No nosso caso, a regionalização só se justifica no que respeita aos Açores e à Madeira. E essa, está basicamente feita. Ambos os arquipélagos têm um nível de autonomia política e administrativamente aceitável.
Quanto ao Continente, a posição deve ser não. Regionalização, não! Regionalizar, no espaço que é o nosso, é apenas um truque para satisfazer as clientelas políticas locais e, também, os o querem viver à custa dos dinheiros públicos. Um truque caro, ainda por cima.
O que precisamos é de modernizar a administração pública, descentralizar serviços e delegar funções para o poder local. Por outras palavras, trata-se de simplificar, desburocratizar e de partilhar, de uma outra maneira, a responsabilidade por certas funções administrativas.
Também precisaríamos, isso sim, de um exercício independente de avaliação das despesas e custos dos serviços públicos, de modo a racionalizar o que o puder ser – há muita duplicação e muita tarefa difícil de justificar – e a poupar recursos.
Nesses casos, aí sim, estaríamos a agir de modo estratégico. Mas, onde estão os líderes capazes de lutar por estas coisas?
Seria importante que uma das próximas cimeiras entre Portugal e Espanha tivesse lugar na Madeira e que incluísse um passeio ecológico às Ilhas Selvagens.
Afirmar a soberania portuguesa sobre o arquipélago das Selvagens e o mar circundante é fundamental para os nossos interesses nacionais. A visita do Presidente da República a essa parte remota do território de Portugal deve ser vista sob essa perspectiva.
A deslocação tem também o mérito de nos lembrar que somos acima de tudo uma nação com vocação marítima. Mas, ao mesmo tempo, faz-nos ver que não temos dado atenção suficiente à nossa presença no Atlântico Norte. Ou seja, não temos sabido ligar a Madeira e os Açores, de modo mais estreito, aos nossos interesses estratégicos e ao resto do território nacional. Nem temos investido suficiente na marinha nacional, no patrulhamento naval, no exercício da nossa soberania sobre o espaço marítimo.
A semana que se avizinha vai revelar, infelizmente, que a Europa não está pronta para o segundo pacote grego. O dinheiro não será desbloqueado. Mostrará, infelizmente também, que a Grécia não quer reconhecer que vive num beco sem saída.
O que sempre fora evidente vai agora entrar-nos pelos olhos dentro: a Grécia não reune as condições políticas necessárias para levar a cabo as reformas que lhe são exigidas - e que são indispensáveis, tendo em conta o ponto a que a situação chegou. E a UE também não tem as condições políticas para executar o que prometera fazer a 21 de Julho.
Estamos nas vésperas de um choque entre duas placas telúricas profundas que vão alterar profundamente a paisagem política e financeira da Europa. A Grécia não tem mais opções: quer o faça quer não, a miséria generalizada do seu povo é inevitável. Só que, se o fizer, se cumprir o programa, ficará no Euro, e talvez consiga, num horizonte distante, voltar a recuperar economicamente. A UE ainda tem uma opção: chegar a um acordo, nos próximos dias, e dar mais um balão de oxigénio ao povo grego. Não creio que isso venha a acontecer. Até por que muitos se interrogam sobre a utilidade desse balão.
Portugal tem que aprender com a experiência dos outros. Claramente, a lição vinda da Grécia é que ninguém ajuda ninguém, a não ser que nos ajudemos a nós próprios primeiro. Convém ter isso presente. E não deixar que o caso da Madeira, por exemplo, ponha em dúvida a nossa determinação em sairmos do buraco. Um tratamento exemplar das irregularidades do governo regional é, agora, uma componente essencial da nossa salvação nacional.
O senhor Alberto proferiu umas ameaças, do género, "se nos continuam a chatear, com essas ninharias de uns dinheiros gastos sem cabimento nem autorização, cada lado vai à sua vida, separa-se a trouxa".
O Senhor Alberto ainda não percebeu que a conversa de uma possível independência não aquece nem arrefece, nem lá nem cá. São ameaças vazias, de um irresponsável que não vê dois palmos para além das suas conveniências pessoais. E a sua conveniência mais pessoal é a de estar no centro das atenções e nos veludos do poder.
O último dia de Agosto fica marcado por um tempo de inverno e mais austeridade. Chuva e novas cargas fiscais, numa altura em que se esperava Sol e um plano que trouxesse alguma esperança aos portugueses.
Sem esquecer que o ministro e o seu chefe continuam a não dizer nada que se oiça sobre o escândalo que é o governo da Madeira.
Uma vez mais, ninguém tem a coragem política de olhar para as muito sérias irregularidades que se praticam na governação da responsabilidade de Alberto João Jardim. O ministro volta, novamente, a "aconselhar" o Alberto João a pensar num programa de ajustamento, com o FMI, como se a Madeira fosse um estado vizinho, ao qual se daria uma conselho de boa vizinhança. E nada mais.
Só há uma palavra para resumir tudo isto: inaceitável.
Tem que haver uma onda de fundo, de solidariedade nacional, para ajudar a Madeira. Os Portugueses têm que se mobilizar e mostrar que, nos momentos de grandes desafios, somos todos um só povo, uma nação unida pela dor e pela esperança.
Que a Madeira seja o estandarte do que há de melhor no coração do nosso País.