O modelo austríaco: será?
Na Áustria, ontem foi dia de eleições legislativas. Parece-me oportuno fazer dois ou três comentários sobre o assunto.
Primeiro, a maneira como decorreu a campanha eleitoral demonstrou-nos que colocar o enfoque num tema central e depois, repeti-lo a torto e a direito, é uma técnica que dá resultados. Trata-se de escolher uma questão que toque numa boa parte do eleitorado. De seguida, faz-se bandeira do tema, exagera-se a sua importância e batalha-se por ele até ao fim. Cria-se um papão e depois ataca-se incansavelmente o perigo assim inventado.
Segundo, ficou claro que a política da repulsa, da negação do outro, da desumanização de uma certa categoria de pessoas, produz melhores resultados do que um programa político que procure combater as desigualdades e que assente nos pilares tradicionais da boa governação.
Terceiro, uma campanha que promoveu o nacionalismo primário, a xenofobia, que se baseou na promoção da personalidade do líder do partido, e nos ataques pessoais, num vale tudo menos tirar olhos, faz pensar que estamos perante um novo modelo de fazer política eleitoral. Um modelo que pegou, na Áustria, e que irá provavelmente pegar noutros sítios.
E já agora, vamos ver o que acontecerá em termos da formação da coligação governativa.