sua composição deveria ser fundamentalmente constituída por técnicos de países exteriores ao contexto da guerra em curso.
Este apelo tem como ponto de partida os perigos que existem ou que podem ser criados a partir da central. Tem igualmente em linha de conta a decisão russa de fazer evacuar todo o pessoal civil e militar da central, a partir de 5 de julho.
As autoridades de Kyiv e de Moscovo foram informadas do conteúdo do apelo que será enviado ao SG/ONU.
O desfile militar que hoje teve lugar em Moscovo permite várias conclusões sobre o estado do país e a sua política actual. É um manancial de informação para os analistas políticos e de segurança. Em resumo, mostra que existe uma crise maior do que aquela que se pensava existir.