N'Djaména está transformada, nos bairros pobres, num pântano. Tem chovido e as águas ficam paradas, em milhares poças gigantescas. Parecem pequenas imitações do Lago Chade. É verdade que o lago já chegou, há muitos anos, a cobrir estas terras onde hoje se afoga a cidade.
Na política portuguesa, continua a pré-campanha. Chovem acusações de todo o tipo. A sociedade está alagada. Há muitos pântanos. Onde as ideias não conseguem germinar.
A selecção de candidatos a deputados, por parte do PSD, destabilizou certas direcções distritais importantes, a começar por Lisboa.
O partido sai mais centralizado, e também mais fraco e mais distante das bases, após este exercício. A Velha Senhora rodeou-se de uma clientela, não de um conjunto de deputados. Enviou ao mesmo tempo uma mensagem forte: quem manda.
É uma tentação autoritária, em que o poder é praticado com base na subordinação e recompensa, não nas qualidades e no mérito. Se a senhora vier a ser governo, já sabemos com que contar.
O Banco Português de Negócios (BPN) , negócios legalmente obtusos e fechados em gabinetes fora das vistas, forrados com madeiras preciosas, surgiu no seguimento do fim do Cavaquismo, na segunda metade dos anos noventa.
Desde o início que apareceu ligado e próximo de certos quadros dirigentes do PSD. O homem forte do banco, o agora detido Oliveira e Costa, fora um senhor nas finanças do ministério e um homem de confiança do então primeiro dos ministros, Cavaco Silva.
Por detrás do painel da frente, neste banco de aparências e de colarinhos brancos, estaria um cavalheiro público bem mais inteligente, que hoje é, ainda, Conselheiro de Estado do Senhor Presidente.
Talvez tudo isto explique um certo mal-estar que se passeia agora pela Lapa, como fantasmas à volta da Velha Senhora Sem Jeito Para Estas Coisas. Um incómodo. A política é de facto mais fácil quando se suspende a democracia.
E o maroto do Portas, o Paulinho Mal-humorado e de dedo terrivelmente ameaçador, a espreitar a oportunidade, que ele vive dos restos mortais do PSD. Uma verdadeira ave da família muito variada e ilustre dos abutres. Pediu logo um inquérito ao pobre, porque falido, do BPN.
A extraordinária reflexão da presidente do PSD, que se interrogou sobre se não seria vantajoso suspender a democracia por seis meses, faz-me pensar que a confusão que existe em certas cabeças dirigentes é bem maior do que muitos imaginavam.
Na Convenção Democrática, um discurso que apoia sem reservas o candidato presidencial do Partido, um discurso com sentido patriótico e que fala directamente às pessoas, com base em casos concretos, vividos por muitos, sem ambiguidades, sem baixezas, sem ataques pessoais, nem contra os do seu campo, nem contra o candidato Republicano.
Deveria servir de exemplo a certos senhores amargurados do PSD, por exemplo.