Estou, pela primeira vez, no Terminal 5 de Heathrow. É um terminal gigantesco, altamente moderno, virado para o futuro, num aeroporto que já era enorme sem este acrescente. É um investimento a longo prazo.
O nosso pobre debate sobre Alcochete parece tão ridículo, quando um coxo intelectual como eu se tem que arrastar no sem fim de facilidades que é o terminal 5. Talvez fosse uma boa ideia pedir aos Britânicos que organizem uma visita guiada para os nossos pobres políticos portugueses. Só para lhes permitir abrir os olhos. Depois, poderão voltar para as guerras de Alcochete e da borda-d'água, que é etiqueta preferida dos nossos amigos do clube das vistas curtas.
A verdade e' que a história económica revela que os grandes projectos de infra-estrutura têm sempre um efeito multiplicador, se forem administrados como devem ser.
Se os custos forem controlados, se as medidas de acompanhamento e apoio aos sectores produtivos e dos serviços, na área de influência dos projectos, forem devidamente tomadas, se uma boa parte dos componentes tiverem origem nacional, se salvaguardar o emprego dos portugueses, se do projecto resultar um melhor ordenamento do território, se tudo isto for tido em conta, então vale a pena avançar com as grandes obras.
Hoje, um dos grandes problemas dos Estados Unidos e' que muita da infra-estrutura está velha e saturada. Faltaram os investimentos públicos.
Um senão, quando se trata de grandes projectos de construção civil, tem que ver com a atracção que exercem em termos da emigração não qualificada. Em muitos casos, os empregos directos que são criados acabam por ser ocupados por novas vagas de emigrantes sem qualificação profissional. Há que evitar este tipo de situação, no Portugal de hoje e do futuro.