Três comentários breves, por não haver tempo para mais. Mas terei de voltar a estes assuntos.
Primeiro: A nossa elite política, nos partidos e na comunicação social, não aceita ser contestada. É uma elite de aldeia. Vive em círculos fechados e não admite estranhos. Só as estrelas da aldeia é que têm direito à voz pública.
Segundo: Ter qualidades de liderança, como Zelensky e muitos outros o mostram ou já mostraram, é saber obter resultados com meios reduzidos. Não passa pelo uso dos galões, estatutos, nem por invocações tolas e burocráticas de regras que não podem ser aplicadas. Quando se quer que o sistema funcione, cria-se primeiro as condições necessárias.
Terceiro: O servilismo de certos órgãos da comunicação social em relação a um pardal não chega para o transformar numa águia real. Mostra, simplesmente, um nível de subserviência que roça a saloiice.
Vários média russos estão proibidos de emitir no espaço da União Europeia. A primeira lista foi aprovada em março de 2022 e a lista complementar em junho. Os média interditados eram meras fontes de mentira e propaganda da Federação Russa. Alguns deles são dirigidos por intelectuais profundamente antiocidentais, que não perdem uma oportunidade para atacar a União Europeia, à base de falsidades inventadas nos círculos do poder em Moscovo. Fazem-no com grande habilidade, o que os torna verdadeiramente perigosos, em especial numa altura em que o Kremlin lançou uma campanha bélica contra a Ucrânia e pretende destruir a UE.
Fechar esses instrumentos de propaganda não é um acto de censura. Faz parte do conflito. Os europeus sabem fazer a diferença entre a verdade e a mentira. Mas nem sempre é fácil. Nem todos têm a preparação diplomática, os conhecimentos académicos ou a informação necessária para fazer o trio. Por isso, os dirigentes europeus aprovaram essas medidas de proibição.
Um ou outro intelectual comentador na comunicação social critica essas decisões. Na minha opinião, ainda não perceberam em que tipo de conflito estamos metidos, a força e o perigo que o inimigo representa. Devem pensar que todos têm a alta capacidade de discernir que o a sorte lhes deu. Ora, não é assim.
Devo ser dos poucos residentes em Portugal que nunca vê um telejornal. Nem à hora do almoço nem ao jantar. Alguns pensarão que é por falta de patriotismo, depois de quarenta e dois anos de ausência do país. A verdade é que considero errado o formato que os telejornais seguem. São demasiado longos, repetitivos e muito pouco completos, no que respeita ao panorama que deveriam dar sobre os acontecimentos que passam. Claro que se trata de opinião pessoal. Cada um terá a sua.
Pensei nisto ao ler no Público uma Carta Aberta dirigida às televisões generalistas. A carta levanta algumas questões sobre o estilo de jornalismo televisivo que se faz. É um ponto positivo, uma questão pertinente. Mas a carta perde força quando parece querer, acima de tudo, atacar os que, nas televisões, atacam ou interrogam com demasiada vitalidade o governo. Claro que está no direito dos autores da missiva defender a acção governativa. Mas se o ponto principal era o de contribuir para uma informação televisiva de melhor qualidade, o aparente alinhamento partidário dos signatários tem um efeito contraproducente. E os opositores à carta não deixam escapar essa fraqueza.