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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Os negócios dos partidos

Vossas Excelências propõem a criação de um “Banco de Fomento”? Do tipo Caixa Geral de Depósitos, para financiar projectos sem asas nem hipóteses de serem rentáveis? Projectos dos amigos do partido e das cliques que vos rodeiam, como foi o hábito nos últimos vinte anos, em relação aos vários partidos de governo?

 

Projectos nos quais o sector privado não quer arriscar o seu próprio capital? Projectos que não conseguem financiamento nos mercados, por serem ideias coxas?

 

Disseram “Banco de Fomento”? Numa altura em que o imperativo é reduzir o número de bancos? E tirar o Estado dos negócios, que devem ser a responsabilidade do sector privado, nos momentos de ganho e também nos de perdas?

 

E o capital para constituir esse “Banco” virá donde? Dos impostos? De obrigações públicas?

 

Não acham que é uma ideia de outros tempos, quando o Estado era considerado um actor metido em negócios? Não se tratará de uma visão virada para trás e não para o futuro?

 

Quem vos anda a meter estas coisas na tola? 

É para cumprir, claro que é!

O Partido Socialista voltou a afirmar, hoje, que o acordo de estabilização financeira assinado, no ano passado, com a "troika" é para cumprir. 

 

Pareceu-me prudente que o tivesse feito. 

 

É verdade que precisamos de políticas económicas que promovam o crescimento e o emprego. Que precisamos de atrair mais investimento estrangeiro. Mas é igualmente verdade que sem os empréstimos actuais, no quadro do programa da "troika", as finanças públicas entrariam em bancarrota. E tudo iria por água abaixo.

 

Curiosamente, o meu texto desta semana, na revista Visão, debruça-se sobre uma "esquerda" que ainda não percebeu que a Europa do passado não tem futuro. O objectivo não deve ser o de voltar atrás. O mundo mudou, meus senhores e minhas senhoras. O objectivo da Esquerda deve ser o de preparar o futuro, tendo em conta a globalização dos mercados e a nova relação de forças que se estabeleceu na arena internacional. 

Via complicada

Vir a Portugal de carro, para um turista estrangeiro, tem logo à partida a questão da distância. É um sério desincentivo. O nosso país fica longe dos principais mercados de turismo por via rodoviária.  

 

Agora, há mais. Com as portagens electrónicas, surge um novo obstáculo. Quem entrar por Vilar Formoso, ou pela Via do Infante, terá que pagar 20 euros para adquirir uma vinheta válida por 3 dias. Ou seja, pagará uma taxa bem cara. Na Suíça paga-se 35 Euros por 12 meses. 

 

Outra hipótese, inventada pela Via Verde, é o sistema Visitor. O aluguer do aparelho é de 6 euros na primeira semana, mais 1,5 euros por cada semana seguinte. Mais as portagens, claro. Ter-se-á, ainda, que pagar uma caução de 27,50 euros, à cabeça, o que não faz sentido, pois o aparelho está caucionado pelo cartão de crédito do utente. 

 

Muitos desistirão de entrar em território nacional. A economia do turismo sairá a perder. 

 

Não haverá ninguém, no governo, que pense nestas coisas um pouco mais a sério?

Risco bancário

Dizia-se hoje, baixinho, discretamente, para que não fosse muito ouvido, que um dos nossos grandes bancos portugueses estava a negociar com um dos antigos presidentes do seu Conselho de Administração, para que o homem aceitasse uma redução na sua pensão vitalícia.

 

O fulano tinha estado à cabeça do banco - uma cabeça estranha que ele tem, cheia de ideias que não lembram nem ao Diabo - durante uns anitos. Saiu com uma reforma mensal de 40 mil euros. Sim, 40 mil. O banco em questão quer agora reduzir esse valor, cortar 10%. Ou seja, o pensionista, que tem à volta de 50 anos de idade, passaria a receber apenas 36 mil por mês.

 

Pensei que um banco que paga esse tipo de pensões deverá ter outros gastos igualmente exorbitantes. Conta minha, numa casa dessas, nem pensar. Nem aconselho ninguém a trabalhar com um banco assim.

 

 

Tranquilamente para a ruína

O Conselho Europeu de fim de ano terminou esta tarde. Desde então, o Euro perdeu valor. Apesar da aprovação do mecanismo financeiro de estabilização do Euro, de que os países fogem como o Diabo da cruz, ninguém quer ser visto a bater a essa porta, e também apesar da encenação da reunião do Conselho ter sido preparada para dar uma aparência de calma e unidade de propósito, ao nível dos líderes.

 

Entretanto, o BCE continua a ser a única tábua de salvação de certas economias. Na  semana passada, o Banco adquiriu 2.67 mil milhões de Euros de papéis públicos e de obrigações do tesouro da Irlanda e de Portugal. Este tipo de intervenção não é sustentável, a prazo. É uma medida de curtissimo prazo, que apenas serve para adiar os problemas.

 

Nos mercados, a Irlanda atingiu a casa dos 8.3% e Portugal viu a sua taxa de juros andar pelos 6,47%. Em ambos os casos, tratam-se de valores insuportáveis para essas economias. Mais tarde ou mais cedo, vai haver gente chamuscada.

 

Mas, está tudo sob controlo, dizem-nos, na frente ocidental.

 

Ou seja, vamos para férias de Natal tranquilos, embora sem nada resolvido.

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